SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um homem identificado como Thiago D´Angelo é procurado pela polícia de São Paulo sob a acusação de praticar golpes com jogadores e funcionários do Corinthians. O acusado se dizia funcionário da Rede Globo para se aproximar dos atletas do clube. Entre as vítimas estão o centroavante Gustavo (emprestado pelo Corinthians ao Bahia), o volante Jean (emprestado ao Vasco), o goleiro Douglas (cedido ao Avaí) e o meia Bruno Paulo, além de outros funcionários corintianos. Ao todo, o prejuízo dos golpes com atletas do Corinthians supera R$ 23 mil.
D’Angelo nunca foi funcionário da emissora carioca. Mesmo assim, ele se passava como jornalista da emissora para se aproximar de jogadores. Para dar credibilidade ao falso perfil de jornalista, ele fazia amizade com repórteres nas redes sociais e postava fotos tiradas em estádios e clubes pelo país. Thiago também tentou acesso ao CT do Palmeiras, mas até onde se sabe não teve êxito.
Ele conseguiu até um jaleco da Federação Paulista de Futebol mesmo sem autorização da Associação dos Cronistas Esportivos (Aceesp) de São Paulo. Com o colete é possível ter acesso ao campo em jogos no Estado.
Muller quase caiu no conto
D´Angelo quase aplicou golpe em Muller dizendo que venderia um Iphone, mas amigos do ex-jogador avisaram sobre a procedência duvidosa do “vendedor”. Muller já tinha separado o dinheiro para comprar o aparelho.
Uma das estratégias de D’Angelo para entrar no meio futebolístico foi entregar produtos com preço abaixo do mercado e conforme o prometido. Ele vendeu um Iphone por ótimo preço ao atacante Gustavo. A tática era uma isca: vários se impressionavam com a “facilidade” e passavam a seguir o “vendedor”. Já enturmado, D’Angelo aplicava golpes. Antes de ser desmascarado, D´Angelo foi pegando confiança entre os jogadores corintianos. Ele passou a ficar amigo de um grupo de jogadores e visitou um familiar de atleta no hospital. D´Angelo oferecia de tudo: celulares, carregadores, netbook e caixas de som.
Foram quatro jogadores enganados por ele. Ele recebia o dinheiro, mas não entregava os produtos. O acusado pegou dinheiro até de um roupeiro do Corinthians e nunca entregou o Iphone.
Ficha suja
A ficha de D’Angelo é extensa. A reportagem levantou 10 processos contra ele na Justiça paulista. O homem também tem processos na Justiça do Rio de Janeiro.
D’Angelo costumava usar o mesmo expediente. Ele dizia ser funcionário da Globo para praticar os estelionatos. Em outros golpes, comentava que trabalhava na produção da ESPN, o que jamais ocorreu.
Um jornalista esportivo, que pediu para não ter o nome revelado, teve prejuízo de mais de R$ 5 mil com D’Angelo. No processo, o repórter informa que o homem prometeu vender ingressos da Copa do Mundo por preços promocionais e que havia conseguido os bilhetes com a organização da Visa. Ao receber o valor dos supostos ingressos, D´Angelo sumia. “Ele [D’Angelo] nos convidou a um jogo de basquete em Mogi das Cruzes para se apresentar. Ele dizia ser do Sportv. Não suspeitamos porque ele ficava dentro da quadra, próximo à equipe do Sportv, e tinha até o credenciamento do jogo de basquete. Parecia de fato que era um profissional da emissora. Mas na verdade ele armou todo um esquema para colocar na cabeça da gente que era um cara importante. Posteriormente, ele ofereceu pacotes de ingressos da Copa, dizendo que tinha acesso a ingressos da Visa”, disse o jornalista.
“Assim que houve o depósito, ele dava uma desculpa a cada dia. Ele enganou um grupo de pessoas. Depois de pressionado, ele avisou que tinha feito o depósito devolvendo os valores porque não tinha conseguido os ingressos com a Visa. Ele até mandou um comprovante, mas o envelope estava vazio”, complementou a vítima.
Em outra ação, um estudante alega que D’Angelo ofereceu camarotes em Interlagos para assistir ao GP do Brasil de Fórmula 1. Se passando por jornalista da Globo, o estelionatário diz que havia obtido os bilhetes da emissora. As conversas foram feitas via aplicativo Whatsapp.
A vítima diz no processo que fez dois depósitos a D’Angelo, totalizando R$ 900, mas não recebeu os supostos bilhetes de camarote. A conversa pelo Whatsapp e os comprovantes de depósitos foram anexados ao processo.
D’Angelo também responde a processo por estelionato. Um homem alega na Justiça ter dado R$ 350 para que D’Angelo comprasse óculos no freeshop. D’Angelo teria se passado por funcionário da Globo, dizendo que tinha amizade com o dono da loja dentro do aeroporto e que, dessa forma, conseguiria comprar o produto. Mas não houve a entrega. Na cidade de Avaré-SP, mais de 10 pessoas teriam caído no golpe, seduzidas com preços baratos de Iphone.
Oficiais de Justiça foram a dois locais apontados como residência de D’Angelo, mas não localizaram. Chamado para apresentar defesa nos tribunais nos diversos processos movidos, o homem não compareceu a nenhum chamado. Uma mulher, que se identificou como mãe adotiva, informou à Justiça desconhecer o paradeiro do acusado.
Procurados pela reportagem, os jogadores citados na reportagem não quiseram comentar o assunto.
A reportagem ligou para dois números apontados nos processos como sendo de D’Angelo, mas não houve retorno. A Rede Globo informa que o acusado jamais trabalhou na empresa.
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