11 de agosto de 2024
Brasil

“Hoje, eu só temo a morte da democracia”, diz Dilma

A Presidente da República afastada Dilma Rousseff apresentou sua defesa aos senadores no julgamento do impeachment na manhã desta segunda-feira (29). Em seu discurso, Dilma afirmou que foi criado um ambiente de instabilidade política com o não funcionamento das comissões da Câmara durante o ano de 2016, não aprovação de projetos do governo, o que contribuiu para o agravamento da crise econômica.

“As forças oposicionistas somente conseguiram levar adiante o seu intento quando outra poderosa outra força política à eles se agregou. A força política dos que queriam evitar a continuidade da sangria de setores da classe política, motivada pelas investigações sobre corrupção e o desvio de dinheiro público. É notório que durante o meu governo e do presidente Lula, foram dadas todas as condições necessárias para que as investigações fossem realizadas”, disse ela.

“Contrariei interesses, por isso, paguei e pago um elevado preço pessoal pela postura que tive. Arquitetaram a minha destituição, independentemente da existência de quaisquer fatos que pudessem justifica-la perante a nossa Constituição. Articularam e viabilizaram a perda da maioria parlamentar do governo, situações foram criadas com o apoio escancarado de setores da mídia para construir o clima político necessário para a desconstituição do resultado eleitoral de 2014. Todos sabem, que este processo de impeachment foi aberto por uma chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como chegou a reconhecer em declarações a imprensa, um dos próprios denunciantes”, ressaltou a presidente afastada.

Veja o vídeo:

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“As mulheres brasileiras têm sido um esteio fundamental para a minha resistência. Me cobriram de flores e me protegeram com sua solidariedade. Parceiras incansáveis de uma batalha em que a misoginia e o preconceito mostraram suas garras. As brasileiras expressaram neste combate pela democracia e por seus direitos, sua força e resiliência. Bravas mulheres brasileiras que tenho a honra e o dever de representar como primeira mulher Presidenta da República”, destacou Dilma Rousseff.

Ainda em sua defesa, a presidente afastada afirmou que tem a consciência tranquila. “Não pratiquei nenhum crime de responsabilidade, as acusações dirigidas a mim são injustas e descabidas, caçar em definitivo o meu mandato é como me submeter a uma pena de morte política. Esse é o segundo julgamento a que sou submetida, em que a democracia tem assento junto comigo no banco dos réus. Na primeira vez, fui condenada por um tribunal de exceção. Daquela época, além das marcas dolorosas da tortura, ficou o registro, a foto, da minha presença diante dos meu algozes, no momento em que eu os olhava de cabeça erguida, enquanto eles escondiam os rostos com medo de serem reconhecidos e julgados pela história. Hoje, quatro décadas depois, não há prisão ilegal, não há tortura, meus julgadores chegaram aqui pelo mesmo voto popular que me conduziu a presidência. Tenho por todos, por isso, o maior respeito. Mas continuo de cabeça erguida, olhando nos olhos dos meus julgadores. Apesar das grandes diferenças sofro de novo com o sentimento de injustiça e o receio de que mais uma vez, a democracia seja condenada junto comigo. Não tenho dúvida, que desta vez, todos nós seremos julgados pela história. Por duas vezes vi de perto a face da morte. Quando fui torturada por dias seguidos, submetida a sevícias que nos faziam duvidar da humanidade e do próprio sentido da vida, e quando uma doença grave e extremamente dolorosa poderia ter abreviado a minha existência. Hoje, eu só temo a morte da democracia”, conclui Dilma Rousseff.


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