O governo de Goiás aparece em mais um caso de denúncia nacional. Desta vez, a revista Istoe publica
Informações sobre uma “bilionária fraude do Banco Cruzeiro do Sul, que sofreu intervenção em junho do ano passado e foi liquidado três meses depois”.
A revista aponta, na materia, QUE “foram feitas 682 mil operações de empréstimos fictícios – o dobro do que a PF e o Ministério Público imaginavam. Os auditores do BC também concluíram que houve desvio de recursos por triangulação e encontraram indícios veementes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O rombo deixado pela gestão fraudulenta dos Indio da Costa, que era estimado em R$ 1,3 bilhão, ultrapassa os R$ 2,2 bilhões, conforme o relatório do BC”.
Qual o suposto envolvimento da administração do governo de Goiás?
Segundo a Istoe, os administradores do Banco Cruzeiro do Sul tinham “acesso político a chefes de governos estaduais e gestores de algumas autarquias federais, os diretores do Cruzeiro do Sul firmaram 237 convênios e chegaram a uma carteira de crédito consignado de R$ 500 milhões. Órgãos públicos de Alagoas, Pará, Goiás, Roraima e Tocantins, Estados comandados por governadores do PSDB, permitiram que o banco explorasse até 30% da folha de pagamento de seus servidores”.
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Na última semana, ISTOÉ teve acesso a um relatório exclusivo da Comissão de Inquérito do Banco Central com novas revelações sobre a bilionária fraude do Banco Cruzeiro do Sul, que sofreu intervenção em junho do ano passado e foi liquidado três meses depois. O documento de 247 páginas revela que o esquema criminoso montado pelos banqueiros Luis Felippe Indio da Costa e Luis Octavio Azeredo Indio da Costa, pai e filho, foi ainda maior do que a Polícia Federal e o Ministério Público tinham conseguido apurar. O banco contou ainda com a omissão de grandes empresas de consultoria e até com um aparato de arapongagem que garantia acesso a informações privilegiadas.
Na documentação, obtida com exclusividade por ISTOÉ, pareceres e notas jurídicas revelam a incrível variedade de crimes cometidos e o tamanho do golpe. Segundo o relatório, foram feitas 682 mil operações de empréstimos fictícios – o dobro do que a PF e o Ministério Público imaginavam. Os auditores do BC também concluíram que houve desvio de recursos por triangulação e encontraram indícios veementes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O rombo deixado pela gestão fraudulenta dos Indio da Costa, que era estimado em R$ 1,3 bilhão, ultrapassa os R$ 2,2 bilhões, conforme o relatório do BC. Agora, a Polícia Federal quer saber se o dinheiro da fraude teve como destino paraísos fiscais, contas de laranjas ou campanhas políticas, como a do tucano José Serra. Nas eleições de 2006, 2008 e 2010, o Cruzeiro do Sul doou quase R$ 12 milhões para políticos de diversas legendas. O partido mais beneficiado foi o PSDB. Em 2010, o Cruzeiro do Sul injetou R$ 1,2 milhão na campanha do vice de Serra, Indio da Costa, primo do presidente do banco. Também doou R$ 1,8 milhão diretamente para o diretório nacional do PSDB, principal cofre da campanha serrista. Outro R$ 1,3 milhão foi distribuído para diretórios tucanos empenhados na campanha de Serra. A instituição buscava proteção financiando políticos e mantinha uma boa relação com os tucanos. Ainda não é possível afirmar, no entanto, que o dinheiro que acabou nas campanhas eleitorais tenha vindo direto das operações fraudulentas dos banqueiros. Mas a PF já investiga essa possibilidade.
Uma cópia da papelada do BC chegou no fim da última semana à mesa da procuradora da República Karen Louise Kahn e será anexada à ação penal. O resultado do inquérito levou a Procuradoria-Geral do BC a pedir ingresso como assistente de acusação contra os ex-controladores e ex-administradores do Cruzeiro do Sul. Na petição recebida por Karen, o procurador-geral Isaac Sidney Ferreira classifica de “gravíssimas” as acusações imputadas aos réus. As irregularidades, de acordo com Ferreira, envolvem a celebração de cessões de direitos creditórios em condições artificiais, a contabilização de operações de créditos inexistentes e o falseamento de demonstrações financeiras. Segundo o procurador-geral do BC, as operações irregulares (saiba no quadro ao lado como os golpes eram aplicados) são indicativos dos crimes de gestão fraudulenta, indução em erro de sócios, depositantes, investidores e o próprio ente fiscalizador e inserção de elementos falsos em demonstrativo contábil. “Não podem ser ignorados os possíveis efeitos deletérios das condutas descritas na denúncia sobre o funcionamento e a credibilidade do Sistema Financeiro Nacional”, escreve Ferreira. O procurador defende a minuciosa apuração dos fatos e punição dos responsáveis. No âmbito das responsabilidades, o relatório do BC apontou para a omissão das auditorias KMG e Ernest&Yong, que acompanhavam a saúde financeira do Cruzeiro do Sul e não identificaram as irregularidades. A prática será investigada agora pelo Ministério Público Federal, que poderá determinar se houve erro de procedimento ou conivência dos auditores.
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