Por Felipe Rosa Mendes
Unidos dentro e fora de campo. Essa foi a mensagem transmitida pelo técnico Tite, pelos jogadores e até pelo coordenador da seleção brasileira, Juninho Paulista, na madrugada desta quarta-feira. Mantendo sintonia com seus subordinados na CBF, o cartola fez questão de exaltar o trabalho do treinador, principalmente nas últimas semanas, e defendeu o manifesto em que os atletas se dizem contra a realização da Copa América.
Chefe de Tite, Juninho fez a demonstração de apoio nos instantes finais da entrevista coletiva após a vitória sobre o Paraguai, por 2 a 0, em Assunção, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Sentado ao lado do treinador, ele pediu a palavra e reforçou o sentimento de união do grupo.
“Estou aqui para reiterar o manifesto dos atletas. É um manifesto que nos representa. São jogadores, comissão e a delegação de todos os profissionais que trabalham com maior afinco para que a CBF possa dar as melhores condições de trabalho para todos vocês”, declarou o coordenador da seleção.
Demonstrando certo alívio, Juninho exaltou as duas vitórias conquistadas pela seleção nesta Data Fifa – superou o Equador também por 2 a 0, na sexta-feira – em meio a uma série de polêmicas envolvendo a CBF.
“Tivemos semanas desgastantes. Quero parabenizar o Tite e a comissão. O trabalho não foi fácil, mas foi de excelência. Estamos felizes de conquistar, de fazer história, de participar, comandar um grupo de profissionais tão competentes. Dizer isso é importante. Até em nome da entidade, a satisfação em tê-los, a satisfação com o trabalho é grande”, comentou.
E reiterou que a prioridade da seleção é a Copa do Mundo, por meio da disputa das Eliminatórias, em detrimento da Copa América “O foco principal sempre foi a Copa do Mundo e as Eliminatórias já são Copa do Mundo.”
Com estas declarações, Juninho sustentou o discurso dos jogadores, insatisfeitos com a decisão da Conmebol e da CBF de realizar a Copa América no Brasil, após as desistências da Colômbia e da Argentina. Os dois países abandonaram o torneio por questões internas e também devido à pandemia.
A escolha abrupta do Brasil para sediar a competição incomodou os atletas, que ficaram ainda mais insatisfeitos após reunião com Rogério Caboclo, presidente da CBF que está afastado por 30 dias. O elenco não teria gostado do tom adotado pelo dirigente, o que deu margem para rumores sobre um possível boicote do time à Copa América.
Em meio ao clima tenso entre elenco, comissão técnica e Caboclo, o presidente foi formalmente acusado de assédio moral e sexual por uma funcionária da CBF. O Comitê de Ética da CBF interveio e afastou o dirigente, no domingo. Na segunda, os jogadores indicaram que disputariam a Copa América.
Na noite de terça, após a vitória sobre o Paraguai, os atletas enfim divulgaram seu manifesto. Afirmaram ser contra a realização da competição, porém confirmaram que vão jogar. “Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil. Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização”, afirmaram.
“É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política. Somos conscientes da importância da nossa posição, acompanhamos o que é veiculado pela mídia, estamos presentes nas redes sociais. Nos manifestamos, também, para evitar que mais notícias falsas envolvendo nossos nomes circulem à revelia dos fatos verdadeiros.”
(Conteúdo Estadão)
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