07 de agosto de 2024
Política em jogo

Governo de Goiás persegue Enel, afirma presidente da Fieg

Para Sandro Mabel, o problema é mais político do que técnico
Presidente da Fieg critica postura do Governo do Estado em torno da venda da Enel (Foto: Divulgação)
Presidente da Fieg critica postura do Governo do Estado em torno da venda da Enel (Foto: Divulgação)

Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel se mostra reticente com uma possível negociação envolvendo a Enel Goiás. Para ele, é um erro achar que tudo se resolverá com uma nova administração em torno da concessão de energia estadual. O ex-deputado federal também credita ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil), uma suposta perseguição em torno da companhia italiana. 

“Existe uma perseguição a Enel desde o dia que ela vem a Goiás. Existe essa perseguição e ela é clara. O Governo de Goiás persegue a Enel. O Governo de Goiás tem interesse em trazer a EBP para cá. São portugueses. É tudo ruim, tem criado caso ao longo do tempo. Eu espero que não seja vendido. Particularmente, espero que não seja vendida”, disse em entrevista à Rádio Sagres nesta segunda-feira (20/06).

Ele atribuí todo o clima de instabilidade mais “político” do que “prático” e ressalta estar acompanhando as negociações envolvendo o assunto que estão sendo tocadas pelo Ministério das Minas e Energias. “Para que não se ameace e nem perca a concessão, porque o pessoal investiu muito dinheiro aqui”, ressalta.

‘Sem Enel, hoje estariamos parados’, avalia Sandro Mabel

Se está ruim com eles, pior seria se a companhia italiana não tivesse assumido a gestão enérgica de Goiás, avalia Mabel. “Nós tivemos uma sorte muito grande dessa Enel ter comprado a Celg no momento que comprou que só apareceu ela para comprar. A Enel tem investido o dobro do que ela se propôs a investir. Ela tinha o compromisso de no ano passado investir próximo de um bilhão por ano e no ano passado investiu quase dois”, pontua.

O que tem acontecido então? “Só que acontece que a situação energética de Goiás era tão caótica e ruim que se nós não tivéssemos conseguido vender a Celg naquele momento, hoje estaríamos parados. Se você ver a quantidade de deficiência que tem, com todo o investimento que tem sido colocado, imagina se nós tivéssemos na mão apenas da Celg e do Governo de Goiás com a Eletrobrás que investem 100 milhões por ano, enquanto a Enel investiu 2 bilhões ano passado”, destaca.

Caiado se mostrou crítico à Enel e disse que quer a companhia longe de Goiás

O contexto da fala de Sandro Mabel acontece num momento em que o Governo de Goiás e a companhia italiana vivem um embate. No mundo empresarial, as especulações em torno de uma possível venda da Enel tem crescido e Caiado diz torcer para que isso se concretize. O relacionamento entre o democrata e a empresa nunca foi dos melhores.

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Há dez dias, Caiado foi às redes sociais dizer que quer a Enel longe de Goiás. “A Enel caminha para descumprir pelo segundo ano consecutivo as metas de melhoria dos serviços da Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] e isto pode lhe custar a perda da concessão. O melhor caminho é que ela desista de tentar lucrar com a operação de venda e transfira o controle. Queremos a Enel fora de Goiás”, afirmou o governador.

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Para Mabel, no entanto, seria um erro que isso acontecesse. “Eu tenho uma preocupação muito grande de se trocar a companhia neste momento. Eu particularmente, sou muito contra. Porque eu acho que temos que trabalhar em cima dos planos que ela tem, ajudar na localização dos empreendimentos, quando se troca um negócio sem saber aquilo que vem, não acredito que aquilo que vem é muito melhor. Tem todo o tempo de adaptação e aprendizado, o que é muito complicado e isso é onde pode atrasar ainda mais o nosso programa de industrialização”, avaliou.


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