O Ministério da Fazenda divulgou nesta quarta-feira (22) que reduziu a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano de 1% para 0,5%. A projeção para 2018 é de crescimento de 2,5%.
A equipe econômica ajusta, desta forma, sua projeção para o comportamento da economia brasileira em 2017 à do mercado. De acordo com o último boletim Focus, do Banco Central, os analistas esperam um crescimento de 0,48% para este ano.
Em novembro do ano passado, o ministério já havia reduzido sua perspectiva para o PIB de 2017 de 1,6% para 1%.
A previsão é que neste primeiro trimestre o crescimento na comparação com o quarto trimestre de 2016 seja de 0,49%.
No início de fevereiro, o ministro da Fazenda havia afirmado que a previsão de alta de 1% do PIB estava mantida pelo bom desempenho de indicadores antecedentes da economia, como vendas de papelão ondulado, usado como embalagem de produtos, e movimento de cargas nas estradas.
Nesta quarta, ao anunciar a redução da projeção, o secretário de Política Econômica da pasta, Fabio Kanczuk, explicou que o número é pior porque no mês passado ainda não estavam mensuradas totalmente os efeitos do forte pagamento de dívidas por empresas, a chamada “desalavancagem”.
De acordo com ele, para pagar débitos as empresas deixaram de investir e contratar, o que teve efeito mais forte sobre a economia do que o imaginado a princípio.
“Essa informação depende dos balanços das empresas, e alguns de dezembro ainda não estão fechados”, disse. “A velocidade de desalavancagem das empresas foi surpreendente, foi uma redução abrupta, que determinou um PIB mais fraco no quarto trimestre com efeitos no início deste ano”.
Para o secretário, os números sugerem que esse processo de saída do endividamento ficou para trás.
Kanczuk repetiu a expectativa já divulgada por Meirelles, de que no último trimestre do ano haja um crescimento de 2,7% na comparação com o mesmo período de 2016 e uma alta de 3,2% em relação ao terceiro trimestre do ano.
“A alta de 0,5% não é exuberante, mas os números dos últimos trimestres são bastante bons”, afirmou. “É uma economia crescendo de forma OK no final do ano”.
O secretário ainda comentou o fato de a perspectiva oficial para 2018, de alta de 2,5%, ser menor do que os 3% divulgados pelo ministro da Fazenda. “Existe uma probabilidade razoável de crescimento acima de 3%. Mas nosso cenário de maior probabilidade é de uma alta de 2,5%”.
FGTS
Além da taxa de juros em queda, maior confiança na economia e safra de grãos expressiva, o secretário citou a liberação das contas inativas do FGTS, que ocorre ao longo deste primeiro semestre, como fator importante levado em conta na nova projeção do PIB.
Ele calculou que, se metade dos beneficiados pela medida usarem os recursos do Fundo para consumir, o aquecimento na economia pode ser o equivalente a 0,35 ponto percentual do PIB. Fez a ressalva, entretanto, que não se pode simplesmente subtrair esses 0,35 ponto percentual dos 0,5% de alta do PIB para se ter o impacto da liberação das contas inativas. “Essa conta não é tão simples”.
Peso do estado
De acordo com ele, no longo prazo a expectativa é que as reformas fiscais permitam que o peso do governo na economia possa ser reduzido em 0,7 ponto percentual. No caso das chamadas reformas microeconômicas, esse peso também seria de 0,7 ponto percentual.
Isso, defendeu, deve elevar o chamado PIB potencial, ou seja, quanto a economia pode crescer em uma situação de estabilidade.
“Saímos de um PIB potencial de 2,3% ou 2,5% e podemos chegar a 3,7% ou 3,8% . Mas isso não é para este ou o próximo ano, é o crescimento médio durante os próximos 10 anos”.
Contingenciamento
A nova projeção é um dos fatores que afetará o contingenciamento (bloqueio) de recursos do Orçamento que será anunciado ainda nesta quarta, já que um PIB menor significa uma arrecadação mais modesta e, portanto, menor espaço para gastos.
Segundo cálculo do consultor Ricardo Volpe, da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, a cada um ponto percentual a menos do PIB a receita deve cair cerca de R$ 10 bilhões -ou seja, com uma previsão de queda de 0,5 ponto percentual, a redução deve ficar em torno de R$ 5 bilhões.
A meta de resultado primário para este ano é de um deficit de R$ 139 bilhões.
A expectativa é que no último trimestre do ano haja um crescimento de 2,7% na comparação com o mesmo período de 2016. (Folhapress)
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