Em busca constante de holofote, e sem procurar pelas informações corretas, o deputado federal goiano Gustavo Gayer (PL) divulgou, em suas redes sociais neste sábado (14), a informação de que um decreto do governo federal estaria fazendo “parceira com terroristas” da Palestina. No vídeo, o parlamentar mistura informações e usa, até mesmo, a data em que o decreto foi publicado – 11 de setembro – para citar o atentado que destruiu as Torres Gêmeas em Nova York em 2001.
Vale lembrar, porém, que o ataque de 11 de setembro foi de responsabilidade do Al-Qaeda que, na época, era liderado por Osama bin Laden e que eram do Paquistão, que fica a mais de 3 mil km de distância de Israel. Mas muito além desta informação acrescentada aleatoriamente por Gustavo Gayer, ele ainda compara o Hamas com a Autoridade Nacional da Palestina (ANP), que são grupos diferentes, inclusive, rivais.
Essa fala de Gayer vem embasada em uma fake news que já vem correndo a uns dias. No viral, uma imagem exibe a captura de tela de um decreto presidencial de 2010 sobre a doação de R$ 25 milhões para a reconstrução de Gaza e afirma falsamente: “Hamas é o grupo terrorista que Lula doou R$ 25 milhões”.
Outra imagem usa a captura de tela de um decreto presidencial de 2023 e é acompanhada do seguinte texto sobreposto: “Dinheiro dos brasileiros sendo utilizado para financiar o terrorismo”; “Lei 11695 de 11/09/2023. Planalto.gov. Consulte o Google”.
O documento, porém, cita nominalmente a Autoridade Nacional Palestina e, o presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva (PT), tem sim dito abertamente que procura acordos tanto com a ANP, quanto com o presidente de Israel para salvar pessoas inocentes das áreas de riscos de guerra no local, principalmente brasileiros.
Para reforçar, segundo o UOL, que entrevistou especialistas para falar do assunto, a Autoridade Nacional Palestina e o Hamas não são a mesma coisa. Os dois são rivais. A Autoridade Nacional Palestina é controlada pelo Al Fatah, um partido laico, e é presidida por Mahmoud Abbas (veja aqui e aqui, em inglês), que controla a Cisjordânia. Desde 2006, o Hamas controla a Faixa de Gaza, quando derrotou o Fatah nas eleições.
O Hamas é um grupo islâmico, não reconhece o Estado de Israel, e é considerado como terrorista por países como Estados Unidos, Israel, Canadá, Japão e a União Europeia. A ONU não classifica a organização como terrorista e, por isso, o Brasil também não. A Autoridade Nacional Palestina, ao contrário do Hamas, é favorável à criação de dois Estados, Israel e Palestina. Ela surgiu no contexto do Acordo de Oslo, em 1993, e deveria ser uma espécie de governo provisório enquanto as negociações do conflito avançassem até a criação do Estado palestino, o que ainda não ocorreu.
Ainda sobre Gustavo Gayer, não é a primeira vez que o deputado goiano deturpa informações para sua conveniência. Recentemente, o parlamentar precisou até apagar uma postagem em que uma mulher informava em um vídeo que o encaminhamento das doações para vítimas do ciclone no Rio Grande do Sul teriam sido paralisadas para aguardar a chegada do presidente Lula.
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