Em seu cenário fiscal, a equipe econômica do Itaú Unibanco já não conta com a aprovação da reforma da Previdência antes das próximas eleições.
O economista-chefe do banco, Mario Mesquita, disse, no entanto, que seria possível cumprir a meta fiscal estabelecida, de R$ 139 bilhões, se o governo conseguisse os R$ 13 bilhões esperados originalmente do programa de refinanciamento de dívidas, o Refis, e os R$ 11 bilhões de leilões de hidrelétricas.
O governo, porém, já sinalizou que o deficit fiscal neste ano será maior, ao redor de R$ 159 bilhões. O anúncio é esperado para esta quarta (16).
Em apresentação no banco, Mesquita disse nesta terça (15), que a revisão da meta fiscal já anunciada pelo governo não deve ter efeitos significativos em termos de preços de ativos, mas vai exigir progressos na agenda de reformas.
“O mercado parece tranquilo com relação à trajetória da dívida e só posso atribuir isso ao cenário global”, disse Mesquita.
“O mundo benigno tem feito com que a ficha não caia”, afirmou ele ao ressaltar que o cenário global favorável pode ser afetado por um repique inflacionário nos EUA que leve o Fed (banco central americano) a ser mais agressivo na política monetária ou o imbróglio norte-coreano.
Mesquita disse ainda que o Brasil deve tentar resolver o problema fiscal antes que o cenário externo mude.
“Não podemos mais contar com o mundo, devemos andar pelas próprias pernas, o que significa que as reformas devem ser aprovadas.”
Para o ano que vem, o principal risco a pesar sobre a meta fiscal hoje estabelecida seria um crescimento da economia inferior ao projetado pelo banco, de 2,7%.
O Itaú prevê um deficit primário de 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano e de 1,8% no ano que vem. Já a dívida bruta deve subir de 75% para 76% do PIB no período.
Segundo o banco, a reforma da Previdência como proposta originalmente corresponderia a uma economia de 2% do PIB em 2025, número que cai para 1,4% no formato que saiu da comissão. Apenas com idade mínima, a economia seria de 0,4% do PIB em 2025.
PIB
O PIB do segundo trimestre virá perto de zero ou até mesmo negativo, mas o quadro amplo de indicadores mostra que a economia começa um processo de recuperação, disse Mesquita, em sua apresentação.
O banco espera queda de 0,2% para o PIB do segundo trimestre sobre o primeiro, com ajuste sazonal.
“O PIB zero ou negativo não significa que a recuperação está sob risco ou um duplo mergulho”, disse o economista.
Do lado positivo, a equipe destaca o desempenho da produção industrial e do varejo.
Por outro lado, após um forte aumento no primeiro trimestre, de 11,7%, o PIB agropecuário deve cair 0,2% -o que é esperado.
Para este ano, a equipe projeta alta de 0,3% para o PIB e de 2,7% para o ano que vem.
A taxa de desemprego deve cair de 13,4% em 2017 para 13,2% em 2018. A inflação deve subir um pouco, de 3,4% para 4%, e a taxa Selic deve cair de 7,25% para 7%. (Folhapress)
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