28 de dezembro de 2024
Política

Jose Vitti: “Ele ( Caiado) seria o melhor senador que Goiás poderia ter”

 

 

DEPUTADO JOSE VITTI AFIRMA QUE HOJE O GOVERNADOR RECUPEROU A IMAGEM E PODE TER A INTENÇÃO DE SER CANDIDATO EM 2014. AFIRMA QUE BASE TEM QUE PENSAR UM PROJETO PARA ADMINISTRAR O ESTADO OLHANDO PARA O FUNCIONALISMO PÚBLICO. ELE RESSALTA QUE EXITEM MUITOS COMISSIONADOS NO ESTADO. EM ENTREVISTA AO TRIBUNA DO PLANALTO, DESTACA QUE RONALDO CAIADO (DEM) SERIA UM BOM NOME PARA DISPUTAR O SENADO NA CHAPA DA BASE ALIADA.

 


“Marconi se agiganta quando querem derrubá-lo”
Eduardo Sartorato, Filemon Pereira e Vassil Oliveira (Tribuna do Planalto)

l José Vitti está trocando o DEM pelo PSDB. De Palmeiras, cidade do governador Marconi Perillo (PSDB), Vitti resolveu entrou em acordo com o prefeito local Alberane Marques (PSDB). Na eleição de 2010, Marques apoiou outro candidato na cidade e o deputado devolveu a ‘gentileza’ articulando uma chapa contra a reeleição do tucano. Agora, o governador atuou e os dois estarão juntos. Soma-se a isso a dificuldade de Vitti permanecer no DEM, partido que deve se desligar do consórcio governista no ano que vem. O deputado José Vitti, porém, tece muitos elogios ao deputado Ronaldo Caiado. Mais independente que a média dos colegas na Assembleia, Vitti faz elogios ao governador Marconi, principalmente pelas obras que o governo tem realizado, mas não esconde as dificuldades que ainda rodeiam o tucano. Para o deputado, a maior dificuldade é o relacionamento com os servidores públicos, muito desgastado nessa gestão. José Vitti também reclama do alto número de comissionados, que atrapalha o governo e acredita ser essa uma prioridade para o próximo governador. José Vitti recebeu a reportagem da Tribuna em seu escritório na sexta-feira, 20.

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Tribuna do Planalto – Por que essa mudança do DEM para o PSDB que o senhor anunciou?
José Vitti – O motivo principal é a coerência. Sou de Palmeiras, que também é a cidade do governador, e vim para a política com um grupo ligado ao Marconi e, desde então, boa parte, para não dizer quase a totalidade, das pessoas do grupo é ligada ao PSDB ou ao Marconi. Decidir ir para o Democratas. Foi uma decisão tomada juntamente com o governador, à época. A ideia era ir para o PSDB, mas não fui devido a problemas internos em Palmeiras. Na época o DEM ainda fazia parte da base do governo. Deputado Ronaldo Caiado um pouco distante, mas o vice-governador, José Eliton, tinha ainda uma boa relação com o próprio Caiado, tínhamos secretarias,… Enfim, imaginávamos que esse grupo permaneceria. Porém, com a criação dessa chamada Terceira Via com o ex-governador Alcides, Vanderlan, Braga e do deputado Ronaldo, ficou, para mim, inviável permanecer. Se a lei me deu essa brecha, essa possibilidade, achei melhor. Ficaria muito difícil disputar uma eleição sem palanque. Por isso tomei essa decisão.

Como essa decisão foi recebida pelo deputado Ronaldo Caiado, que lhe elogiou muito quando foi para o DEM?
Primeiro, só tenho a agradecer ao deputado Ronaldo Caiado e a todos do DEM. Fui muito bem recebido pela Executiva estadual e pelos militantes do partido. No entanto, acredito que fui muito correto. Nas eleições municipais, em todos os palanques aos quais fui convidado tinha um candidato do Democratas. Acho que a admiração que o deputado Ronaldo tem pela minha pessoa permanece, como a que eu tenho por ele. Ele me recebeu em sua casa quando lhe comuniquei minha saída e entendeu meus motivos. Claro que ele preferia que eu não tomasse essa decisão, mas compreendeu que é uma questão de sobrevivência dentro da minha cidade, onde conseguimos pacificar em torno da minha eleição. Acredito que ele deve ter ficado chateado por estar perdendo um deputado, mas nossa parceria, amizade e minha admiração permanecem. Até disse que o apoiaria em qualquer cargo que ele concorresse, exceto ao cargo de governador.

