19 de novembro de 2024
Economia

Investidores embolsam lucro após vitória de Temer e Bolsa recua 0,5%

(Foto: Agência Brasil)
(Foto: Agência Brasil)

Investidores aproveitaram a quinta-feira (3) para embolsar lucro após cinco sessões seguidas de alta da Bolsa brasileira e depois de os aliados do presidente Michel Temer conseguirem barrar, no Congresso, a denúncia contra o peemedebista por corrupção passiva. O dólar fechou cotado a R$ 3,11.

O índice Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas no mercado brasileiro, caiu 0,53%, para 66.777 pontos.

No mercado cambial, o dólar teve pouca variação nesta quinta. O dólar comercial encerrou o dia com desvalorização de 0,22%, para R$ 3,114. O dólar à vista recuou 0,13%, para R$ 3,113.

A queda da Bolsa era esperada por analistas de mercado, não só pelas cinco altas anteriores, mas também porque os investidores costumam reagir mais à expectativa de uma notícia do que à concretização do fato em si, diz Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos.

“Houve uma correção após a votação de ontem [quarta-feira] e a vitória do Temer”, diz. Para ele, olhar apenas para o número de votos que ajudaram a barrar a denúncia contra o presidente é “subestimar a força que Temer mostrou.”

“Quem se ausentou ou se absteve contribuiu para que a denúncia não avançasse. Então ele teria um número de votos perto de 290. Não é tão longe do necessário para aprovar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional), 308”, afirma.

Foco na reforma

Julio Hegedus, economista da consultoria Lopes Filho, também avalia a queda desta quinta como técnica. “A preocupação agora é com a meta fiscal, que deve ser revista. O governo herdou um quadro fiscal ruim nos últimos dois anos.

Há uma forte rigidez das despesas, os encargos cresceram muito nos últimos anos”.

Para ele, a situação fiscal do país é delicada. “O rombo é muito elevado, é um ajuste muito ambicioso que deve ser feito”.

Em análise divulgada nesta quinta, a consultoria de risco político Eurasia Group avalia que Temer saiu fortalecido após a vitória na Câmara.

“Vemos a votação desta noite [quarta-feira] como tendo duas repercussões: reforça as chances de sobrevivência de Temer no gabinete e dá à administração condições de começar a renegociar uma versão menor da reforma da Previdência.”

Nesta quinta, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) já sinalizou que o governo se mexe para tentar encaminhar a reforma o quanto antes. Segundo ele, a reforma da Previdência deve ser votada na Câmara e no Senado até outubro.

O ministro disse também que a previsão é que a reforma tributária seja votada logo em seguida, entre outubro e novembro.

Ações

O dia foi de realização de lucros na maioria das ações negociadas na Bolsa. Dos 59 ativos, 40 encerraram a sessão em baixa.

Os papéis da Petrobras recuaram, em linha com a desvalorização dos preços do petróleo no exterior. As ações mais negociadas da estatal caíram 1,48%, para R$ 13,31. As ações que dão direito a voto fecharam em baixa de 1,50%, para R$ 13,82.

As ações da mineradora Vale também encerraram a sessão com queda, apesar da alta de 0,87% dos preços do minério de ferro. Os papéis mais negociados da empresa tiveram queda de 1,04%, para R$ 28,59. As ações ordinárias caíram 1,38%, para R$ 30,68.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco se desvalorizaram 0,23%. As ações preferenciais do Bradesco perderam 0,03%, e as ordinárias tiveram queda de 1,83%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil recuaram 1,29%. Na contramão, as ações do Banco do Brasil subiram 0,66%.

As maiores altas do Ibovespa foram registradas pelas ações da Eletrobras. As preferenciais subiram 4,24%, e as ordinárias tiveram alta de 2,98%.

Os papéis da elétrica Cesp tiveram alta de 1,93% após o governo do Estado de São Paulo divulgar o edital de privatização da empresa.

Risco

O enfraquecimento da moeda americana acompanhou a queda do dólar no exterior. Das 31 principais divisas do mundo, 18 ganharam força em relação ao dólar.

O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) recuou 1,53%, para 201,1 pontos. O termômetro de risco-país está no menor patamar desde 16 de maio, quando fechou a 196,9 pontos.

No mercado de juros, as taxas refletiram o alívio dos investidores. O contrato com vencimento em janeiro de 2018 teve queda de 8,210% para 8,185%. O contrato para janeiro de 2019 recuou de 8,020% para 7,980%. (Folhapress)


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