O presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), João Furtado, afirmou em entrevista ao jornalista e editor do Diário de Goiás, Altair Tavares, que com base em dados do DATASUS, o índice de conscientização dos goianos com relação a alcoolemia no trânsito aumentou 28%. João Furtado ainda afirmou não ser contra aplicativos de celulares que mostram onde estão as blitzes da Balada Responsável.
Presente na Corrida do Milhão no Autódromo de Goiânia na manhã de ontem (16), João Furtado disse estar preocupado com a imprudência dos motoristas na região metropolitana de Goiânia e com o alto número de capotamentos.
Leia a entrevista na íntegra:
Altair Tavares: O senhor disse que no Datasus, que há um registro de crescimento na responsabilidade em relação ao uso do veículo sem álcool. Que dados mostram isso?
João Furtado: Olha, os dados que você acaba de mencionar são os seguintes: no Brasil nós estamos em terceiro lugar. Quem iniciou esse projeto no Brasil foi o estado do Rio e Janeiro, logo em seguida o estado de Pernambuco, e Goiás também há cinco anos realiza o trabalho de combate a alcoolemia na direção. Hoje, nós temos o seguinte ranking nacional: primeiro lugar Rio de Janeiro, segundo lugar Pernambuco e terceiro Goiás. Mas no índice de conscientização de motoristas, nós estamos em primeiro lugar, o maior crescimento foi o nosso, um crescimento de 28%. Esses dados são do DATASUS. Isso significa que mesmo havendo ainda flagrantes de condução sob alcoolemia, há um índice alto de conscientização dos motoristas. A ação educadora já se realizou. Me perguntam assim: o senhor não se importa que um condutor consulte esses programas aplicativos para saber onde está a barreira da balada responsável? Não, absolutamente.
O Waze, por exemplo?
O waze por exemplo. Por que eu não me preocupo? Porque se você se dá ao trabalho de entrar no aplicativo para saber onde está a nossa barreira é porque você já se conscientizou da sua conduta. Você já sabe que se conduzir sob alcoolemia pode levar inclusive a prisão.
O indivíduo está consciente de que está cometendo algo grave e que tem que tomar cuidado.
Sim, ele está consciente que a conduta dele pode não ser ética, pode não ser legal e pode ter consequências legais. Isso significa dizer também que é o mesmo conceito da norma criminal. Todos nós sabemos o que é certo e o que é errado e, às vezes, decidimos descumprir essas normas. Então, o índice de conscientização em Goiás é alto. Nós comemoramos esses dados, e vamos nos empenhar cada vez mais, não só com educação, mas também com repressão, para evitar que esses acidentes se tornem fatais, que esses acidentem vitimem ou incapacitem pessoas.
O que levaria a tantos capotamentos na região metropolitana?
Isso está me preocupando. Eu passei a observar isso há alguns dias e salvo engano de informação de minha parte, nós já ultrapassamos 60 capotamentos na região metropolitana de Goiânia. Significa que há um excesso de velocidade em vias públicas, muita imprudência e também desatenção para as normas de trânsito. Significa dizer que as pessoas estão se conduzindo de maneira muito estressada, de maneira muito apressada no trânsito de Goiás. Eu aproveitei o evento para dizer que quem quer correr, quem quer acelerar, venha para o autódromo de Goiânia, mas não faça nas ruas de Goiás, porque o risco de você se machucar ou machucar terceiros, o risco de você se vitimar é grande.
Presidente, a recente crise do Detran quanto ao atendimento já foi superada?
Eu diria que foi superada em 95%. Nós ainda não atingimos um índice de atendimentos satisfatórios para o nosso ponto de exigência. Nós achamos que podemos melhorar e temos que trabalhar muito mais para isso. Quando eu falo 95%, eu ainda tenho 5% para desenvolver de sistema. Esses 5% estão invisíveis porque nós conseguimos acertar a parte de atendimento ao público. Mas nós ainda temos que desenvolver esses 5%. Eu acredito que neste semestre nós terminemos de desenvolver esses 5% e possamos avançar para que o serviço seja cada dia melhor para o goiano.
Nessas campanhas do Detran pela cidade, eu tenho observado que foi dada uma ênfase no indivíduo que se transforma na condução do veículo. Há uma medição de que as pessoas estão entendendo essa mensagem?
Sim, nós temos nas nossas campanhas educativas procurado abordar os condutores de maneira consciente, de maneira razoável, de maneira que produza reflexão. É evidente, como demonstrou uma campanha recente, que nós podemos transformar o veículo em uma arma. Conduzir o veículo embriagado, por exemplo, e o exemplo recente de um cidadão que foi condenado porque atropelou um senhor que fazia caminhada pela calçada. Ele estava embriagado, atropelou e matou esse senhor. Então, tem produzido efeito sim, nós acreditamos na via da educação e da conscientização dos motoristas. Mas nós também aproveitamos o dia do motociclista e do motorista, para parabenizar os bons motoristas, os bons motociclistas, que são a maioria. Em Goiás, eles são a maioria. Nós acreditamos que temos problemas no trânsito, mas eles não são maiores porque nós temos uma gama de bons motoristas em Goiás. Por isso, desenvolvemos a chamada Ação Afirmativa ou notificação de boa ação. O motorista que cumpre as leis também merece parabéns.
Como isso é feito?
Nós fizemos a campanha agora divulgando, então vamos começar a pontuar para fins do IPVA, como a gente faz tradicionalmente, quer dizer, o motorista que não tem registrada nenhuma infração, ele goza de um desconto no IPVA. Mas nós também vamos começar a estimular esses motoristas a serem mais pró ativos na demonstração de sua conduta. Por isso essa campanha saúda como uma boa ação o respeito às leis de trânsito.
O motorista pode ou não saber se ele vai ter desconto no IPVA por não cometer multa?
Sim, no final do ano quando nós iniciamos o calendário do IPVA existe a possibilidade daqueles que não tiveram nenhuma anotação de multa no seu prontuário gozar do desconto. É só consultar o prontuário dele no Detran-GO e verificar se ele não tem multa. Esse desconto está ativo, a Secretaria da Fazenda é parceira nesse incentivo.
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