Steve Bannon é talvez o cidadão que pode ser classificado como principal responsável pela ascensão de uma direita alternativa no mundo. Coordenador da campanha de Donald Trump dizem que foi ele um dos principais responsáveis pela vitória nas eleições em 2016 do atual presidente dos Estados Unidos. Depois de alguns meses, trabalhando na Casa Branca, Bannon pediu pra sair e se instalou na Europa com apenas um objetivo: apoiar e articular a ‘nova direita internacional’ em diversos países do mundo. O Brasil, óbvio, não poderia deixar de estar em seu mapa. Pouco antes das eleições em 2018, Eduardo Bolsonaro, filho do então deputado federal Jair Messias Bolsonaro, visitou o que pode ser considerado guru intelectual de Trump para pegar alguma consultoria com o vitorioso chefe de campanha.
À BBC Brasil em entrevista publicada neste domingo (10/11), Bannon comentou sobre a libertação do ex-presidente Lula. Steve classificou o petista como “o maior ídolo da esquerda globalista do mundo”. Sua importância mundial é tão grande que ofusca até o ex-presidente norte-americano, Barack Obama. Sua saída da prisão? Bannon diz que poderá causar “enorme perturbação política ao Brasil”. Não à toa, nem dois dias depois a libertação do ex-presidente causou um terremoto não apenas no Brasil, mas no mundo todo.
O jornalista norte-americano Bob Woodward relata em seu livro “Medo: Trump na Casa Grande” (Ed. Todavia) que Bannon e Trump se referiam aos seus eleitores como “cabeças-de-bagre”. Se Bannon esnoba até mesmo os seus aliados, o que dizer daqueles que figuram como principais opositores aos seus interesses? “Agora que está livre, Lula vai virar um imã para a esquerda global se intrometer na política brasileira. Ele é o ‘poster boy da esquerda globalista'”, pontuou. Bannon vai além: Lula é um dos políticos “mais cínicos e corruptos do planeta”.
Sobre o impacto da libertação de Lula sobre a imagem de Bolsonaro, Bannon diz que indiretamente isso “fortalece” Bolsonaro. “E Bolsonaro, Lula e o Judiciário permitindo que Lula saia da prisão, isso vai fortalecer Bolsonaro. Acho que os seguidores dele verão a importância de continuar empurrando a agenda dele com um senso extra de urgência”, porém terá seu custo. “Mas acho que isso vai causar uma perturbação enorme no Brasil, potencialmente enorme”, sentencia.
Questionado sobre o porquê considera que deverá causar o que ele chama de “perturbação” no Brasil, Bannon responde: “Lula é o esquerdista o mais celebrado da história do mundo. O que eu chamo reino do terror financeiro e da corrupção… Foi Lula que fez essa roda girar em conchavo com um bando de políticos corruptos brasileiros. Lula é uma figura trágica. Dado de onde veio e sua ascensão política, havia muitas, muitas coisas boas que ele estava fazendo. Mas ele é alguém que foi corrompido por dinheiro e poder. É evidente e, para mim, isso agora vai causar uma enorme perturbação política no Brasil”, enfatizou.
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