Goiânia sediou, nesta segunda-feira (28), o lançamento oficial do projeto Mobilidade em Foco: Aprimoramento do Sistema Nacional de Informações em Mobilidade Urbana (SIMU), uma iniciativa da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) em parceria com o Ministério das Cidades. O evento, realizado na sede da Fecomércio, reuniu especialistas e gestores de várias regiões do país com o objetivo de modernizar e unificar a coleta de dados sobre o transporte coletivo brasileiro.
“Estamos falando de um projeto que sai do manual para o digital. Goiânia nunca teve semáforos sincronizados, por exemplo, e hoje está virando referência nacional”, afirmou o prefeito Sandro Mabel, presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da FNP. “Vamos sincronizar todos os semáforos dos 36 corredores da cidade. A expectativa é aumentar em até 30% a velocidade dos ônibus. E mais: a gestão da sincronização vai para a RMTC. É uma mudança estrutural”, garantiu.
Mabel destacou ainda outras medidas que reforçam o compromisso da capital com a mobilidade inteligente, como a implantação da zona azul em Campinas, o incentivo ao uso de biometano e o redesenho de vias congestionadas. “Goiânia está na frente de muitas capitais. Fizemos rotas alternativas, abrimos pistas, organizamos binários e vamos levar o transporte coletivo ao protagonismo que ele merece”, afirmou destacando:
Hoje, vindo pela Avenida 24 de outubro, parece que é domingo de tanto que o trânsito está fluindo essa hora da manhã.
A proposta do evento é ambiciosa: criar uma base nacional de informações confiáveis, padronizadas e digitais sobre a mobilidade urbana. O sistema servirá de apoio para decisões de políticas públicas e investimentos, rompendo com o atual cenário de dados fragmentados, desatualizados ou inexistentes.
Goiânia como referência nacional
“Estamos buscando um modelo padronizado de coleta de informações, com uma base única nacional”, explicou o Secretário de Engenharia de Tráfego, Tarcísio Abreu. “Goiânia já tem tarifa única, integração total e controle digital do sistema. É uma referência. Hoje temos dados em tempo real: sabemos quantos passageiros circulam, o tempo médio de viagem e conseguimos comprovar que já ultrapassamos 102% da demanda de antes da pandemia.”
A integração e o uso de tecnologia são os pontos-chave. “A região metropolitana de Goiânia é um dos poucos modelos funcionais no Brasil. Isso nos dá legitimidade para coordenar esse projeto e levar essa experiência para outras cidades”, acrescentou.
Desafios além da tecnologia
Para Edmundo Pinheiro, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a maior barreira não está na tecnologia, mas na gestão. “A tecnologia existe. O problema é que Brasília, por exemplo, não sabe quantos ônibus rodam por dia, nem quantos quilômetros percorrem. Os dados são escassos ou inexistentes. O SIMU vai mudar isso”, disse.
Segundo ele, o governo federal tem papel central nesse processo. “Sem uma política pública clara de mobilidade, não há investimento. A NTU apoia totalmente essa iniciativa. Precisamos trazer o transporte coletivo de volta à agenda nacional”.
Informação para pactuação federativa
Gilberto Perre, secretário-executivo da FNP, foi direto: “O Brasil não sabe quantos ônibus estão nas ruas, nem qual é a idade média da frota. Sem essas informações, não há como negociar com o governo federal. A pactuação federativa fica travada”.
Ele defendeu que o banco de dados seja hospedado no IBGE e tenha abrangência nacional. “Estamos falando de dignidade no transporte. Não basta dizer que o ônibus tem ar-condicionado. Queremos saber se ele está funcionando, qual a temperatura interna, se o usuário está de fato sendo atendido com conforto e eficiência”.
Perre também fez um apelo por uma mudança cultural: “Temos um modelo carrocêntrico. Mas o espaço urbano é finito. Quando viajamos para fora, admiramos como o transporte funciona bem. Aqui também é possível. Basta compromisso e dados confiáveis”.
Participação nacional
O lançamento do projeto contou com a participação de autoridades e especialistas de diversas regiões do país, entre eles Dione Araújo, prefeito de Itumbiara; Barbosa Neto, diretor da Urbi Mobilidade Urbana; Luiz Carlos Néspoli, superintendente da ANTP em São Paulo; Alexandre Resende, secretário executivo da ANTP em Belo Horizonte; Wesley Nogueira, do Instituto MDT; Diogo Lemos, coordenador de Segurança Viária da Bloomberg; Fábio Campos, de Blumenau (SC); Arnaldo Gomes, do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana; Rodrigo Tomaz, presidente da Transcon; Lívia Mamede, de Uberlândia; Luis Otávio Castilho, de Belo Horizonte; e Maria do Carmo, diretora de Geociências do IBGE.
FAQ – Mobilidade em Foco e o Sistema Nacional de Informações em Mobilidade Urbana (SIMU)
1. O que é o projeto “Mobilidade em Foco”?
É uma iniciativa da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), em parceria com o Ministério das Cidades, que visa aprimorar e padronizar a coleta de dados sobre transporte público no Brasil.
2. O que é o SIMU?
SIMU é o Sistema Nacional de Informações em Mobilidade Urbana. O objetivo é criar uma base de dados unificada, digital e confiável sobre o transporte coletivo nas cidades brasileiras.
3. Por que o projeto começou em Goiânia?
Goiânia foi escolhida por já ter avançado na digitalização do transporte público, com tarifa integrada, controle de frota via GPS e coleta de dados precisos. A cidade se tornou referência nacional na área.
4. Quais os benefícios do SIMU?
Com dados padronizados, será possível direcionar melhor os investimentos públicos, monitorar a qualidade do serviço, melhorar o planejamento urbano e facilitar a pactuação entre União, estados e municípios.
5. Quem participa do projeto?
Participam prefeitos, gestores públicos, especialistas e instituições como IBGE, ANTP, Instituto MDT, Bloomberg, além de representantes de cidades como Itumbiara, Uberlândia, Blumenau, São Paulo e Belo Horizonte.
6. Qual a importância da padronização de dados?
Sem informações precisas, é impossível formular políticas públicas eficazes. O SIMU permitirá que o governo federal conheça, de forma detalhada, a realidade da mobilidade urbana em cada cidade.
7. O que muda para o cidadão?
Com base nos dados, será possível melhorar a eficiência do transporte público, reduzir o tempo de espera, ampliar a oferta de ônibus e garantir mais conforto e segurança ao usuário.
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