O ex-executivo da JBS Ricardo Saud afirmou em depoimento de delação premiada que a empresa repassou propina ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL) por meio de contrato simulado com o instituto de pesquisa Ibope Inteligência em 2014.
Segundo o delator, naquele ano o Ibope Inteligência emitiu uma nota fiscal no valor de R$ 300 mil à JBS sem que o instituto tivesse prestado serviços à companhia.
Em seus testemunhos à Procuradoria-Geral da República, Saud afirmou que a JBS ajudou o PT a comprar o apoio de partidos nas últimas eleições presidenciais.
Uma das legendas beneficiárias teria sido o PMDB, que à época tinha em seus quadros defensores de uma aliança com o candidato de oposição Aécio Neves (PSDB-MG). O PMDB acabou compondo a chapa com o PT, indicando à época Michel Temer como candidato a vice-presidente de Dilma Rousseff.
Saud disse aos procuradores que a JBS repassou R$ 35 milhões à cúpula do PMDB no Senado em 2014.
Desse total, o senador Renan Calheiros teria uma cota de aproximadamente R$ 10 milhões. Os valores alegados teriam sido distribuídos sob a forma de doações oficiais a diretórios do PMDB, de notas fiscais frias e repasses em dinheiro vivo.
Teriam recebido propinas dissimuladas de doações eleitorais oficiais os diretórios estaduais de Alagoas, Sergipe e Amapá, além do diretório nacional da legenda.
O delator afirmou que duas empresas teriam emitido notas fiscais falsas à JBS para tentar disfarçar a propina a Renan Calheiros: o Ibope Inteligência e a companhia GPS Comunicação.
Nota Fiscal Fria
Segundo o documento apresentado pelo ex-executivo da JBS à Procuradoria, a nota fiscal do Ibope Inteligência foi lançada no dia 21 de julho de 2014, no valor de R$ 300 mil.
Porém, o instituto de pesquisa não realizou o trabalho descrito no documento fiscal e na verdade tinha como objetivo mascarar o repasse de suborno para Renan, de acordo com o colaborador.
“[O Ibope Inteligência] fazia pesquisa para ele [Renan] e eles pagavam com essas propinas. O Ibope recebia propina. Nunca fez serviço para o grupo [JBS]”, afirmou o delator.
Já a GPS Comunicação teria emitido duas notas fiscais frias: uma no valor de R$ 900 mil em 18 de junho de 2014 e outra de R$ 800 mil em 6 agosto de 2014.
Segundo o relator, cerca de R$ 4,8 milhões da cota de Renan foram entregues em dinheiro vivo a dois emissários indicados pelo senador. (Folhapress)
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