O mundo politico ficou em pólvora com a entrevista que o ex-chefe da Procuradoria Geral da República concedeu à Veja e publicada na noite da última quinta-feira (26/09), na qual disse que iria assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e depois se suicidar. Na manhã desta sexta-feira (27/09), Mendes respondeu por meio de nota crítica: “Recomendo que procure ajuda psiquiátrica”, disparou.
Na nota, Mendes lamenta que o país tenha ficado refém de “quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado.”
Gilmar também volta aos olhos ao “combate à corrupção no Brasil” e pontua que o mesmo ficou “refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder”.
O ministro afirma estar surpreso e aproveitou para cutucar o ex-chefe do Ministério Público. “Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petição mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica”, pontua.
Por fim, concluiu recomendando que Janot procurasse “ajuda psiquiátrica”.
Veja a nota na íntegra abaixo:
“Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.
O combate à corrupção no Brasil – justo, necessário e urgente – tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.
Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.
Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.
Recomendo que procure ajuda psiquiátrica.
Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.”
Entenda:
Em entrevista a vários jornais, o ex-PGR Rodrigo Janot revelou que, em 11 de maio de 2017, foi a uma sessão do STF disposto a assassinar Gilmar Mendes. O plano, conforme contou à Veja, era da um tiro na cabeça do ministro e depois se matar. A cerca de dois metros de Mendes, numa sala em que os ministros se reúnem antes de ir ao plenário, o então chefe do Ministério Público sacou uma pistola que estava escondida sob a beca e engatilhou.
Na entrevista à Veja, Janot contou que daria um tiro para então se matar. A motivação, conforme descreve, seria “insinuações maldosas contra a minha filha”.
Num livro que lançará na próxima semana, o procurador descreve os acontecimentos do que poderia ter sido mais um fato trágico. “Num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha. Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”
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