O Ministério da Agricultura decidiu interromper temporariamente a produção e certificação sanitária de produtos de aves da BRF exportados do Brasil para a União Europeia a partir desta sexta-feira (16), em mais um revés para a maior exportadora de carne de frango do mundo.
A suspensão ocorre depois de a BRF ter sido alvo de uma nova fase da operação Trapaça da Polícia Federal, no início do mês e em meio a discussões sobre mudança de gestão da companhia.
A medida afeta dez fábricas da companhia nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná e Goiás. A BRF tem no Brasil 35 unidades produtivas.
Segundo a BRF, os produtos já alocados na União Europeia ou produzidos e embarcados antes de 16 março podem ser comercializados e utilizados sem restrições na UE.
Técnicos do Ministério da Agricultura vão se reunir na próxima semana em Bruxelas com as autoridades sanitárias das União Europeia para prestar esclarecimentos técnicos. Após a reunião, a medida será reavaliada, disse a BRF.
No mercado há avaliações de que se trata de uma medida para evitar ações mais drásticas e duradouras pela União Europeia, até que o Brasil e o bloco se reúnam na próxima semana. A decisão, contudo, pode fazer a empresa redirecionar produtos para outras regiões e se demorar para ser suspensa poderá desequilibrar a relação de oferta e demanda de aves nesses mercados.
A BRF informou que embarcou 278 mil toneladas de aves e produtos processados para a Europa no ano passado. A companhia não detalhou quanto desse total teve origem nas fábricas brasileiras.
De acordo com um analista de uma grande corretora do país, em termos de volume, a suspensão afeta menos do que 5% do volume total da BRF, assim não teria um impacto expressivo na companhia, mas vem em um momento em que a BRF tem necessidade de expandir margens e reduzir endividamento.
Repercussão
Em nota divulgada nesta sexta-feira, a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) condenou a suspensão, pela União Europeia, das importações de frango da BRF.
A decisão da União Europeia foi noticiada pelo jornal Valor, que informou que o bloco europeu teria avisado o ministério de que pretende suspender importações da BRF por causa da operação da Polícia Federal que investiga supostas irregularidades em frigoríficos da empresa.
A entidade declarou que confia que a pasta vai solucionar a questão, e lembrou que, enquanto o setor gera 4,1 milhões de empregos diretos e indiretos, somente a BRF gera 100 mil empregos diretos.
“O governo brasileiro precisa e deve esclarecer rapidamente a questão. O país não pode ceder às ameaças que colocam em risco milhares de empregos e as empresas do nosso setor”, diz o texto.
A nota diz ainda que o Brasil é parceiro de longa data da UE, e nunca houve qualquer registro de problemas de saúde pública nota.
“Não há, portanto, motivos concretos para impor embargos a qualquer empresa de nosso setor, especialmente tratando de fatos passados e que já foram corrigidos”, diz o texto, que afirma que, na prática, a presença de salmonela não traz risco à saúde pública.
“Ao longo de sua história, a avicultura brasileira construiu uma trajetória sólida pautada pela preservação de seu status sanitário e da qualidade de seus produtos. Nada mudou.” (Folhapress)
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