O governo Michel Temer (MDB) vem usando imagens de obras concedidas pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo das quais não participa para promover seu programa de investimentos chamado Avançar.
Propagandas de televisão do Palácio do Planalto que foram ao ar em dezembro e em janeiro exibiram imagens do Trevo de Ribeirão Preto e da rodovia Castello Branco, ambas paulistas, ao exaltar as medidas da administração federal para promover a recuperação da economia.
As duas obras rodoviárias são administradas por concessionárias do governo de São Paulo. O trevo, na rodovia Anhanguera, foi entregue no final de 2014 com investimento de R$ 120 milhões.
A Castelo Branco é administrada pela CCR ViaOeste desde 2006, com término previsto para 2022.
Não há investimento do governo federal nos projetos.
Na peça publicitária do Planalto, depois de o narrador dizer que, “quando parece que a crise não tem jeito, o progresso volta com força”, aparece imagem do trevo.
“O governo federal criou o programa Avançar, que retomou mais de 7.000 obras paradas”, enaltece o locutor.
Em nota, o governo Temer afirmou que “a publicidade do programa Avançar usa imagens demonstrando a retomada da economia em vários setores, para mostrar a abrangência e amplitude da expansão do crescimento do país nos últimos meses”.
Segundo a administração federal, “não se identifica obra específica, mas usa-se um todo simbólico do que acontece no país”.
A gestão Alckmin não quis se manifestar.
O Avançar foi criado por Temer para estimular investimentos privados na administração federal. A execução do programa é tocada pela Secretaria do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), por sua vez chefiada por Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral.
Desgaste
O episódio ocorre depois de desgastes na relação entre Temer e Alckmin. Aliados do presidente manifestaram ter mágoas da distância que o governador tucano adotou em relação ao emedebista. Em especial, reclamaram do engajamento, a seu ver tímido, do paulista na defesa da reforma da Previdência.
No entorno de Alckmin, críticas a práticas do governo Temer como a nomeação de ministros em troca de apoios no Congresso, entre outras, sempre foram listadas para justificar a distância.
Pré-candidato à Presidência, o tucano teme ser prejudicado pela impopularidade recorde do governo Temer se, ao endossar suas bandeiras, acabar sendo associado a ele. (Folhapress)
Leia mais:
- Temer comemora inflação abaixo da meta e fala em manter queda de juros
- Ministro diz que Alckmin tem ‘maior densidade’ eleitoral para reformas
Leia mais sobre: Brasil