O Diário de Goiás começa hoje uma série de entrevistas que remontam o perfil político e pessoal do ex-governador Mauro Borges. Sua história será recontada por amigos, políticos, jornalistas e cidadãos goianos que experimentaram parte de sua trajetória. Dividiram e conheceram o Plano Mauro Borges.
Estreamos com o jornalista e escritor Hélio Rocha, autor de Inquilinos da Casa Verde – Governos de Goiás de Pedro Ludovico à volta de Marconi Perillo. A obra relata parte da história política do Estado, com destaque para Mauro Borges, a quem Hélio Rocha se refere como “melhor governador goiano”.
Como Mauro Borges é descrito em seu livro – Inquilinos da Casa Verde?
O livro traz um depoimento muito sincero dele além da história de sua campanha eleitoral, da movimentação no dia das urnas, o histórico do seu governo, que foi planejado, centrado na realidade e com um padrão inovador. Mauro Borges foi um governador que trabalhou com planejamento, nada foi improvisado. Até hoje a modernização que ele imprimiu em sua gestão repercute nas novas administrações.
Qual foi o marco de modernização no governo Mauro Borges?
Em uma época em que havia a necessidade no Brasil, de um modo geral, e em Goiás, em especial, de interferência do poder público na economia, Mauro Borges fez isso muito bem. Ele cobriu as lacunas do Estado com a criação de órgãos, como o Ipasgo, a Caixego e outros, dos quais alguns sobrevivem, que deram impulso a economia goiana.
Quais as semelhanças e diferenças entre Mauro Borges e seu pai, Pedro Ludovico Teixeira?
Os dois tinham semelhanças, principalmente no que diz respeito ao caráter, ao compromisso com a ética, mas Pedro Ludovico já tinha governado o Estado já algum tempo o que cria acomodações e um certo conservadorismo. O Mauro veio com a ousadia de fazer mudanças, contrariando os políticos conservadores. Aqui está a diferença. Mauro Borges inovou o legado político deixado pelo pai.
Como foi o dia da deposição de Mauro Borges, logo após o golpe militar?
Foi um dia dramático, dia de uma grande injustiça. Há pouco tempo escrevi um artigo dizendo que Castelo Branco não merece artigo, pois a única coisa que ele fez em Goiás foi a maldade de usar a força política para decretar uma intervenção no Estado. Enfim, o dia da deposição foi pesaroso, mas passado algum tempo veio a anistia e ele pode retomar as atividades para dar continuidade a uma bonita carreia política.
Qual foi a importância de Mauro Borges na estrutura política da época, com o bipartidarismo entre PSD e UDN?
Ele preencheu os cargos em seu governo sem pedir atestado ideológico para ninguém. Ele colocou em uma importante secretaria do governo um homem que era da UDB, o Ari Demóstenes, demonstrando seu espírito contemporizador, sem nunca tentar trocar favores, como assistimos atualmente. Ele recrutava, mas sem barganhas. Quem vinha para o governo não vinha por cargos ou favores.
O que desagradou muita gente, levando-o a perder alguns adeptos do PSD.
Estamos ouvindo a repetição da expressão Plano MB. O que foi esse Plano?
Foi um Plano que surgiu em 90% da cabeça de Mauro Borges com a orientação técnica da Fundação Getúlio Vargas. Foi um plano muito bem montado e muito bem executado também.
A disputa com Santillo teria sido difícil a mais difícil para Mauro Borges?
Temos que reconhecer que Henrique Santillo foi um político de muitos votos, o que pesou muito. Santillo era muito forte e era apoiado por uma estrutura melhor que estava no poder.
Comparando os governadores da história de Goiás, em que nível está colocado Mauro Borges?
Ele está em primeiro lugar. Foi o melhor governador do Estado. Por todos os seus valores, integridade, visão de gestão. Por tudo isso foi o melhor.
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