A primeira-ministra britânica, Theresa May fez, um discurso duro na manhã deste domingo (4), horas depois do ataque terrorista que deixou sete mortos na noite de sábado na região da Ponte de Londres, no lado sul da cidade.
May falou na porta de sua casa, em Downing Street, logo depois de presidir uma reunião do gabinete de segurança. Fez um balanço do ocorrido, descreveu a cena e elogiou a polícia por ter surgido e agido apenas oito minutos após o início do ataque.
Disse que em luto e respeito às vítimas, as campanhas eleitorais haviam sido suspensas por hoje, mas em nome da normalidade democrática serão retomadas em toda intensidade amanhã, para que a democracia não seja refém do terror. Confirmou a eleição de quinta-feira.
May disse que o país enfrenta “uma nova forma de ameaça”, na qual os autores dos atentados “copiam uns aos outros” e se inspiram em “uma ideologia do mal do extremismo islamita”.
“O terrorismo alimenta o terrorismo e os autores passam ao ato não com base em complôs cuidadosamente preparados, e, sim, porque são agressores que copiam uns aos outros utilizando os meios mais ordinários”, disse.
O ataque deste sábado foi o terceiro a atingir o Reino Unido em pouco mais de dois meses, após um incidente semelhante na ponte de Westminster, em 22 março, e o atentado que matou 22 pessoas em um concerto pop em Manchester, norte da Inglaterra, menos de duas semanas atrás.
A líder britânica disse que os eventos recentes obrigam o país a mudar sua estratégia de combate ao terror. Mencionou quatro frentes de mudança:
1) Os terroristas agem isoladamente, não há conexão ou articulação direta entre eles, mas, no entanto, são ligados pelo extremismo islâmico, uma ideologia que precisa ser combatida e vencida. “Não conseguiremos vencê-los apenas no campo militar”. É preciso vencer a islamismo radical também no campo ideológico, eliminar o seu apelo.
2) A conexão entre os militantes e os disseminadores do extremismo islâmico é feita livremente através da internet e é necessário quebrar a disseminação da ideologia nesse meio. É preciso que o país e a empresa limitem a liberdade de ação do extremismo na internet.
3) Além do espaço virtual, é necessário combater o espaço que os extremistas encontram no mundo real. “Não podemos mais tolerar o terrorismo em casa”, não é possível deixar que o extremismo use as leis democráticas em seu favor.
4) “Temos tido sucesso na luta contra o terrorismo”, mas novas estratégias e recursos dos terroristas exigem uma renovação das estratégias de combate, inclusive jurídicas. É preciso garantir os poderes para que os mecanismos de segurança combatam os terroristas, as custódias policiais por exemplo devem ser usadas para efetivamente reduzir a ação dos terroristas e dos seus ideólogos.
“Já passou do limite”, disse a primeira-ministra, sugerindo que vai endurecer as ações de repressão internas. Não será a primeira vez: durante os anos 1970 e 1980, ações de controle interno foram agravadas para combater o terrorismo do IRA (Exército Revolucionário Irlandês). E fez efeito: nos anos 1990, o grupo terrorista que pregava a independência da Irlanda do Norte estava virtualmente derrotado, quando aceitou o acordo de paz.
MOVIMENTAÇÃO DESDE CEDO
A região da Ponte de Londres, na área central da cidade ao sul do Tâmisa, começou logo cedo a ouvir os sons das sirenes interrompidas de madrugada.
Dava até a impressão de que os ataques tinham recomeçada. Mas era apenas uma movimentação para o movimento das centenas de carros de polícia que estão isolando diversas quadras em torno da ponte e do mercado de Borough, onde foram os ataques.
As ruas da área estão isoladas por várias centenas de policiais armados. Há muitas vans policiais com 8 a 10 policiais dentro e muitos outros a postos nas esquinas das principais vias que dão na ponte.
Há vários dias a cidade vivia um alerta de terrorismo, com aumento da presença policial. Ele foi radicalizado hoje. Como o país terá eleições na quinta, é provável que a presença policial cresça ainda mais até lá.
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