O Fantástico mostrou, em reportagem na noite deste domingo (29), detalhes do processo de investigação que indiciou o cantor Gusttavo Lima pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. O artista teve mandato de prisão preventiva decretado na segunda-feira (23) e revogado, com concessão de habeas corpus, na última terça-feira (24).
O programa da Rede Globo teve acesso aos autos, da Operação Integration, que aponta, conforme a reportagem, a venda de uma mesma aeronave duas vezes, um cofre milionário com dinheiro vivo (notas de dólares, euros e reais) encontrado pela polícia na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de propriedade do cantor, em Goiânia (GO). A apreensão foi de cerca de R$ 150 mil. A defesa de Gusttavo Lima disse, porém, que o dinheiro era para pagamento de fornecedores.
Além disso, a polícia encontrou R$ 8 milhões em notas fiscais sequenciais, emitidas para a PIX365 Soluções, no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos. A empresa, conhecida como “Vai de Bet”, de acordo com a polícia, também é investigada no esquema.
Com relação à aeronave, entre os anos de 2023 e 2024, um mesmo avião, da Balada Eventos foi vendido duas vezes para investigados na operação, pelos valores de US$ 6 milhões e R$ 33 milhões, de forma respectiva.
A primeira compra foi feita pela Sports Entretenimento, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, pernambucano que, conforme a reportagem, segundo a polícia, é de uma família de bicheiros do Recife. Ele se desfez do avião dois meses após a compra, alegando problemas técnicos.
A polícia identificou, porém, que tanto o contrato quanto distrato foram emitidos no mesmo dia. O mesmo avião voltou a ser vendido no ano seguinte, para a J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, que também é alvo da operação. De acordo com a polícia, a segunda venda foi realizada sem que nenhum laudo comprovasse o reparo no avião.
A reportagem do Fantástico frisou que, segundo o inquérito, o esquema funcionava da seguinte forma: o dinheiro do jogo do bicho, de jogos de azar e de bets legalizadas iam todos para um mesmo caixa; lá, os valores lícitos eram misturados aos do crime; para dar aparência legal e voltar ao mercado limpo, o dinheiro contaminado, segundo a polícia, foi usado na negociação das aeronaves.
“É uma forma de lavagem, transitar o dinheiro através de várias pessoas físicas ou jurídicas, buscando não facilitar o rastreamento deles”, disse Renato Rocha, delegado geral da Polícia de Pernambuco.
A defesa de Gusttavo Lima frisa, porém, que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afastaria a possibilidade de lavagem de dinheiro. Também alega que a análise dos policiais apresenta “falhas ao não considerar a data digital do distrato da compra de uma das aeronaves”. Além disso, enfatizou que os registros de compra e venda das aeronaves foram feitos sem ocultação ou dissimulação e os pagamentos, em contas bancárias normais.
A Operação Integration conta com 53 alvos no país, incluindo a influenciadora digital Deolane Bezerra, além de bicheiros e empresários. Cabe ao Ministério Público a decisão de denunciar ou não Gusttavo Lima à Justiça.
Leia mais sobre: Brasil