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O porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi, afirmou na manhã desta quinta-feira (23) que a “anomalia hidroacústica” detectada no último dia 15, quando desapareceu o submarino argentino ARA San Juan, por uma agência dos EUA “coincide” com uma nova informação, desta vez vinda da Áustria, de que, no mesmo local e horário, ocorreu um evento semelhante a uma explosão.
Segundo Balbi, ocorreu um “evento anômalo, singular, curto, violento e não nuclear, consistente com uma explosão” em um ponto próximo a onde o submarino desapareceu.
O anúncio foi feito depois de a Marinha ser informada por Rafael Grossi, embaixador argentino na Áustria. Grossi foi diretor-adjunto da IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica, na sigla em inglês) e tem experiência reconhecida na área nuclear.
Grossi pediu ajuda à Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, que tem equipamentos para detectar testes nucleares e por isso captou a possível explosão no mar.
O incidente teria ocorrido a 30 milhas do local em que o ARA San Juan teria feito seu último contato. Após a informação na quarta sobre a “anomalia hidroacústica”, foram enviados para o local navios com sondas e aeronaves argentinas, norte-americanas e brasileiras.
Balbi reforçou, porém, que ainda não se tem certeza de que se trata do submarino buscado. “Não sabemos o que provocou esse ruído, nem se se trata do ARA San Juan, mas as informações sobre a localização coincidem”, afirmou.
Indagado sobre o fator tempo e o fato de especialistas dizerem que, em caso de estar submerso, o submarino já estaria com pouco ou nenhum oxigênio, Balbi reforçou: “Seguiremos buscando, até ter evidência concreta de onde está o submarino e nossos 44 tripulantes”.
A localização com que as forças de busca trabalham está no golfo de San Jorge, a 434 km da costa, a sudeste da península Valdés, na Província de Chubut.
Antes da entrevista coletiva de Balbi, as informações foram repassadas a familiares dos 44 tripulantes.
“Mataram o meu irmão, filhos da puta. Mataram o meu irmão porque o fizeram navegar num pedaço de arame”, gritou um parente que saía da Base Naval de Mar del Plata depois de ser informado do último boletim da Marinha.
DESAPARECIMENTO
O submarino argentino ARA San Juan, com 44 tripulantes, está desaparecido desde o último dia 15. A embarcação estava em um exercício de vigilância na zona econômica exclusiva marítima argentina a cerca de 400 km a leste de Puerto Madryn, na Patagônia (sul do país). Ele se dirigia de volta à sua base em Mar del Plata, ao norte, quando as comunicações foram interrompidas.
O San Juan, de propulsão que combina motores a diesel (para uso na superfície) e elétrico (quando submerso), é uma arma de patrulha e ataque com torpedos.
Ele é um dos três submarinos à disposição de Buenos Aires. Ele faz parte da classe TR-1700, construída pela Alemanha a pedido da Argentina. Dois dos seis barcos desse modelo foram entregues, mas o programa não foi adiante. A embarcação irmã do San Juan, o Santa Cruz, está em atividade.
O San Juan foi completado em 1985, e passou por uma longa revisão para lhe dar mais 30 anos de vida útil que acabou em 2013. A Marinha argentina, como suas Forças Armadas de forma geral, passam por um processo de degradação acelerada há muitos anos. Possui 11 navios principais de superfície, 3 submarinos, 16 embarcações de patrulha costeira, entre outros.
A circunstância evoca uma tragédia ocorrida no ano 2000, quando o submarino nuclear russo Kursk sofreu uma explosão no seu compartimento de armas e afundou no mar de Barents -os 118 tripulantes morreram, muitos por asfixia.
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