O presidente do Sindiposto, Márcio Andrade, afirmou, em entrevista à Rádio Difusora de Goiânia nesta quinta-feira (4), que o reajuste do ICMS sobre combustíveis previsto para entrar em vigor em 1º de janeiro deve resultar em aumento direto no preço final pago pelo consumidor.
Segundo ele, o projeto enviado pelo governador Ronaldo Caiado à Assembleia Legislativa prevê um acréscimo de R$ 0,10 na gasolina e R$ 0,05 no diesel para os postos. “É um aumento de custo direto. Ele impacta diretamente no custo do empresário e, com certeza, haverá repasse para o consumidor já no início do ano”, destacou.
Possível impacto nas bombas
Questionado sobre quanto o motorista deve sentir no abastecimento, Andrade reforçou que os postos praticam preços livres, o que impossibilita previsões exatas. No entanto, reiterou que a tendência é de repasse: “Se trata de aumento de impostos. É um aumento direto e não tem como escapulir. Deverá haver repasse ao consumidor na proporção que o mercado definir”.
O presidente explicou que cada empresário recalculará seus custos para decidir o preço final. “Toda vez que há aumento no custo, o empresário refaz suas contas e repassa para o consumidor. Muitas vezes há outras variáveis que podem compensar, mas é preciso esperar o mercado reagir”, ponderou.
Reduções da Petrobras “mal percebidas”
Sobre as reduções recentes anunciadas pela Petrobras, Andrade afirmou que o impacto para o consumidor foi mínimo por causa da mistura obrigatória de etanol. “A redução na refinaria foi de 14 centavos. Quando chega na distribuidora, ela adiciona 30% de etanol, que não sofreu variação naquele dia. Só pela mistura, a redução já cai para 10 centavos”, explicou.
Ele citou dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicando que houve queda média de 8 centavos por litro em Goiânia, mas que o efeito durou pouco: “O preço do etanol voltou a subir e impactou no custo. Então, para o consumidor e para o posto, não houve redução real; pelo contrário, estamos tendo aumentos”.
Etanol subindo “a conta-gotas”
Andrade também alertou que o etanol, por causa do período de entressafra, acumula altas desde outubro. “De 10 de outubro a 28 de novembro, já tivemos um reajuste de 5 centavos no etanol na indústria. Esse aumento ainda não foi repassado integralmente ao consumidor”, disse.
Segundo ele, os postos seguram os repasses para acompanhar a concorrência, o que cria reajustes maiores posteriormente: “Ninguém quer ser o portador da má notícia. Mas chega um momento que fica insuportável e o custo é repassado”.
E se o aumento vier em dezembro?
O presidente reconheceu a preocupação dos consumidores com a possibilidade de um “aumento sobre aumento”: alta do etanol em dezembro seguida do reajuste do ICMS em janeiro. “Não tem como precisar. Pode haver variação porque o combustível não depende só do imposto. Se o etanol continuar subindo ou se a Petrobras anunciar reajuste, haverá mudança no preço independentemente do dia 1º”, afirmou.
Ele também explicou que o ICMS dos combustíveis não é mais percentual, mas um valor fixo cobrado na origem o que garante reajuste anual. “Nós vamos ter a gasolina aumentando em 10 centavos de imposto. Esse valor é fixo e varia apenas quando aprovado pelos Estados”, esclareceu.
Ao encerrar, Andrade reforçou que o mercado definirá o ritmo dos aumentos: “A concorrência faz com que um espere o outro. Mas, quando o custo aperta, o reajuste chega à bomba”.
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