O governo avalia medidas de socorro às distribuidoras de energia, que deverão fechar este ano com um rombo de R$ 6 bilhões, mas esbarra em restrições orçamentárias, afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta terça (24).
“Estamos estudando [uma ajuda às distribuidoras], desde que não desequilibre o orçamento”, disse o ministro, sem dar mais detalhes.
O deficit, provocado pelos custos extras decorrentes da crise hídrica, poderá ser coberto no reajuste anual das distribuidoras, mas como muitas delas têm o aumento programado para o ano que vem, há um temor de que as empresas não tenham caixa para suportar tantos meses com esse rombo, segundo o presidente da Abradee, Nelson Leite.
“O rombo supera em 50% a capacidade de geração de caixa das distribuidoras. Há um receio de que não consigam cumprir seus compromissos”, diz ele.
O custo extra ocorre porque, com o baixo nível dos reservatórios neste ano, as empresas tiveram de contratar energia a preços mais caros. Em tese, a tarifa das bandeiras amarela e vermelha cobririam essa despesa, mas o valor arrecadado não tem sido suficiente para compensar o custo adicional.
Hoje, a Aneel realizará uma audiência pública para reavaliar o cálculo das bandeiras tarifárias e incluir o nível dos reservatórios na conta. A ideia é parcelar o aumento: com altas menores ao longo do ano, o caixa das distribuidoras não sofreria tanto, e o reajuste anual não precisaria ser tão drástico.
De qualquer forma, a expectativa do mercado é de um aumento do preço da energia, o que deverá impactar na inflação.
“Certamente é um item que compõe o consumo. O importante é que o preço reflita a realidade. Não podemos criar distorções insustentáveis na economia. O preço da energia tem que refletir o custo. O que temos que fazer é trabalhar para reduzir os custos”, afirmou Meirelles.
Já foi pior
Apesar da situação grave das distribuidoras, ela já foi pior, segundo Leite.
“Em 2014, quando as empresas precisaram de um empréstimo da CCEE [câmara de comercialização de energia] para evitar uma quebra generalizada, o rombo era de R$ 23 bilhões, muito superior ao atual. Mas as empresas nem sequer pagaram a dívida do último ano, então a chance de um novo empréstimo é baixa”, diz ele.
As distribuidoras contam com uma mudança do cálculo já em novembro. (Folhapress)
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