Um homem foi preso na manhã desta sexta-feira (25) no bairro de Aldeota, região nobre de Fortaleza, sob suspeita de manter a mulher e os seis filhos em cárcere privado.
Com idade entre 4 e 19 anos, os irmãos não frequentavam escola, não iam a médicos e o pai não permitia que recebessem visitas ou deixassem o local, segundo a polícia. Dois deles, os mais novos, sequer têm documentos, como a certidão de nascimento. A suspeita é que estivessem presos no local havia 19 anos, desde o nascimento da primogênita.
Os menores foram levados para uma unidade de acolhimento, enquanto a mãe e a filha mais velha receberam atendimento e prestaram depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher.
No apartamento não havia camas -todos dormiam em redes. Foi aberto um inquérito policial para averiguar se a mulher e os irmãos sofriam violência e se recebiam alimentação adequada.
O nome do homem, identificado apenas como um empresário, não foi divulgado. Segundo a Defensoria Pública do Ceará, ele aparentou sofrer problemas psíquicos. As crianças mais novas apresentaram problemas para falar.
“Pelos fatos apontados não há dúvidas quanto a incapacidade dos genitores de manterem os filhos sob sua guarda e responsabilidade”, disse Ana Cristina Barreto, da Defensoria Pública do Ceará, que entrou com ação de medida preventiva para acolhimento dos filhos menores de idade após uma denúncia anônima.
A denúncia foi feita por meio do Disque 100, que recebe chamadas para casos relacionados contra os direitos humanos. Na sexta (18), membros do Conselho Tutelar estiveram na residência e constataram a suspeita de cárcere privado, o que fez a defensoria entrar com a ação.
Nesta sexta (25), a juíza da 3ª Vara da Infância e Juventude, Mabel Viana Maciel, deferiu o pedido, que foi executado pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e Adolescente, acompanhada dos conselheiros tutelares e dos defensores públicos do Nadij (Núcleo de Atendimento da Defensoria da Infância e da Juventude).
“Vamos tentar manter, dentro do possível, os irmãos na mesma unidade, de forma a assegurar a proteção integral de seus direitos”, disse Barreto. Eles passarão, porém, por avaliações individuais, para análise de problemas que o cárcere possa ter causado.
Não é a primeira vez este ano que o Ceará registra um caso de cárcere privado por anos. Em março, um homem foi preso suspeito de manter a irmã por 16 anos trancada em casa em Uruburetama, a 120 km de Fortaleza. Ela foi achada nua e sem conseguir falar. (Folhapress)
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