05 de dezembro de 2025
ACESSO À UNIVERSIDADE

Governo lança novo edital de cursinhos populares com investimento de R$ 108 milhões

Programa CPOP vai contemplar até 500 projetos e ampliar o acesso de estudantes da rede pública ao ensino superior; meta é chegar a 700 cursinhos
Lula e ministros participaram do evento que anunciou ampliação da Rede CPOP - Foto: Ricardo Stuckert / PR
Lula e ministros participaram do evento que anunciou ampliação da Rede CPOP - Foto: Ricardo Stuckert / PR

O governo federal anunciou neste sábado (18) um novo edital da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP) com investimento de R$ 108 milhões. O edital deverá ser lançado em dezembro, contemplando até 500 projetos.

O anúncio foi feito em São Bernardo do Campo (SP), com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Educação, Camilo Santana.

A rede foi instituída pelo Decreto 12.410/2025 para dar um suporte técnico e financeiro à preparação de estudantes da rede pública em situação de vulnerabilidade social, que buscam ingressar na educação superior pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Primeira etapa chegou a 384 cursinhos

Em um primeiro edital, o programa da Rede CPOP selecionou 384 cursinhos populares que prepararam estudantes para o vestibular. A medida abrangeu mais de 12,1 mil estudantes em todas as regiões do país, com investimento total de R$ 74 milhões.

Cada cursinho contemplado recebeu até R$ 163,2 mil para pagamento de professores, coordenadores e equipe técnico-administrativa, além de auxílio-permanência de R$ 200 mensais para até 40 alunos por unidade.

Meta é chegar em 700 cursinhos, afirma ministro

Camilo Santana salientou a expectativa de o número chegar a 700 cursinhos selecionados até o final desta gestão. O ministro reconheceu que a rede de iniciativas com esse propósito já se mantinha viva muito antes do investimento governamental e que o êxito a ser comemorado reside justamente no apoio dado agora pelo poder público.

O plano do MEC é tornar a rede em um suporte de política pública.

No lançamento, o ministro também citou o acumulado de programas concebidos pelas três gestões de Lula na área de educação, como o Programa Universidade Para Todos (Prouni), o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).

Mais conjuntos de medidas destacados foram os voltados à alfabetização e ao ensino integral nas escolas, como o Pé-de-Meia, que, segundo ele, tem trazido bons resultados, reduzindo a evasão escolar pela metade.

Todas essas ações, acrescentou, serviram para “dar a oportunidade de a universidade ter a cara do Brasil”, buscando nivelar as condições de pessoas das classes sociais mais vulnerabilizadas em relação às oferecidas à classe média e aos ricos, com a intenção de deixar as oportunidades menos desiguais.

Santana disse, ainda, que a educação é o único caminho transformador da sociedade e defendeu a valorização dos educadores. “Professor tem que ser a profissão mais valorizada, porque todo mundo passa pelo professor. O médico passa por ele, o engenheiro”, afirmou ele, cujo discurso também salientou a promoção da equidade e inclusão como elementos que norteiam o governo atual, algo que se pode constatar, inclusive, pela criação da Universidade Federal Indígena (Unind), com sede em Brasília .

Ex-ministro da Educação, Haddad destacou avanços

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que já foi o titular da pasta de Educação anteriormente, participou do evento onde ponderou que, antes, quem fazia o ensino fundamental e médio em uma instituição privada ia parar nas universidades públicas. E que o contrário era correspondente: egressos de colégios públicos só conseguiam garantir uma vaga nas universidades privadas e tinham enorme dificuldade de permanecer nelas, por não conseguir arcar com despesas regulares com alimentação, transporte, entre outras coisas.

O Prouni, pontuou, foi estruturado para ver grupos minorizados, como é o caso da população negra, representados como estudantes e professores.

Haddad contou que uma das constatações de sua época de ministro da Educação foi a de que o governo deveria mexer no bolso da parcela mais rica da população para assegurar a concretização do projeto de uma educação melhor para o país. Ele afirmou saber que isso “é o que incomoda” esse grupo, que tem mobilizado uma campanha contra o aumento de sua contribuição por meio de impostos.

Resistência foi rompida

Além disso, Haddad lembrou que, de 2006 a 2010, a sociedade se opunha maciçamente à reserva nas universidades de alunos que concluíram o ensino básico na rede pública, quadro que mudou nos últimos anos. As cotas dessa categoria contemplam metade das vagas ofertadas pelas instituições.

“Isso equivale a fazer uma reforma agrária inteira no ensino superior brasileiro. É você dividir com justiça. O aluno de escola particular não podia reclamar que ele ia ficar com menos, porque reservar a metade não era tirar nada de ninguém, era distribuir de forma mais justa”, disse.

“Além de reservar vagas para alunos de escola pública, nós decidimos dividir essas vagas entre brancos e negros na proporção de cada estado brasileiro. Na Bahia, é uma proporção. Em Santa Catarina, é outra proporção. Mas o negro ia, sim, entrar em uma universidade pública. Antigamente, a gente só via as pessoas negras trabalhando como funcionários da escola, raramente como professor, raramente como estudante”, acrescentou Haddad.

“Hoje você entra em uma universidade pública e vê que mudou de cor. Ela é mais brasileira, é mais autêntica, é mais representativa. E é mais inteligente. Porque, ao contrário do que os nossos críticos falaram, a qualidade da escola pública melhorou, com a participação da classe trabalhadora na universidade.

Com informações da Agência Brasil


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