A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas fechou 2015 com uma produção de 209,5 milhões de toneladas, superando em 7,7% a de 2014. Já para 2016, o terceiro prognóstico – divulgado hoje (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, indica uma produção de 210,7 milhões de toneladas, superando em 0,5% o número de 2015.
A décima segunda estimativa de 2015 do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do país (algodão herbáceo, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale) fechou 2015 com uma produção 14,9 milhões de toneladas, total maior que o de 2014: 194,6 milhões de toneladas. O resultado, no entanto, é 0,4%, o equivalente a 746.519 toneladas, menor que a avaliação de novembro.
Os dados divulgados pelo IBGE indicam que a estimativa da área a ser colhida é de 57,7 milhões de hectares, com alta de 1,8% frente à área colhida em 2014 (56,7 milhões de hectares) e redução de 14.711 hectares em relação às previsões do mês anterior. Juntos, os três principais produtos deste grupo (arroz, milho e soja) representaram 93,1% da estimativa da produção e responderam por 86,3% da área a ser colhida.
Em relação a 2014, houve acréscimos de 6,1% na área da soja e de 0,8% na de milho e redução de 8,4% na área de arroz. Na produção, houve acréscimos de 1,1% no arroz, 11,9% na soja e de 7,3% no milho.
Cereais
A região Centro-Oeste foi a que concentrou o maior volume de produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, com 89,9 milhões de toneladas, seguida da região Sul, com 76 milhões de toneladas, Sudeste (19,3 milhões de toneladas), Nordeste (16,6 milhões de toneladas), e Norte (7,7 milhões de toneladas).
Na safra de 2015, houve altas de 22,1% na região Norte, de 5,4% na região Nordeste, 5% na região Sudeste, 7% na região Sul e 8,3% na região Centro-Oeste. Na avaliação de 2015, Mato Grosso liderou como maior estado produtor de grãos, com 24,9%, seguido pelo Paraná (18%) e Rio Grande do Sul (15,2%). Somados, representaram 58,1% do total nacional.
As informações indicam, ainda, que, entre os 26 produtos pesquisados, oito tiveram alta na estimativa de produção em relação a 2014, com destaque para arroz em casca (1,1%), aveia em grão (4,8%), batata inglesa 3ª safra (1,6%), cana-de- açúcar (2,4%), milho em grão 2ª safra (15,0%), soja em grão (11,9%) e triticale em grão (75,6%).
Houve 18 produtos em queda. Neste caso, os destaques ficaram com algodão herbáceo em caroço (2,7%), amendoim em casca 1ª safra (10,2%), amendoim em casca 2ª safra (38,8%), cebola (11,2%), cevada em grão (26,4%), feijão 1ª safra (4,5%), feijão 2ª safra (7,9%), feijão 3ª safra (2,4%), laranja (3,9%), mandioca (2,1%), milho em grão 1ª safra (4,8%), sorgo em grão (7,1%) e trigo em grão (13,4%).
Cana-de-açúcar
Após um ano de 2014 ruim, quando a produção de cana-de-açúcar do país retraiu 4% na relação com 2013 – em função dos preços externos e de um ano muito seco e quente nas principais regiões produtoras -, em 2015 a estimativa da produção cresceu 2,4% na comparação com 2014, devendo alcançar 755 milhões de toneladas.
A área plantada recuou 3,2% e a ser colhida 1,5%, mas o rendimento médio aumentou 3,9%, fruto de mais investimentos e de um ano mais chuvoso. Os destaques da recuperação da produção de cana-de-açúcar, em termos de volume de produção em 2015, em relação a 2014, foram o estado de São Paulo com incremento de 14,6 milhões de toneladas na comparação com o ano anterior; Mato Grosso do Sul, com aumento de 7,2 milhões de toneladas e Paraná – 3,3 milhões de toneladas.
Já a cebola, um dos produtos que mais contribuíram para a alta da inflação do grupo alimentos e do IPCA de 2015 (10,67%), fechou em queda de 11,2% na produção. “O ano se iniciou com a queda da produção no sul do País e com a quebra de safra de cebola na Argentina, principal exportador de cebola para o Brasil. Com isso, pela primeira vez, as importações da Europa foram maiores que as da Argentina. Os altos custos dessa importação foram repassados aos consumidores, fazendo os preços dispararem e elevando o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA)”, ressaltou o IBGE.
Ausência de chuvas
A baixa oferta foi agravada, no primeiro semestre, “pela queda de 19% da produção na Bahia, onde a falta de chuva reduziu o rendimento em 16,4%. Já Goiás e Minas Gerais foram os principais beneficiados com a elevação do preço da cebola.”
Com exceção ao Centro-Oeste, todas as outras regiões brasileiras tiveram redução da área plantada durante a primeira safra, na qual os principais produtores foram o Paraná (332,2 mil toneladas), Bahia (239,5 mil toneladas) e Minas Gerais (162,0 mil toneladas). Paraná e Minas reduziram as suas produções em 18,3% e 20,0%, respectivamente. Já na Bahia, a produção aumentou em 152,6%.
A redução de área plantada foi observada em todas as regiões, com exceção ao Centro-Oeste. Os principais estados produtores de feijão desta temporada seguem a mesma ordem da primeira safra: Paraná (30,1% da produção), Bahia (15,0%) e Minas Gerais (12,1%). Todos estes estados tiveram queda na produção em relação a 2014.
Milho e soja
Milho, arroz e soja respondem por 93,1% da produção total do país e por 86,3% da área a ser colhida, terão comportamento distinto em 2016, com o primeiro voltando a apresentar queda e o segundo fechando com novo recorde.
Segundo o IBGE, a produção de soja de 2016 deverá superar a do ano passado em 5,9%, devendo atingir 102,7 milhões de toneladas. A alta na produção deve resultar da valorização da soja no mercado interno.
Mato Grosso se mantém líder nacional na produção da leguminosa. Com expectativa de área de 9,2 milhões de hectares e de rendimento médio em 3.106 kg/ha, estima-se que a produção mato-grossense seja de 28,5 milhões de toneladas, 2,5% maior que a de 2015. O Paraná trouxe estimativa de produção de 18,3 milhões de toneladas, maior 6,7% quando comparado a 2015.
Já o milho 1ª Safra (em grão), segundo o atual prognóstico, virá com mais um decréscimo na produção em 2016. Esta queda de produção é consequência da valorização da soja, concorrente direto por área. São esperadas para esta primeira safra 28,1 milhões de toneladas, 4,6% menor que o obtido em 2015 e 2,4% menor que a estimativa do prognóstico anterior. A área plantada sofreu contração de 7,4% quando comparado com 2015.
Segundo o IBGE, os levantamentos de cereais, leguminosas e oleaginosas foram realizados em colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra das principais lavouras, iniciado em outubro de 2007.
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