O prefeito Iris Rezende anunciou nesta terça-feira (25) que vai encerrar sua carreira política. Em pronunciamento no fim da manhã, o gestor informou que não vai concorrer novamente ao Paço nas eleições de novembro.
Iris disse que ficou “extremamente sensibilizado com as inúmeras manifestações de apoio para que nos disponibilizemos a buscar um quinto mandato à prefeitura de Goiânia”, mas optou para deixar a política.
“Estou para, de maneira oficial, comunicar que não serei candidato à reeleição e cumpre-me também informar que encerro minha carreira política, construída por mais de seis décadas”, disse. “As duas decisões foram amplamente amadurecidas e tomadas de maneira muito consciente. São irredutíveis e definitivas”, afirmou.
Segundo Iris, o anúncio foi feito “para aqueles que pretendem se candidatar à sucessão possam se colocar na disputa para que a sociedade fique livre na missão de escolher seus favoritos”. Ele afirmou que concluirá as atividades na vida pública em 1º de janeiro de 2021, com transmissão do cargo ao novo prefeito.
O prefeito afirmou que voltou ao Paço em 2017 para “consertar um erro” após ter deixado o cargo para concorrer ao governo estadual. Depois da derrota contra Marconi Perillo, ele chegou a anunciar a aposentadoria. Porém, a gestão mal avaliada de Paulo Garcia o fez retornar. “Tive que reconsiderar por um fato especial. Goiânia estava à beira do caos. (Eu) Carregava um sentimento de culpa por ter renunciado em 2010, com o propósito de concorrer ao governo do estado. Para me redimir e consertar uma situação que eu próprio havia criado, fomos à disputa”, relatou.
“Creio ter reparado meu erro. Portanto, encerrarei minha vida pública com a plena consciência de dever cumprido. Meu sucessor encontrará uma gestão em equilíbrio, com capacidade para dar repostas às circunstâncias mais difíceis e tendo ferramentas essenciais para que os investimentos possam prosseguir e melhorar a vida de todos”, concluiu.
Tentativas frustradas
Após o anúncio do pronunciamento na tarde de segunda-feira (24), vários aliados tentaram demover o prefeito da ideia de se aposentar e convencê-lo a concorrer à reeleição.
Na manhã desta terça-feira, um grupo de 24 vereadores, incluindo o presidente da Câmara, Romário Policarpo, visitou o prefeito no Paço para apelar por uma reconsideração. Eles ouviram de Iris, contudo, que a decisão estava tomada.
Histórico
Iris Rezende Machado nasceu em 22 de dezembro de 1933, em Cristianópolis, interior de Goiás. Filho de Filostro Machado Carneiro e Genoveva Rezende Machado, Iris mudou-se para Goiânia com a família em 1949, aos 16 anos.
Ainda jovem militou no movimento estudantil, presidindo os grêmios do Colégio Lyceu de Goiânia e da Escola Técnica de Campinas. Mais tarde, Iris elegeu-se vereador na capital, em 1958, com a maior votação proporcional da história (a maior em números absolutos naquela época). Na Câmara, ele presidiu a Casa.
Em 1962, Iris Rezende foi eleito deputado estadual por Goiás. Também ocupou a presidência do Legislativo no período em que governador Mauro Borges foi cassado pela ditatura militar, em 1964.
Em 1965, aos 31 anos, Iris Rezende derrotou Juca Ludovico, ex-governador do estado, na disputa pela prefeitura de Goiânia.
Como prefeito da capital, Iris implantou o regime de mutirões, ação que virou sua marca.
Já no final de seu mandato, em outubro de 1969, quando era cotado para disputar o governo do estado, foi cassado pelo regime militar e teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos.
Formado em direito pela Universidade Católica de Goiás, hoje PUC-Goiás, Iris passou a advogar. Fez centenas de juris na Capital e no interior do estado e aprimorou uma de suas virtudes: a oratória.
Até ser cassado e perder seus direitos políticos, Iris militava no Partido Social Democrata (PSD). Após o fim do pluripartidarismo, com a criação da Arena e do MDB, Iris foi um dos fundadores do MDB em Goiás, partido que abrigava os oposicionistas ao golpe de 1964. Depois, ajudou a criar o PMDB, onde permanece até hoje.
Em 1982, com a volta das eleições para governador, Iris venceu a disputa interna no PMDB (contra Henrique Santillo e Mauro Borges) e foi escolhido o candidato de oposição ao governo de Goiás. Na disputa, venceu o ex-governador Otávio Lage de Siqueira com 2/3 dos votos válidos.
Em 1986, assumiu o Ministério da Agricultura no governo do presidente José Sarney (1985-1990). No governo de Fernando Henrique Cardoso, ele foi ministro da Justiça.
Em 1990, Iris disputou pela segunda vez o governo de Goiás. Iris venceu a eleição com mais de 57% dos votos válidos. Em 1994, elegeu-se senador da República.
Em 2004, Iris candidatou-se a prefeito de Goiânia, vencendo a disputa com o então prefeito Pedro Wilson (PT) e foi reeleito em 2008 com 74% dos votos válidos. Em 2016, venceu Vanderlan Cardoso no segundo turno e retornou ao Paço Municipal.
Iris também teve uma condenação por improbidade administrativa. Em 2010, quando era candidato ao governo, foi acusado de irregularidades em contrato com a empresa Stylus Propaganda e Consultoria.
Na época, ele disse que a empresa foi contratada para a confecção e divulgação de campanhas publicitárias e que o contrato tinha sido julgado legal pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado. Ele foi condenado e seus direitos políticos foram suspensos por três anos
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