A Justiça Eleitoral, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e com o Ministério Público de Goiás (MPGO), lançou nesta sexta-feira (16), a ferramenta GuaIA, que será usada para analisar publicações na internet e redes sociais, além de vídeos e áudios que possam ter sido manipulados com o intuito de gerar notícias distorcidas e enganosas sobre processo eleitoral. Inicialmente, a plataforma será de uso exclusivo do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e do Ministério Público Eleitoral (MPE).
O custo do investimento na plataforma foi de cerca de R$ 1 milhão. De acordo com o chefe do departamento de informática da UFG, Eliomar Lima, o projeto piloto, disponibilizado apenas para uso da Justiça Eleitoral de Goiás, poderá ser extendido para todo Brasil na eleição de 2026. “Isso vai ser usado inicialmente pelos magistrados aqui do TRE, de segundo grau e, posteriormente, ele vai ser expandido então para a justiça de primeiro grau e, em algum momento, a população também vai ter acesso”, destaca.
Pioneira nas eleições
Eliomar explica como o aplicativo funcionará. “Uma vez que é detectada então uma notícia suspeita, ela vai passar por um processo de análise automatizado, por meio do uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA), consequentemente vai gerar um resultado. Esse resultado é um score, que pode variar aí de 0 a 100%, quanto mais próximo de 100% significa que há uma grande probabilidade de ser uma fake news ou conteúdo distorcido”, detalha o professor da UFG.
Diferente de outras plataformas, ela será usada de forma interna pelo Ministério Público, juízes e funcionários do TRE. Cada postagem com conteúdo suspeito será avaliado pela IA. A partir disso, será feita uma perícia do resultado e, após, encaminhada para o juiz de cada caso para tomada de decisões.
De acordo com o especialista, em breve, será disponibilizado um site para que a população auxilie no processo enviando denúncias de conteúdos distorcidos para análise na ferramenta. “Nós temos uma página do projeto que está hospedada na UFG, em breve nós vamos disponibilizar um link para que as pessoas que identificarem algum conteúdo suspeito possam submeter aquele conteúdo por meio desse site e, a partir daí, deve ser feita análise disponibilizada para os magistrados”, completa.
Segundo ele, se acontecer no Brasil o mesmo que na eleição passada na Argentina, o Tik Tok deve ser a rede mais usada para disseminação do que ele chama de “conteúdo distorcido”, ou fake news. “O TikTok é um fenômeno, assim como essas redes sociais, aqui no Brasil mesmo, é a rede que mais vem crescendo nesse último ano, nesses últimos meses. Ele tem uma adesão muito grande, dos jovens principalmente, e na Argentina foi um fenômeno, foi onde mais se teve esse tipo de ação delituosa”, detalha o especialista.
Modernidade e inovação
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO), desembargador Luiz Cláudio Veiga Braga falou com orgulho da execução do projeto, pois põe a Justiça Eleitoral de Goiás na vanguarda da tecnologia e da inovação. “Nós estamos na ponta, porque alguns tribunais já implantaram a ferramenta, mas ou elas identificam fake de textos, ou a outra identifica fake em áudios. A nossa é completa, porque identifica texto, áudio, imagem, enfim, é o que tem de mais moderno e de ponta na atualidade”, elucida Braga.
Por fim, o presidente do TRE destaca que a ferramenta trará inúmeras vantagens para uma disputa eleitoral idônea e bem sucedida. “Os benefícios são enormes. Basta dizer que, vinculado a uma notícia, um vídeo com áudio que seria de conteúdo inverídico, imediatamente o juiz, com a intervenção, uma segurança que a ferramenta pode dar, manda suspender e evita os danos que são de desigualdade na disputa eleitoral, porque uma notícia falsa pode destruir uma candidatura”, afirma Luiz.
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