10 de outubro de 2024
Eleições 2024 • atualizado em 10/10/2024 às 09:50

Grande desafio do 2º turno será reverter número de abstenção em Goiânia, afirmam especialistas

Especialistas afirmam que a alternativa para reverter abstenção é mobilizar o eleitor, já que a probabilidade do aumento de não votantes é alta
No primeiro turno, 290.754 mil eleitores (28,23%) de Goiânia não foram às urnas votar no domingo (6) para vereador e prefeito. (Foto: Reprodução).
No primeiro turno, 290.754 mil eleitores (28,23%) de Goiânia não foram às urnas votar no domingo (6) para vereador e prefeito. (Foto: Reprodução).

Após um recorde histórico de primeiro turno, onde 290.754 mil eleitores de Goiânia (28,23%) não foram às urnas votar, ascendeu a discussão sobre as principais motivações dessa desinteresse do eleitor e quais serão os rumos necessários para reverter esse cenário. Para o professor e consultor, sócio da Métis Consultoria, Luís Carlos Fernandes, “os candidatos têm que começar a pensar em pedir voto e pedir que o eleitor vá votar também”.

Conforme o especialista, no segundo turno que será disputado em Goiânia entre Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (UB), a alternativa será mobilizar o eleitor, já que a probabilidade do aumento de abstenção é alta. “Eu acho muito pouco provável reverter esses 28%. Eu imagino que deva ir lá para os 30% ou 38%. Isso prejudica o processo democrático e a legitimidade do eleito, mas faz parte do jogo político. A não manifestação é uma forma de manifestação política também”, afirmou.

Em entrevista ao Diário de Goiás, o professor e doutor em Comunicação, Luis Signates explica que reversão disso “depende de fazermos das eleições uma festa da democracia e, cada vez mais, pelas mídias e o sistema escolar, impulsionarmos um movimento de valorização da política”, afirmou. Ele completa explicando que hoje, valorizamos mais a vida privada do que o interesse público e essa distorção causa o desinteresse naquela atividade que é a mais importante de todas. “É preciso, portanto, de educação política para conseguirmos reverter ou minorar isso”, completou.

Para Márcio Lima, especialista em comunicação e marketing político, reverter o cenário de abstenção em Goiânia será o grande desafio dos candidatos. Acho que a grande questão hoje do marketing das duas campanhas é, primeiro, tentar diferenciar quem é realmente o representante da direita, quem de fato representa a direita. Esse é o primeiro desafio das campanhas. O segundo desafio é fazer com que esse eleitor que deixou de comparecer, volte às urnas e faça a melhor escolha para Goiânia”, explicou o especialista em entrevista ao Diário de Goiás.

Já para o cientista político Pedro Célio, a única alternativa é apostar na essência da politica: apresentar e debater opções coladas na realidade e viáveis. “Mesmo que sejam as ideais ou desejáveis. Isso é valido não só para o segundo turno, mas também para a continuidade do processo, por parte de quem acredita e defende a democracia”, concluiu.

Desencanto com a política

Segundo Signates, a razão clássica da abstenção é o desencanto com a política. Ele destaca que trata-se de um problema que aflige praticamente todas as democracias do mundo, hoje. “Os gregos na Antiguidade consideravam a política a mais nobre das atividades às quais um ser humano pode se dedicar, porque é o único lugar em que ele abandona seus interesses pessoais, egoístas, e dedica sua vida ao bem estar de todos. E, por essa razão, a política é o único lugar de onde se pode conquistar a posteridade, a lembrança das gerações futuras, que era o significado da imortalidade para a cultura grega”, contextualiza.

Para Pedro Célio, esse abstencionismo recorde em Goiânia e no Brasil relaciona-se com a enorme insatisfação com o sistema político. “Mesmo a alternativa “antissistema” não conseguiu mostrar-se atraente para boa parcela dos eleitores descrentes com a politica”, afirmou. Márcio Lima destacou que o que acontece mesmo é que as pessoas talvez não se identificaram muito com as propostas dos candidatos para que isso pudesse refletir no dia-a-dia delas ou sanar algumas problemas que têm acontecido em Goiânia.

Luiz Carlos Fernandes aponta para outra questão em que parte do eleitor não está vendo mais sentido na questão do voto, porque não existe uma questão vinculante entre as promessas e a realização. “Então, é o que alguns autores norte-americanos vão chamar de cinismo. E isso aí gera essa fragmentação partidária que a gente está vendo. Temos hoje, talvez, 29 partidos, só nove são realmente representantes de peso no país”, afirmou o especialista.


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