05 de dezembro de 2025
Agro e Sustentabilidade

Goiás inaugura primeiro Centro de Excelência em Saúde Única do Brasil

Estado será referência nacional e internacional em pesquisa, inovação e sustentabilidade no uso de pesticidas e controle de pragas
Além da sede na Emater, o CESU contará com os laboratórios coordenados pelos pesquisadores principais, que estão sediados em diferentes unidades acadêmicas da UFG. Fotos: Secom.
Além da sede na Emater, o CESU contará com os laboratórios coordenados pelos pesquisadores principais, que estão sediados em diferentes unidades acadêmicas da UFG. Fotos: Secom.

Goiás será o primeiro estado do Brasil a sediar um Centro de Excelência em Saúde Única (CESU), iniciativa pioneira que promete transformar a forma como o país enfrenta os desafios da saúde humana, animal e ambiental. O projeto, idealizado pelo Governo de Goiás por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeg), terá investimento inicial de R$ 5 milhões e reunirá pesquisadores de diferentes áreas para desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis, com foco no uso racional de pesticidas e no controle alternativo de pragas.

A iniciativa contará com a parceria da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Emater Goiás e de instituições como a UEG, Embrapa Arroz e Feijão, IFGoiano e Fiocruz. O CESU terá como sede principal o complexo de laboratórios da Emater Goiás, que será denominado CESU-Agro, e integrará também estruturas de pesquisa já existentes na UFG. O início oficial das atividades está previsto para os próximos dois meses, após a formalização do convênio entre a Funape/UFG e a Fapeg.

Segundo a coordenadora do centro, professora Virgínia Damin, especialista em ciência do solo, o CESU colocará Goiás na vanguarda de um debate estratégico para o Brasil. “Nosso objetivo é oferecer alternativas que reduzam a dependência de pesticidas convencionais, promovendo a saúde pública, a segurança alimentar e a preservação ambiental. Será uma resposta às exigências crescentes do mercado internacional por alimentos mais saudáveis e seguros”, afirma.

O vice-coordenador será o professor Caio Monteiro, biólogo com expertise em controle de artrópodes de importância médico-veterinária. Além da dupla, o núcleo principal do centro contará com oito pesquisadores fixos e outros 25 colaboradores de instituições parceiras, reunindo profissionais de áreas como agronomia, biologia, veterinária, zootecnia, farmácia, biotecnologia e química.

Impactos estratégicos

As pesquisas do CESU estarão organizadas em dois grandes eixos:

  • Uso racional de pesticidas, com estratégias para reduzir a contaminação de solo, água e organismos não-alvo, além de avaliar os impactos diretos na saúde de trabalhadores e animais.
  • Tecnologias inovadoras de controle de pragas, com foco em bioinsumos, moléculas sintéticas seguras e nanotecnologia, buscando alternativas mais eficazes e sustentáveis.

Entre as ações previstas estão: desenvolvimento de biopesticidas, monitoramento da resistência de pragas, avaliação toxicológica de produtos químicos, análise de impactos genéticos em trabalhadores rurais expostos e criação de métodos para reduzir custos de insumos, aumentando a produtividade agrícola com menor impacto ambiental.

A proposta dialoga diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e atende a um cenário global desafiador. Projeções indicam que a população mundial chegará a 9,7 bilhões de pessoas até 2050, exigindo aumento de até 70% na produção de alimentos sem ampliar significativamente as fronteiras agrícolas.

Formação e extensão

Além da pesquisa, o CESU terá forte atuação em ensino e capacitação. Está previsto o lançamento de um curso de pós-graduação lato sensu, com perspectiva de evoluir futuramente para a pós-graduação stricto sensu, o primeiro do Brasil na área de Saúde Única.

O centro também pretende atuar junto a produtores rurais, levando conhecimento acessível sobre uso racional de pesticidas, importância de equipamentos de proteção individual (EPIs) e alternativas sustentáveis de manejo. A presença da Emater Goiás é vista como estratégica, permitindo testar rapidamente as tecnologias desenvolvidas em campo.

Referência nacional

Com previsão de se consolidar nos próximos cinco anos, o CESU aspira se tornar referência nacional e internacional em políticas públicas, ciência e inovação aplicadas à saúde única, com impactos diretos na saúde pública, na conservação ambiental e na competitividade do agronegócio goiano.

“Temos muito conhecimento científico e várias iniciativas em andamento, mas ainda de forma pulverizada. O CESU surge para integrar esforços, transformar informação dispersa em conhecimento aplicado e orientar decisões que conciliem produtividade, qualidade dos alimentos e sustentabilidade”, resume Virgínia Damin.


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