13 de agosto de 2024
Brasil

Governo do RS confirma parcelamento de salário de julho dos servidores

Governador do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori, anunciou que vai parcelar salário dos servidores (Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini)
Governador do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori, anunciou que vai parcelar salário dos servidores (Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini)

Porto Alegre – O governo do Rio Grande do Sul confirmou, na manhã desta sexta-feira, 31, o parcelamento do salário de julho dos servidores estaduais vinculados ao Poder Executivo, em função do agravamento da crise financeira do Estado. A medida, que desde a semana passada era dada como certa entre a base aliada, foi detalhada por uma comitiva formada por cinco secretários. Segundo eles, o governador, José Ivo Sartori (PMDB), deverá se dirigir à população por meio das redes sociais.

De acordo com o secretário da Fazenda, Giovane Feltes, a linha de corte da primeira parcela, paga nesta sexta-feira, é de R$ 2,150 mil – isso significa que a totalidade dos servidores recebeu hoje essa quantia. Uma segunda parcela no valor de R$ 1 mil será desembolsada até 13 de agosto. Os profissionais com vencimentos superiores a R$ 3,150 mil só receberão o restante em uma terceira parcela, que será quitada até 25 de agosto. Conforme os dados apresentados pelo secretário, 52,8% do funcionalismo recebeu hoje o salário na sua totalidade.

Em sua explanação, Feltes lembrou que o Executivo encontra dificuldades para arcar com a folha do funcionalismo (de aproximadamente R$ 1,1 bilhão) desde o início do ano. Ele mencionou iniciativas que vêm sendo tomadas para evitar o parcelamento – como atrasar o pagamento da dívida com a União, contratos com fornecedores e repasses a hospitais e municípios; fazer saques da conta de depósitos judiciais; e usar recursos oriundos do Caixa Único de outros poderes e empresas públicas. De acordo com o secretário, mesmo com a continuidade destas ações, em julho a insuficiência para honrar a folha de forma integral foi de R$ 360 milhões. “Chegamos a um quadro da história do Rio Grande do Sul em que as dificuldades se avolumam e são crescentes para os próximos meses e anos”, disse.

Ele explicou que o anúncio oficial do parcelamento foi feito no último dia útil porque, para estabelecer um calendário preciso, o Executivo devia acompanhar o comportamento da receita e a entrada de recursos advindos de repasses federais. Além disso, lembrou que as contas do Estado estão sujeitas a eventuais bloqueios judiciais, dadas as liminares obtidas por entidades representativas de servidores em maio, quando o governo ameaçou pela primeira vez parcelar os salários – e acabou recuando.

Dificuldades

O secretário reconheceu que, para os próximos meses, a tendência é de um “volume ainda maior de dificuldades”. Quanto mais o governo atrasa repasses e pagamentos de ordens diversas, maior fica a conta pendurada para o mês subsequente. Além disso, não há uma previsão de aumento da arrecadação no curto prazo, dada a crise econômica. Segundo Feltes, a crise é nacional, mas assume contornos mais dramáticos no Rio Grande do Sul. “Não é chororô, é realmente falta de dinheiro”, falou.

Perguntado sobre o que o governo está fazendo para enfrentar a situação de forma sustentável, ele recordou as medidas de contenção de gastos implementadas pelo Executivo desde janeiro e alguns projetos já levados à Assembleia Legislativa. De acordo com Feltes, na próxima sexta-feira, 7 de agosto, será apresentado um novo conjunto de propostas ao Legislativo para dar continuidade ao que o governo chama de “ajuste fiscal gaúcho”.

Fontes ligadas ao Executivo afirmam que as duas principais propostas em análise envolvem a elevação de alíquotas de ICMS e o aumento de 85% para 95% no limite de saque dos depósitos judiciais. Na entrevista de hoje, os representantes do governo não falaram abertamente no tema, mas o secretário da Casa Civil, Marcio Biolchi, admitiu a possibilidade de que um dos projetos preveja elevação de impostos, e reconheceu que o texto deve gerar um amplo debate entre a sociedade gaúcha. Feltes lembrou que a crise fiscal do Rio Grande do Sul é antiga e que o momento atual pode ser “uma grande oportunidade” para a sociedade encontrar mecanismos coletivos de combater a crise.

Sartori

A ausência do governador no anúncio oficial do parcelamento dos salários foi bastante questionada. O secretário da Comunicação, Cleber Benvegnú, disse que a decisão de deixar a tarefa a cargo dos secretários foi tomada em conjunto, e se deu pelo fato de que as explicações a serem dadas eram técnicas. “O governador está tratando o assunto com responsabilidade, sem espetáculo. Ele vai enfrentar esta situação como gestor do Rio Grande do Sul”, afirmou, completando que Sartori tem o hábito de tratar os temas com discrição. “Não significa que ele não vá se manifestar.” Nas últimas semanas, Sartori vem evitando falar com a imprensa e reduzindo sua participação em atos públicos.

(Estadão Conteúdo)


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