O senhor superou as desavenças políticas com o prefeito de Palmeiras Alberane Marques?
Na verdade, mesmo ele não me apoiando, sempre trabalhei por Palmeiras e tivemos uma relação institucional. Ele nunca se enganou de que eu o apoiaria. Sempre deixei claro que não teria como ter esse apoio. Já chegamos a conversar várias vezes antes da eleição, pedindo que eu estivesse com ele, mas eu estaria traindo um grupo que me ajudou em um momento em que eu precisei. Então, ele e o governador sempre souberam que não seria meu candidato. Tentamos, inclusive, achar um nome de consenso para o governador, mas infelizmente não foi possível. Quando passou a eleição, nós, juntamente com o governador, concluímos que estava empatado. Zerou o jogo. O ideal seria que caminhássemos juntos e que tínhamos agora uma disputa para governo e para deputado. Nada como o tempo para mostrar o que as coisas realmente são. Acho que ele errou, na época em que não me apoiou. Enfrentar um deputado em sua cidade, que tem serviço prestado, é muito difícil. Ele entendeu isso e hoje todo o grupo deve sinalizar apoio à minha reeleição e na reeleição do governador Marconi.

Hoje o PSDB tem muitos deputados e a maioria vai tentar reeleição. Não é uma chapa pesada?
O PSDB não é um partido qualquer. É um partido com muita força em Goiás. Além dos deputados à reeleição, ainda há grandes candidatos que estão vindo e demonstrando interesse. Há vereadores de Goiânia com grande capacidade, como a Dra. Cristina e Thiago Albernaz. Temos também candidaturas fortes em Anápolis, provavelmente o vereador Fernando Cunha e Wilson de Oliveira, que foi candidato a prefeito, e agora vem para o PSDB, também deve ser candidato. Ou seja, é um partido em que, teoricamente, a competitividade é muito maior, porém que te dá mais condições de ter cadeiras da Assembleia. O pior de tudo é você às vezes disputar uma eleição, conseguir 25 mil votos e ficar de fora porque não deu quociente para eleger. Se eu não tiver os votos para ganhar uma eleição com o PSDB, também teria dificuldade para ganhar no DEM. Agora é trabalhar para obter 30 mil votos que possa me eleger.

O sr. esteve no jornal no final do ano passado e fez muitas críticas ao governo. Era um momento em que o governo passava por dificuldades. Hoje percebemos o governo com mais fôlego. O que o sr. imagina para o futuro do governador Marconi?
Naquela época, vocês até me perguntaram se o governador tinha condição de pedir mais quatro anos de governo e eu disse que não. Hoje a realidade é bem diferente. Por isso que eu digo, a política é muito dinâmica. Naquela época também disse que o governador é uma pessoa que trabalha acima do normal. E parece que o Marconi se agiganta quando querem derrubá-lo. Ele mudou muitas coisas, como as rodovias, por exemplo. Hoje temos uma malha viária reconstruída e boa parte construída. A minha região, onde não se andava, hoje está um tapete. Para todo lado que se vai, anda-se com tranquilidade. Temos alguns programas que o governo trouxe, que era projetos que ainda tinham certa desconfiança, como o Bolsa Futuro. O Bolsa Futuro é um grande programa. Esse curso dá a oportunidade inclusive para pessoas que já estão indo para a terceira idade. Mas também não podemos tapar o sol com a peneira. Temos muitas obras: Hospital Regional do Norte, Hugo 2, viadutos e diversas obras de infraestrutura. Mas existe um desgaste do governo – não digo nem do governador – com o funcionalismo público, que sempre teve um peso decisivo nas eleições de Marconi. Acredito que precisamos tentar resgatar esse pessoal e fazê-los entender que as dificuldades é que levam a tomar decisões precipitadas. E comparar o que era o funcionalismo público antes, na gestão do PMDB, e depois. É claro que nem sempre dá para ser Deus. Na política, pode-se fazer tudo a vida inteira, se fizer algo errado já desagradou. É duro. Não se pode errar e, muitas vezes, não é porque você errou, mas tomou uma decisão precipitada.

O governo não negligenciou esse relacionamento, principalmente pelo que prometeu na campanha, gerou expectativa, e não deu conta de resgatar?
Ser um gestor, um tomador de decisões, é uma tarefa em que é muito fácil receber críticas. Tem uma série de medidas e atitudes que você toma e deve ter uma certa responsabilidade. Primeiro fiscal, e segundo tem de ter dinheiro. Mas há realidades e realidades. Tem dinheiro demais para obras chegando, mas não se pode pegá-lo e pagar funcionários. Hoje temos um problema crônico: qualquer um que assumir o governo, agora ou daqui a pouco, sendo Marconi novamente ou outro, tem de repensar essa política de comissionados que temos no Estado. É muita gente na máquina. Conheço famílias em que trabalha no Estado o pai, o filho e a filha.

