23 de dezembro de 2024
Brasil

Imagem do Brasil no mundo ‘é a pior da história’, diz presidente da Abag

Marcelo, Britto, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Marcelo, Britto, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

O presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, disse nesta quarta-feira, 21, que a imagem do Brasil no mundo é a pior da história e que a pressão acerca do desmatamento da Amazônia tem atrapalhado o País no fechamento de novos acordos com outros países. Ainda assim, porém, o Brasil é o país que tem maior potencial de se tornar relevante no mercado internacional de carbono, acrescentou, em coletiva de imprensa para apresentação do 20º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que será realizado de forma virtual em 2 de agosto.

“O Brasil não precisa fazer uma super revolução industrial para evoluir na economia do carbono. Para nós é mais fácil, mais simples e mais vantajoso porque temos um ativo ambiental”, disse ele, ao mencionar a importância de discutir sobre o carbono no Congresso. “Já acompanhamos anúncios de reestruturação do plano europeu de carbono, do americano, chinês e japonês. Não é um ou outro país se preparando, mas sim um movimento das principais economias do mundo.”

O Congresso vai abordar justamente esse assunto: o desenvolvimento do mercado do carbono verde no País e como a atuação da cadeia do agronegócio é fundamental para contribuir com essa transição para uma economia mais limpa.

Em relação aos investimentos do agronegócio brasileiro, Brito comentou que o Plano Safra 2021/22 “atendeu o que podia atender, diante de todas as dificuldades do ano”. E disse que a tendência é que o governo dite as tendências, mas utilize os recursos cada vez mais para incentivar pequenos e médios produtores, enquanto o setor privado deve ampliar os 75% atuais que representa no financiamento do setor atualmente.

O diretor de Produtos de Balcão e Novos Negócios da B3, Fábio Zenaro, que também participou da coletiva, destacou que as preocupações com os critérios de sustentabilidade e governança, ou ESG, garantem maior transparência ao investidor, e “não são apenas modinha”. Segundo ele, o comprometimento das empresas com essas questões permite uma avaliação mais certeira do risco e do retorno para quem investe. “Além disso, investidores têm tomado decisões pelo propósito, não mais apenas pela remuneração.”

A bolsa brasileira já soma cerca de 45 instrumentos financeiros com a temática ESG: 24 debêntures, 15 Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), dois Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), além de quatro cotas de fundos fechados e alguns ETFs, de acordo com o executivo. Parte desses títulos está ligada a metas específicas estabelecidas pelas empresas, as quais precisam pagar uma taxa em caso de não cumprimento.

Na avaliação de Zenaro, os CRAs vêm registrando um aumento relevante nas aplicações, com os estoques tendo passado de R$ 43 bilhões no ano passado para aproximadamente R$ 55 bilhões em junho deste ano. “É um produto cada vez mais usado no agro para captação de recursos. Investidores aceitam uma remuneração menor do que em investimentos mais tradicionais em prol da isenção tributária, uma tendência que deve continuar”, disse no evento. (Por Julliana Martins/Estadão Conteúdo)


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