O governador Ronaldo Caiado celebrou com emoção o início dos atendimentos 100% SUS no Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (CORA), em Goiânia. A unidade, especializada em média e alta complexidade em oncologia, começou a operar nesta segunda-feira (9) com foco exclusivo no tratamento de crianças e adolescentes com câncer.
“Hoje é o dia mais importante da minha vida. Só de Goiás, são 180 crianças em Barretos porque não havia um local para tratar aqui. Muitos achavam que esse hospital não sairia do papel, e hoje está concretizado um sonho”, afirmou Caiado, durante a solenidade de início das operações do complexo.
A pequena Sofia, de apenas quatro anos, foi uma das primeiras pacientes a serem atendidas pelo Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (CORA). Natural de Goiânia, a menina precisou se mudar com os pais para Barretos, em São Paulo, para ter acesso ao tratamento contra o câncer, já que até então Goiás não dispunha de estrutura especializada para casos como o dela. Durante a cerimônia de início das operações do CORA, o governador Ronaldo Caiado se emocionou ao reencontrar Sofia.
“Hoje, ao entrar aqui, eu vi a Sofia, quatro anos de idade. Os pais, empresários aqui em Goiânia, tiveram que mudar para Barretos. Como ela, tantas outras crianças. E agora estão podendo voltar para casa. Isso aqui é inédito, é um sonho realizado”, declarou, visivelmente tocado.
Funcionamento da primeira etapa
Ainda em fase pré-inaugural, o CORA abre sua primeira etapa da Fase 1 com atendimento voltado a pacientes de 0 a 17 anos e 11 meses com suspeita ou diagnóstico de câncer, incluindo neoplasias hematológicas e tumores sólidos. Jovens de até 23 anos e 11 meses com neoplasias malignas ósseas também serão acolhidos.
A unidade funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. O atendimento ambulatorial ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Nesta fase inicial, são 60 leitos disponíveis sendo 48 de internação e 12 de observação, além de UTIs pediátrica e para Transplante de Medula Óssea (TMO), pronto-socorro e enfermarias clínicas e cirúrgicas.
Ao todo, o complexo já conta com 115 espaços de cuidados, incluindo centro cirúrgico, hospital-dia para TMO, centro infusional, ambulatório, setor de radiologia e áreas para emergência, isolamento e procedimentos.
“Construímos um hospital que nem os privados do Brasil oferecem. Aqui há tecnologia que levaria 15 ou 20 anos para ser implantada em qualquer outra unidade. Fizemos em dois anos e um mês”, ressaltou o governador. Segundo ele, o CORA possui estrutura inédita, como salas cirúrgicas acopladas a scanners para garantir precisão total em cirurgias neurológicas infantis. “Temos suítes para os pais, brinquedoteca, áreas de convivência e UTIs embutidas no setor de transplante tudo pensado para acolher com humanidade”, completou.
Atendimento multidisciplinar e alta capacidade
Nesta fase inicial, o CORA oferece atendimento nas especialidades de Oncologia Pediátrica, Ortopedia Pediátrica, Cirurgia Pediátrica e Neuro-oncologia Pediátrica. A estrutura também abriga equipes multidisciplinares de enfermagem, psicologia, nutrição, odontologia, fisioterapia, terapia ocupacional, assistência social, farmácia e fonoaudiologia.
Os serviços de apoio diagnóstico e terapêutico (SADT) incluem ressonância magnética, tomografia, transfusões, hemodiálise e análises clínicas. O hospital terá capacidade inicial para realizar 31 cirurgias por mês, 280 consultas médicas, 560 atendimentos multiprofissionais, 264 sessões de quimioterapia e 50 atendimentos de urgência mensais.
Próximas etapas e ampliação
O vice-governador Daniel Vilela anunciou que o projeto do hospital oncológico adulto já está pronto. “Vamos começar pela radioterapia, que servirá tanto para o público infantil quanto adulto. E em seguida, iniciaremos as obras do hospital adulto, que terá maior extensão, mas seguirá o mesmo padrão de excelência”, garantiu.
Vilela ainda destacou a eficiência da obra. “O próprio Henrique Prata vai devolver recursos economizados na construção. Isso mostra a responsabilidade e a transparência na gestão dos recursos públicos”, afirmou.
Reconhecimento nacional
Henrique Prata, presidente do Hospital de Amor de Barretos, parceiro do Estado na gestão do CORA, também participou da cerimônia e elogiou a condução do projeto. “O que o Ronaldo proporcionou aqui é inédito. Ele quis fazer o certo, mesmo que custasse mais. E o certo, neste caso, é oferecer tratamento de excelência para todos, independente de condição social. Só pessoas tementes a Deus fazem isso com tamanha justiça”, afirmou.
Segundo Prata, a estrutura do CORA está entre as melhores do mundo. “O Instituto Ronald McDonald, que atua globalmente, disse nunca ter visto uma casa de apoio como a que será entregue aqui. O hospital foi pensado nos mínimos detalhes: do transplante de medula à convivência familiar, passando pelo acolhimento humanizado”, destacou.
Um novo capítulo na saúde pública de Goiás
O CORA representa um marco histórico na saúde pública de Goiás. A obra foi viabilizada após três anos de negociação para obtenção da área da Embrapa, e construída em apenas dois anos e um mês. O investimento total será de R$ 250 milhões, menos da metade do valor gasto em outras obras públicas de menor impacto, como lembrou o governador.
Durante seu discurso, Caiado também lembrou das dificuldades enfrentadas para viabilizar o CORA, incluindo as tentativas de impedir a construção da unidade. “Fizeram de tudo para tentar embargar essa obra. Usaram números fora da realidade, criaram obstáculos, travaram por três anos a liberação do terreno da Embrapa. Mas eu sou temente a Deus e não desisti. Hoje está aqui, concretizado, o hospital que muitos diziam que não sairia do papel e que, se saísse, não atenderia os que mais precisam”, afirmou.
Vale lembrar que a denúncia do diretório estadual do PSDB, assinada pelo presidente nacional do partido, Marconi Perillo, contra o Governo de Goiás por possíveis irregularidades na construção do Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás foi rejeitada. O documento foi arquivado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).
“Enquanto gastaram R$ 500 milhões num aeroporto onde nem drone aterrissa, aqui fazemos uma entrega que salva vidas. As primeiras 12 crianças já estão sendo recebidas e, até amanhã, serão 30, 40, 50. Goiás hoje tem um hospital público melhor do que qualquer particular”, concluiu Caiado.
A inauguração oficial do complexo está prevista para o final de julho ou início de agosto, quando todas as áreas externas, como paisagismo e jardins, estiverem concluídas. A cerimônia deverá contar com homenagens a doadores e parceiros da iniciativa.
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