Então há comissionados demais?
Demais! Parece que as pessoas perderam a vontade de estudar e se qualificarem. Fiz elogios a um projeto do governo logo antes. Nunca ninguém me pediu uma vaga no Bolsa Futuro, por exemplo. E criam-se todos esses cargos comissionados. É uma demanda que nos vem e jogamos para o governo. Não digo que é certo ou errado; todos precisam sobreviver de alguma forma. Mas como se mudaria essa situação? Deve-se mudar de cima para baixo, com concursos. Deve-se começar a cercar isso.

É uma matemática difícil. E, de certa forma, o governo também se beneficia, não?
Não sou adepto de que deva ter apenas concursados no Estado, mas a máquina deve ser mais eficiente. Hoje, vai-se em determinada secretaria do governo e vê meia dúzia trabalhando e salas com vários olhando um para o outro, lendo jornal, ou no computador. Era característica do ex-governador Iris investir em estradas e obras. Quando o governador Marconi entrou, investiu no ser humano, com programas sociais e empresas. Chegará alguém agora que deverá ser como Eduardo Campos, governador de Pernambuco, colocando pessoas qualificadas nas secretarias. É possível trabalhar em sintonia com o Estado.

Pelos anos que o governador Marconi e seu grupo está no governo, com um número de aliados crescente, o governo ficou refém?
Não digo que ele é refém. Acho que era preciso oxigenar. Claro que o Marconi tem as pessoas que são da confiança dele, isso é fato, mas vamos dar uma mesclada, colocar experiência aqui e trazer pessoas novas. Acho que ele até está fazendo. É interessante o projeto da meritocracia, por mais que a gente critique – e eu era um dos que criticava a forma com que era feito – ele já começou a dar um grande passo. Começa a ter gerentes que têm a capacidade de estar naquele lugar. Um exemplo, na Secretaria do Meio Ambiente durante muito tempo a secretária Executiva da pasta era ocupada pela ex-deputada Rose Cruvinel. A Rose ‘é médica, ela teve que aprender ali fazendo. Mas está certo, se você analisar friamente? Não.

No ano que vem para o governador concorrer a um quarto mandato teria de ter um projeto diferenciado?
O grande problema que o governador vai enfrentar é a quantidade de eleições, o desgaste do tempo a frente do poder. Se formos comparar os nomes que estão colocados para disputar a eleição, não estou falando com paixão, mas com dados e números, para mim o Marconi é muito melhor que os nomes que estão aí. Ele vai ter de ter um trabalho muito bom, porque as coisas se revertem com trabalho. Mas há um desgaste e que virá à tona durante a campanha. Agora, ele mais do que ninguém vai poder avaliar se vai ter condição de colocar o nome novamente na disputa. Acredito que pela inteligência e pela história política, o Marconi não colocaria seu nome correndo o risco de perder as eleições. Ele tem história muito grande na política de Goiás e é um cara novo. Às vezes, ter um hiato, não significa que abandonou a política ou que não volte. Acho que o PMDB peca muito porque tem nomes novos que têm condições de disputar uma eleição pregando o novo. Colocar o velho contra o velho, a população vai avaliar o que cada um fez e aí o governador Marconi leva vantagem. Ah, o júnior é um nome novo… É novo como? É da turma do PMDB.

Na questão de obras acha possível Marconi sobrepor Iris?
Hoje sim, o governador Marconi com essa quantidade de obras é inegável… Agora eram realidades diferentes. Quando Iris pegou o Estado a arrecadação era muito menor. Goiás não existia no cenário nacional. Dai veio o governador Marconi que foi inteligente em trazer grandes empresas e colocar o Estado numa posição nacional de destaque. Nós temos um movimento agropecuário que é fortíssimo. O PIB movido pelo setor é fantástico, de impressionar.

Até nesse sentido, o sr. acha que o governador vai se beneficiar a tempo dessas obras ficarem prontas?
Acho que sim. Obras e empreiteira é o seguinte: você pagou os caras trabalham. Se não faltar dinheiro, e você chegar para os caras e falar: ‘vocês vão fazer’, eles fazem mesmo. Lá em Palmeiras a estrada que vai ligar a cidade a Indiara, o governador chamou o cara da empreiteira e disse que precisa da obras até dezembro. Ai você acha que o cara vai falar não na frente de cinco mil pessoas.

O sr. falou de um hiato na possibilidade do governador não concorrer a eleição. Nesse caso a base aliada fica meio órfão por não haver outros nomes. Como o sr. imagina que poderia ser construída outra candidatura?
Existem nomes, mas o trabalho tem sido feito para a reeleição do governador Marconi, que é um nome fortíssimo e tem aceitação muito forte no interior. Então não trabalhamos com outros nomes. Tem outros nomes bons, que são novos e que no momento que forem chamados se colocarão à disposição. O Marconi quando foi eleito não era uma expressão. Surgiu a oportunidade dele ser candidato, ele entrou em campo e virou o Messi.

