23 de dezembro de 2024
Brasil

Kátia Abreu cumpriu funções, mas também deu dor de cabeça a Ciro

Ciro Gomes e Kátia Abreu. (Foto: Reprodução/Facebook)
Ciro Gomes e Kátia Abreu. (Foto: Reprodução/Facebook)

Kátia Abreu chegou em agosto à chapa de Ciro Gomes, seu colega de PDT, depois de frustradas outras tentativas de aliança. Quando ele se viu coligado só com o Avante, a solução caseira para a vaga de vice pareceu a mais viável.

A senadora foi entronizada no posto com as credenciais de quem iria fazer a ponte de Ciro com o agronegócio (ela foi ministra da Agricultura no governo Dilma), ajudar na aproximação com empresários e ainda atenuar a pecha de machista atribuída a ele.

Apesar de se portar como aliada fiel e defensora aguerrida do candidato, gerou também certas dores de cabeça.

Causou ruído ao dizer haver “um mito” de que o pedetista é contra a reforma trabalhista aprovada em julho de 2017. Ciro a desmentiu no dia seguinte e reiterou a promessa de revogar a nova legislação.

Novo mal-entendido veio após entrevista de Kátia à Folha de S.Paulo na qual defendeu a facilitação do porte de armas diante do atual cenário de violência, sobretudo no campo. O titular falou que tem posições diferentes e que a vice não precisa pensar igual ao candidato.

A senadora teve também que se explicar quando foram descobertas postagens antigas em redes sociais nas quais cobrava a defesa dos direitos humanos a “brasileiros brancos” e defendia que os livros didáticos não podem ser “panfleto das ideias” do PT.

E o esperado diálogo da vice com os ruralistas não fluiu tão bem quanto o esperado. O diagnóstico foi o de que as relações dela com o setor se desgastaram por causa de seu apoio a Dilma Rousseff (PT) durante o impeachment.

O agronegócio acabou embarcando em peso na campanha de Jair Bolsonaro (PSL).

Com mandato no Senado até 2023, Kátia foi parar na corrida ao Planalto depois de ficar em quarto lugar na eleição suplementar para o governo do Tocantins, em junho. Expulsa do MDB pelo apoio a Dilma, se filiou ao PDT neste ano.

A vice já disse que, caso Ciro fique fora do segundo turno, ela não apoiará Fernando Haddad. A associação ao PT já a prejudicou na eleição suplementar. Ela estava liderando as pesquisas e despencou após carta de Lula, da prisão, recomendando o voto nela.

Problemas à parte, a senadora cumpriu na campanha do PDT as funções para as quais foi escalada. Engrossou os ataques a Bolsonaro e participou do ato #EleNão, contra o capitão reformado.

Viajou pelo país, foi a sabatinas e encontros com o setor financeiro, tentou quebrar o gelo com eleitores mais à esquerda que guardam na memória a premiação dela com o Motosserra de Ouro, o troféu-protesto do Greenpeace.

No território virtual, juntou-se aos esforços de Ciro para se aproximar do eleitorado jovem via redes sociais.

Fez troça, no início da campanha, com o excesso de Photoshop na imagem oficial da chapa. “Kkkk o povo é demais. Kkk”, escreveu. Disse concordar com as críticas e reproduziu montagens –numa delas, aparecia com o rosto da cantora drag queen Pabllo Vittar. (Folhapress) 

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