Ato majoritariamente marcado pela presença de estudantes, jovens trabalhadores, professores e profissionais liberais é marcado por palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro, o governador Ronaldo Caiado e em defesa da Amazônia, Cerrado e contra os projetos de privatização da água e de desmonte dos órgãos fiscalizadores do meio ambiente, da agricultura familiar e de proteção aos indígenas como Ibama, ICMBio, Incra, Embrapa, Funai e Cohab.
A juventude deu o recado em Goiânia. Com cartazes confeccionados à mão, palavras de ordem e discursos, moças e rapazes fizeram um abraço simbólico no Parque Vaca Brava para protestar contra a política do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de destruição da Amazônia e do meio ambiente. Aos gritos de “Bolsonaro, sem Amazônia ninguém respira”, “Bolsonaro fica calado e viva os povos do cerrado”, ou o tradiconal, “Ei Bolsonaro, vai tomar no c…”, a juventude tomou conta do parque que nas eleições de 2018 era ponto de encontro de bolsonaristas, e que também foi o local onde se reuniam os segmentos favoráveis ao impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT).
Os organizadores procuraram dar um cunho apartidário para o evento, que teve mais falas de estudantes do que lideranças políticas. Paraense, neto de pescadores, o estudante identificado como “Ed” disse que “é pelo amor que o país vai consertar os erros do presidente Bolsonaro”. Segundo ele, “é preciso amar a natureza, amar o Brasil, amar a juventude e os idosos, pois todos precisam da natureza. Não podemos privatizar a água, as matas e os rios que são bens que servem a toda a humanidade”, ensina.
Servidor publico da universidade federal, que não quiz se identificar por medo de represálias, disse que funcionários do Ibama, ICMBio e de outros órgãos públicos estão sofrendo constrangimento moral no atual governo. “Acabaram com o ministério do Desenvolvimento Agrário, reduziram a Conab, o Incra e tudo que se refere a agricultura familiar. Puseram fim ao programa de compra de alimentos, porque este governo só tem olhos para o latifúndio”, critica.
Militante do movimento LGBT, o policial rodoviário federal Fabrício Rosa disse que o movimento em defesa do meio ambiente, assim como outras causas como os direitos das pessoas LGBT também devem ser abraçadas como causas dos direitos humanos. Um militante do movimento Vem Pra Rua estava inscrito para falar, e antes de fazer uso do microfone foi interpelado por Rosa: “Vocês que apoiaram a eleição de Bolsonaro devem ter a consciência de que também estão com as mãos sujas de sangue dos jovens negros mortos em ações policiais, dos travestis massacrados nas grandes cidades e dos animais e árvores carbonizados pela sanha dos ruralistas que também apoiaram Bolsonaro. Façam a mea-culpa, e venham para a rua para rejeitar e tirar do poder este presidente que defende o necro-poder, ou seja, o poder da morte, do extermínio, que é típico dos fascistas e autoritários”, desabafou.
Ato pluripartidário
Lideranças políticas de diversos partidos compareceram ao protesto. A ex-deputada federal e ex-secretária de Educação, Raquel Teixeira (PSDB) salientou dedidicou a vida em defesa da educação, e que aos 72 anos quer o Brasil democrático e com sustentabilidade para que as próximas gerações tenham liberdade e qualidade de vida.
Ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson (PT) saudou a juventude presente e lembrou que no próximo dia 28 deste mês o país comemora os 40 anos da Anistia. “Vamos comemorar a vida, lutar pela Amazônia, pelos Cerrado, pela Caatinga e pela vida de nossos índios, quilombolas e para que o Brasil seja um país de todos, e não apenas dos grandes grupos financeiros que tratam meio ambiente como lucro, desrespeitando vidas e tradições”, protestou.
Fundador do Partido Verde e da Arca, Everaldo Pastore acompanhou o protesto, assim como o engenheiro Martiniano Cavalcante, fundador do PSOL e da Rede. A ex-deputada federal Marina Sant´Anna (PT), o ex-deputado estadual Denise Carvalho (PC do B) e o ex-ministro Olavo Noleto acompanharam o movimento.
Críticas a Caiado
Estudantes e lideranças da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e da UNE (União Nacional dos Estudantes) criticaram duramente os cortes na Educação e nos recursos dos órgãos ambientais feitos pelo presidente Jair Bolsonaro. O governador Ronaldo Caiado (DEM) também não foi poupado. Alunos de várias instituições de ensino, inclusive de colégios militares, denunciaram que foram recebidos com gás de pimenta quando fizeram ato contra as queimadas na Praça Cívica, na tarde de sexta-feira.
“Eramos poucos estudantes, com alunos de escolas estaduais, privadas e faculdades, e resolvemos fazer um ato no Monumento das Três Raças, denunciado o ecocídio, as plantas e animais mortos pelas queimadas quando um policial militar se aproximou e sem dizer nada lançou gás contra todos nós. Acho isto um absurdo pois o direito de manifestação é livre e nenhum governo tem direito a reprimir quem está ali defendendo a vida”, enfatiza Felipe, estudante da rede estadual de ensino.
Kátia Ferreira lembra que “Caiado sempre foi ruralista e são os ruralistas que estão por trás das queimadas na Amazônia”, frisa. “Os ruralistas acabaram com o Cerrado e agora querem acabar com a Amazônia para fazer pasto. Caiado, fica experto que o povo está de olho”, advertiu o estudante Nathan Costa.
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