A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) negou ter obstruído investigações da Lava Jato e disse nesta sexta-feira (21) que solicitou “formalmente” à Polícia Legislativa que fizesse uma varredura eletrônica em suas residências em Brasília e Curitiba, alvos de ação da Polícia Federal em junho deste ano.
“Logo após a operação de busca e apreensão realizada em minha casa em Brasília e em Curitiba, com a prisão de meu marido Paulo Bernardo, solicitei ao Senado que a Polícia Legislativa, dentro de suas atribuições legais, fizesse uma verificação e uma varredura eletrônica nas residências.
Fiz o pedido formalmente. Tem processo no Senado com autorização formal para isso”, disse a senadora em nota.
A Polícia Federal deflagrou, nesta manhã, a Operação Métis, com o objetivo de desarticular uma suposta organização criminosa que tentava atrapalhar investigações da Lava Jato.
Houve busca e apreensão nas dependências da Polícia Legislativa, no subsolo do prédio do Senado.
Quatro policiais legislativos foram presos. Um deles estava de plantão no Senado no momento da operação. A Polícia Federal também apreendeu 12 volumes entre maletas de equipamentos e malotes.
A Polícia Legislativa teria sido usado equipamento de varredura eletrônica anti-grampo telefônico em seis imóveis ligados a dois senadores e dois ex-senadores: Fernando Collor (PTC-AL), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lobão Filho (PMDB-MA) e José Sarney (PMDB-MA).
“Esse serviço da Polícia Legislativa existe regularmente há muito tempo. Temos todo processo de pedido formalizado. Tudo dentro das normas do Senado. Fazer isso não configura obstrução alguma. Apenas queria ter informação de segurança sobre minha residência”, afirmou Gleisi Hoffmann.
O Ministério Público Federal, entretanto, afirma que a Policia Legislativa não poderia agir nessa situação. “Duas especificidades deste caso tornam a prática ilegal: o fato de endereços que passaram pela vistoria estarem vinculados a pessoas investigadas no âmbito do Supremo Tribunal Federal (pela prerrogativa de foro) e a utilização de recursos públicos na empreitada”, afirmou a instituição, em nota.
Ao lado do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, a petista é ré no STF. A acusação é que a campanha dela ao Senado, em 2010, teria recebido R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras.
A senadora disse ter consultado a Polícia Legislativa sobre os procedimentos caso algo fosse encontrado. “Foi me informado que se algo fosse encontrado, seria comunicado ao Ministério Público, para verificação de possível determinação judicial para o procedimento ou não. Como não encontraram nada, não tomamos nenhuma providência”, disse a senadora.
COLLORO
O senador Fernando Collor também negou as acusações.Ele disse em nota que “não tem conhecimento acerca dos fatos narrados na manhã de hoje e nega que tenha se beneficiado de qualquer ação da Polícia Legislativa do Senado Federal que seja estranha às suas funções institucionais”.
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