04 de dezembro de 2025
Infraestrutura

Governo inclui novo corredor ferroviário entre Bahia e Goiás em projetos do PPI

Novo traçado da Fiol 3 ligará Correntina (BA) a Mara Rosa (GO), conectando-se à Fico e ampliando o corredor ferroviário até o Porto Sul, em Ilhéus
Corredor ferroviário entre Bahia e Goiás deve reduzir custos logísticos e ampliar o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste. Foto: Divulgação.
Corredor ferroviário entre Bahia e Goiás deve reduzir custos logísticos e ampliar o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste. Foto: Divulgação.

O governo federal vai oficializar a inclusão do novo trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol 3) no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e no Programa Nacional de Desestatização (PND). A decisão confirma a mudança do traçado original, que antes previa a ligação entre Barreiras (BA) e Figueirópolis (TO). Agora, a nova rota conectará Correntina (BA) a Mara Rosa (GO), em um eixo de 840 quilômetros que se integrará diretamente à Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), no Mato Grosso.

Segundo o Ministério dos Transportes, o novo traçado foi definido após estudos conduzidos pela Infra SA em parceria com a International Finance Corporation (IFC), que apontaram ganhos econômicos e ambientais. A conexão direta evita o uso de longos trechos da Ferrovia Norte-Sul, eliminando o pagamento de direitos de passagem e reduzindo o custo operacional do projeto. A estimativa é de uma economia de cerca de R$ 1 bilhão ao longo da concessão.

Com a inclusão no PPI, o projeto passa a ter status de prioridade nacional, o que garante tramitação acelerada no licenciamento ambiental e acesso facilitado a crédito e estudos junto ao BNDES e à Caixa Econômica Federal.

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o investimento previsto para a implantação da Fiol 3 é de R$ 12 bilhões, incluindo obras civis, sistemas de controle e sinalização. O novo trecho se somará à Fico e aos demais lotes da Fiol, totalizando 2,4 mil quilômetros até o Porto Sul, em Ilhéus (BA). O corredor é visto como estratégico para o escoamento de grãos, combustíveis e minérios, reduzindo custos logísticos e ampliando a competitividade do agronegócio brasileiro.

O edital de concessão deve ser encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU) no início de 2026, com leilão previsto para o primeiro semestre do mesmo ano.

Disputa entre gigantes da logística

O avanço do projeto reacendeu a disputa entre as duas maiores operadoras ferroviárias do país: a VLI, controlada pela Vale e pela Brookfield, e a Rumo, do grupo Cosan.

Em documento enviado ao governo, a VLI acusou a minuta do edital de favorecer a Rumo e de “desestimular a concorrência”, alegando que a rival já controla o acesso ao Porto de Santos (SP) por meio das Malhas Central e Paulista. A empresa sustenta que, mesmo sem vencer a licitação, a Rumo continuaria dominando a principal rota de exportação do país.

A VLI também advertiu que a Fico ficará pronta antes da Fiol 2 e Fiol 3, o que manteria a dependência da malha operada pela Rumo até a conclusão do trecho que leva ao litoral baiano.

Em nota, a VLI afirmou que “acompanha e contribui de forma construtiva com o debate sobre a expansão ferroviária brasileira”. Já a Rumo declarou ter participado das audiências públicas “com base em dados técnicos e dentro das regras do processo licitatório”.


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