O governo estadual planeja oferecer uma linha de crédito de R$ 9 milhões para trabalhadores autônomos do transporte escolar e de turismo. Os empréstimos seriam oferecidos pela GoiásFomento, com limite de R$ 9 mil em cada operação, divididos em três parcelas mensais de R$ 3 mil. A carência seria de 12 meses. Mesmo os que estiverem negativados, desde que a negativação fosse no período da epidemia, poderiam acessar os fundos. Os juros seriam reduzidos.
A proposta foi apresentada na última quarta-feira (27), com o sindicato e associação da categoria. Segundo o advogado que representa os trabalhadores, porém, as entidades não representam o movimento, que é independente. “Foi uma proposta feita a pessoas que não representam o movimento”, afirmou Jonathan Gleik.
De acordo com Gleik, a proposta seria viável se não houvesse juros. “Ao final, se fizermos a soma, teria um aumento de quase 30% em juros. A pessoa pega R$ 9 mil e paga quase R$ 12 mil”, afirmou. “Neste momento, não é viável a categoria contrair mais dívidas. Todos estão com dificuldades para pagar as dívidas contraídas antes e agora vão fazer mais dívidas para pagar as anteriores? Isso vai virando uma bola de neve”, completou o advogado.
O movimento, que acampa na porta da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), pedindo aprovação de um projeto que permitiria que as vans auxiliassem o transporte público, ainda cita a morosidade e a burocracia das linhas de crédito da GoiásFomento. “A proposta é muito bonita no papel, mas quando se procura a GoiásFomento, a conversa é diferente. A burocracia é grande. Já disseram que é mais de 30 dias para se analisar o cadastro”, destacou Gleik. Por tudo isso, a categoria classifica a proposta como “indecente” e acredita que ela foi apresentada para esvaziar o movimento.
O pleito dos motoristas autônomos das vans escolares continua sendo a aprovação do projeto para que a categoria complemente o transporte público durante a epidemia. São 1.500 vans na Região Metropolitana que poderiam atender passageiros com as normas exigidas pelo governo estadual. “Ninguém aqui está pedindo esmola e nem querendo se endividar mais ainda. Aí o Estado oferece algumas cestas e endividamento. A proposta é indecente. Deveria haver uma proposta diferente”, diz o advogado.
Ao Diário de Goiás, a Secretaria de Indústria e Comércio (SIC) não confirmou as informações sobre a linha de crédito. Segundo a pasta, o detalhamento da modalidade de empréstimo será feito apenas no lançamento, previsto para segunda-feira (1). Em live nesta sexta-feira (29), o governador Ronaldo Caiado anunciou que trabalha com novas linhas de crédito e está buscando recursos em Brasília.
“Na segunda-feira (1), vamos soltar uma outra política de empréstimos a microempreendedores e vamos soltar uma verba também para pessoas físicas. Já atendemos mais de 4 mil pequenos e microempresários e vamos abrir uma nova linha de crédito. Estive em Brasília tentando buscar R$ 1 bilhão para buscar os empréstimos para as pessoas que necessitam”, afirmou.