18 de dezembro de 2025
Economia

Goiás reconhece falta de R$ 4 bilhões para abastecer fundo anticrise

Projeto do governo estadual aprovado na Assembleia Legislativa flexibiliza regras de abastecimento do Fundo de Estabilização Econômica de Goiás
Projeto aprovado na Alego retira obrigatoriedade de aporte de R$ 4 bilhões ao FEG. Foto: Maykon Cardoso.
Projeto aprovado na Alego retira obrigatoriedade de aporte de R$ 4 bilhões ao FEG. Foto: Maykon Cardoso.

O governo de Goiás encaminhou à Assembleia Legislativa (Alego) um projeto de lei complementar que altera as regras do Fundo de Estabilização Econômica de Goiás (FEG) e admite não ter os R$ 4 bilhões previstos inicialmente para o aporte ao fundo. A proposta foi aprovada nesta quarta-feira (17), em regime acelerado, e mantém o FEG sem recursos, pelo menos por enquanto.

Criado em maio deste ano e anunciado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) como uma espécie de “poupança” para enfrentar crises e evitar desequilíbrio fiscal, o FEG previa a reserva de parte do superávit financeiro do Estado. No entanto, o novo texto retira a obrigatoriedade do aporte inicial e flexibiliza as regras de abastecimento do fundo, condicionando eventuais transferências à disponibilidade orçamentária e financeira do Tesouro estadual.

Pela lei original, o Estado deveria destinar até R$ 4 bilhões ao fundo, além de repassar anualmente entre 50% e 70% do superávit financeiro, com transferência obrigatória até o mês de junho. O projeto aprovado reduz esse percentual para até 20% e elimina a exigência de repasse em prazo determinado. Na prática, o fundo pode continuar zerado.

Na justificativa enviada à Alego, Caiado afirmou que parte significativa da poupança prevista para o FEG foi utilizada para quitar passivos históricos e ampliar investimentos em áreas como saúde, educação, segurança pública, assistência social, transporte coletivo e infraestrutura. O governador destacou ainda que, até outubro deste ano, os investimentos do Estado dobraram em relação ao mesmo período de 2024, chegando a R$ 4,12 bilhões.

O texto também altera a vinculação de receitas provenientes de concessões e alienações, sob o argumento de que se tratam de recursos eventuais, incompatíveis com a lógica de um fundo de estabilização. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) avaliou que as mudanças não descaracterizam o FEG e permitem maior flexibilidade na gestão fiscal.

A tramitação do projeto foi rápida: a proposta chegou à Alego no fim da manhã e foi aprovada em definitivo menos de três horas depois, com 22 votos favoráveis e nenhum contrário. Deputados da oposição afirmaram que o texto confirma que o fundo teve caráter mais simbólico do que prático e reflete dificuldades financeiras do Estado.

Em nota, a Secretaria da Economia informou que o FEG permanece vigente, agora com novos critérios, e que eventuais aportes futuros ainda não têm valores definidos. A pasta ressaltou que Goiás cumpriu os requisitos para adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), apontado como mecanismo mais robusto para garantir o equilíbrio fiscal.


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