Com a segurança e tranquilidade expressa na voz plácida de quem acredita no que diz, o presidente estadual do PT, Ceser Donisete, reafirmou, na manhã desta sexta-feira(10), a pré-candidatura do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), e o classificou, diante do cenário atual, como o “melhor nome da oposição”.
Sobre as divergências entre Gomide e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), Donisete disse ser “um problema menor, que não deve ser priorizado”. A opinião de Paulo, que defende a prioridade do PMDB na cabeça da chapa, será levada ao conselho de delegados e decidida em conjunto com os demais membros do partido.
A tendência, porém, é que o prefeito da Capital saia em desvantagem. “Todo partido quer lançar um nome e o mais forte, hoje, é o nosso”, afirmou.
Os ataques trocados entre os petistas nos últimos dias foi ignorado pelo presidente, que disse não se preocupar. “Não podemos nos prender a problemas pequenos, quando temos questões mais importantes para serem resolvidas”, declarou.
Às especulações sobre interferência da cúpula nacional no processo, Ceser Donisete esclareceu: “Quem defende composição com o PMDB, é o PT regional, que acredita na união das oposições. Nacionalmente, o partido quer nomes competitivos.”
O petista lembrou ainda casos, como o do Rio de Janeiro, em que as duas legendas terão candidatos ao Governo. Em tais situações, a presidente Dilma Rousseff (PT) terá dois palanques regionais.
A entrevista, na íntegra a seguir, foi concedida na manhã de hoje, após a reunião entre líderes na sede do partido, no Setor Sul. Participaram do encontro, além do presidente, os deputados estaduais Mauro Rubem e Karlos Cabral, o ex-presidente da AMT Senivaldo Ramos e o ex-deputado e subchefe de Assuntos Federativos da Presidência da República, Olavo Noleto.
A reunião da Executiva estadual está marcada para o dia 25 deste mês e a convenção dos delegados deve ocorrer até o dia 15 de março.
Qual foi a pauta da reunião desta sexta-feira?
Foi uma reunião de continuidade das conversas do partido. Desde a semana passada estamos dialogando com partidos de oposição sobre a composição da chapa majoritária para 2014. Já tivemos várias reuniões com a cúpula nacional e estamos afunilando a nossa candidatura. Falamos com a direção nacional, em Goiás falamos com o prefeito Paulo Garcia, que confirmou que não será candidato.
Quais foram as definições?
A definição é que, hoje, nosso pré-candidato é o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, e temos um calendário partidário a seguir.
Faremos uma reunião da executiva no dia 25 de janeiro e em março um encontro de delegados do partido. Daqui pra lá, vamos encaminhar para que tenhamos condições de contribuir com a formação de uma chapa forte para disputar com o PSDB em outubro deste ano.
Qual a influência do PT nacional neste processo?
A orientação nacional é fazer uma chapa mais forte possível. Não há nenhuma determinação para o apoio ao PMDB. Esta é uma posição nossa, em Goiás, que estamos pensando na melhor maneira de conseguirmos a vitória.
Em vários Estados, como no RJ, o PT e o PMDB têm candidatos próprios. Hoje, nosso nome é do prefeito Antônio Gomide. Vamos apresentar nossa posição para o PMDB e tentaremos um consenso.
E quanto a convicção do PMDB de que terá a cabeça da chapa?
Todo partido tem que ter convicção da cabeça de chapa. É preciso enxergar isso como uma vantagem. A oposição em Goiás tem mais nomes que a base governista. Isso é bom. Acredito que, ao menos no segundo turno, estaremos todos unidos.
Existe alguma obrigação de reciprocidade, como prega Paula Garcia, baseado nos resultados das eleições de 2012?
Não existe acordo nenhum. Se fosse pra ter alguma troca, seria então a nossa vez. Em 2010 apoiamos o PMDB. A questão central é a formação de uma chapa com condições de vencer.
Não teríamos problemas com um candidato do PMDB. O que queremos é a compreensão de que precisamos de um candidato forte. Hoje, acredito que o nosso candidato é o mais forte.
Os prefeitos Antônio Gomide e Paulo Garcia têm trocado alfinetadas. As divergências demonstram um problema interno?
Temos várias lideranças no PT e é natural que algumas declarações sejam divergentes. O fundamental é trabalharmos para a unificação entre os partidos da oposição, como um todo, para a eleição. As outras questões são menores e vão se resolver.
Pra nós não há problemas nas divergências de opiniões. O Paulo é um militante de suma importância, mas temos que discutir com todos. Cabe ao partido fazer os encaminhamentos que devem ser feitos, respeitando todas as opiniões. Pode até gerar algum desgaste, mas não é prioritário no momento.
Como o senhor avalia a gestão da Capital?
Eu vejo muita ação da prefeitura em Goiânia. Os desgastes existem, mas podem ser revertidos. O único político que pode reverter imagem é do Executivo. Basta olharmos o que aconteceu com a presidente Dilma. Às vezes, a questão que hoje é um problema, amanhã é uma vantagem. Eu vejo a gestão do Paulo como uma boa gestão. Ele tem investido em pontos importantes.
Existe alguma preferência do PT em relação ao ex-governador Iris Rezende, em detrimento do empresário Júnior do Friboi?
Não. O que entendemos é que se temos a possiblidade de termos o melhor time, temos que jogar com ele. E se estamos colocando, neste momento, o nome do Otoni, é porque entendemos que é o melhor.
Quando a definição será, de fato, apresentada?
A definição é para março. O PT já definiu, em nível nacional, que os encontros de delegados devem ser até meados de março.
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