Brasília – O governo planeja reduzir em 10 pontos porcentuais a participação da geração hidrelétrica na matriz energética brasileira nos próximos dez anos. Será a maior queda de participação relativa da energia hídrica, que já chegou a representar, na década de 1980, cerca de 90% de toda a geração elétrica do País. Hoje esse porcentual está em 68% e a intenção do governo é chegar em 2024 em 58%.
A nova meta está ainda em estudos na Empresa de Planejamento Energético (EPE), mas a redução da dependência hídrica ganhou importância depois da crise causada pela seca histórica que atingiu vários Estados. Informações sobre a segurança no fornecimento de energia e o risco de racionamento foram as principais demandas dos representantes da agência Fitch Ratings, em reunião ontem no Ministério das Minas e Energia.
Foram apresentados a eles os números mais recentes do acompanhamento de risco e feito um paralelo com o ano de 2001, quando o governo teve de adotar o racionamento para mitigar os efeitos dos sucessivos apagões em vários Estados. Em 2001, o risco de qualquer déficit no fornecimento de energia nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, em relação à média histórica, era de 14,8%; hoje, pelas estatísticas oficiais, é de 6,1%. Na Região Nordeste, o risco em 2001 estava em 17,3%, hoje está em 1,2%.
“Somente ao final de abril podemos ter um diagnóstico mais rigoroso de que o risco de déficit está afastado. Mas já dá para dizer que hoje a probabilidade é próxima de zero“, disse o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, ao Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado.
Tolmasquim participou com o ministro Eduardo Braga da apresentação à classificadora de risco. Números semelhantes foram expostos à Standard & Poor’s (S&P) no começo do mês. Os técnicos das duas agências acompanharam com interesse toda a explanação, mas não deram nenhum sinal – positivo ou negativo – que deixasse transparecer a avaliação.
Tolmasquim explica que a opção pelo racionamento foi descartada, mesmo na fase mais crítica das condições climáticas, entre o fim do ano passado e início deste ano, porque estruturalmente a situação mudou. Segundo ele, após 2001 houve expansão da capacidade instalada de geração em ritmo maior que o aumento do consumo (87,6% versus 53,9%); mudança paulatina da matriz, com maior oferta de geração térmica, e inclusão média anual de 1,5 mil quilômetros de linhas de transmissão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Estadão Conteúdo)
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