O José Eliton seria o primeiro caso o Marconi não saia candidato?
É um bom nome, é jovem e se adaptou bem ao meio político. O Alexandre Baldy também é bom nome, é novo e é um secretário que faz um grande trabalho. O Antônio Flávio, da Agricultura, é um cara calado, novo, mas é uma pessoa que tem também tem condição. Na assembleia existem nomes e se quiserem me colocar estou pronto. Nome é o seguinte, se você trabalha com um plano A e você vê que ele não vai para frente, você vai para um plano B….. Ninguém fala do Daniel Vilela, no PMDB, mas sempre disse que é um bom candidato. É um cara novo, preparado, o pai é prefeito de Aparecida de Goiânia, é do sudoeste goiano, é um cara boa pinta, tem capacidade de trabalho, mas ninguém fala no nome dele. Ficam nessa de que é Júnior ou é Iris. Tem o próprio Samuel Belchior que é novo e também é preparado…. Então se eles não forem (Iris ou Friboi) ai é que vai surgir alguém. É o momento do cara se mostrar para a sociedade, mostrar a capacidade que ele tem, pois qualquer candidato de partido grande terá tempo de televisão…. O prefeito Maguito disse que a oposição tem nome, mas não tem projeto. E volto a dizer que dentro do grupo do governador, hoje nós temos que nos preocupar com projetos. Projetos sobre funcionalismo público, sobre máquina de governo, sobre gestão, penso dessa forma. Não precisamos ficar refém de um nome, mas que tenhamos um bom projeto. O nome é apenas o gestor. Nós temos que formatar é um projeto.

Como o sr. vê a possibilidade de uma chapa já fechada para 2014 com José Eliton na vice e Vilmar Rocha para o Senado?
Precisamos entender que um nome não decide candidato. Vilmar é um bom nome? Acho que seria um excelente senador. Ele tem história na política, conhece o Congresso Nacional, tem perfil de legislador. O vice-governador tem feito um bom trabalho, mas na hora de ajeitar as coisas, você não decide com base nas situações lá atrás. Nós temos de ver o sentimento do povo. Eu gostaria muito de ter o Ronaldo (Caiado) do nosso lado. Por quê? Ele tem os seus defeitos e qualidades como todo mundo tem, é natural, mas o cara tem voto pra caramba. É besteira desprezar a capacidade de voto que tem o Ronaldo. Ele quer ser candidato a governador, mas pra mim ele seria o melhor senador que Goiás poderia ter. Basta acompanhar o que ele faz no Congresso, como liderança nacional do DEM. É um cara que tem visibilidade nacional e coerência. E hoje o momento de Marconi é diferente da primeira reeleição dele. Quando ele ajudou o Alcides, ele colocava quem ele quisesse. Agora a realidade é outra, tem os desgastes, os defeitos aparecem de forma mais acentuada para a população, então o momento é de avaliar quem tem voto e não é hora de ter vaidade. O vice-governador é excelente, é ótimo, ele pode ser candidato a governador, mas ele também tem de trabalhar com a hipótese de que ele não seja candidato a vice-governador. Agora é momento de agregar, precisamos avaliar quem tem mais voto, que tem mais condição.

O sr. avalia que ainda é possível trazer o Caiado para a chapa governista?
Eu torço. O que é difícil é o Caiado pavimentar a Terceira Via. Pode ser que aconteça? Pode. Agora, é saber se quem vai entrar nesse projeto vai acreditar. Pois se ele quiser ele se lança candidato. Ele tem o DEM e tem lá seus minutos para propaganda. Ele pega um partido ali e consegue tocar o barco. Mas é chapa competitiva? Hoje qual a chapa proporcional do DEM? Só o doutor Hélio (Sousa), não há mais nomes. Do lado do Vanderlan, do PSB, não tem um deputado sequer. Então é duro. Pavimentar uma Terceira Via, que seja competitiva, é muito difícil e o Ronaldo está enfrentado dificuldade, lutando contra a máquina do governo – o Marconi sabe como ninguém fazer isso. O Vanderlan quis uma Terceira Via no passado, e viu a dificuldade que foi. E olha que ele tinha máquina, dinheiro, tinha tudo e não foi para o segundo turno. As eleições em Goiás, principalmente no interior, é muito polarizada entre PMDB e PSDB. Um terceiro entrar não é fácil. Aí do outro lado tem a questão nacional. Hoje o governador Eduardo Campos quer ser candidato, mas e se não for? Aí ele compõe com a Dilma…o pessoal chama o Vanderlan lá em Brasília rapidinho e falam: Vanderlan, meu filho, muito obrigado, foi bom, mas fica para a próxima. É assim. Existe um sentimento de é preciso mudança, mas o Vanderlan não é mudança. Todo mundo já o conhece.

 


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