20 de dezembro de 2024
Economia • atualizado em 13/02/2020 às 00:21

Ganho de bancos com empréstimos é o maior desde 2011

O spread bancário em setembro atingiu sua maior taxa desde 2011. O número indica a diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar dinheiro e os juros que eles cobram para emprestá-lo a consumidores e empresas. Em setembro, essa diferença foi de 41,2 pontos percentual, um crescimento de 0,6 ponto em relação a agosto e de 13,7 pontos quando comparado ao mesmo mês de 2015, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (26).

A taxa média de captação dos bancos no mês passado foi de 12,3%, quase a mesma de agosto, quando ficou em 12,2%. Mas a taxa cobrada por eles para emprestar a consumidores e empresas subiu de 52,9% para 53,4% ao ano. Os dados se referem a recursos livres (que não incluem financiamento imobiliário e empréstimos do BNDES).

Esse aumento na taxa cobrada pelas instituições financeiras foi puxada pelos juros cobrados dos consumidores -no caso das empresas, houve queda. Para os clientes pessoa física, o aumento foi de 1,6 ponto percentual em relação a agosto e 12,8 pontos em relação a setembro de 2015.

Já o spread dos empréstimos concedido a empresas teve uma queda em relação a agosto de 0,6 ponto percentual. Em relação a setembro de 2015, houve uma alta de 3 pontos percentuais.

“Os juros cobrados do consumidor aumentaram por causa de categorias como cheque especial e cartão de crédito, onde as taxas cresceram”, afirmou Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

Quem optou por usar cartão de crédito no mês passado pagou, em média, 121,1% de juros por ano, 3,9 pontos percentuais a mais do que em agosto.

No caso do cartão rotativo o número foi muito maior, de 480,3% ao ano, maior taxa desde 2011, quando o BC deu início a essa série. No caso do cheque especial, a taxa ficou em 324,9% ao ano, também a maior da série história do BC.

A taxa de juros geral cobrada dos consumidores nos empréstimos com recursos livres (que não incluem crédito imobiliário) foi de 73,3% ao ano, um crescimento de 1,5 ponto percentual em relação a agosto e de 7,2 ponto percentual em 12 meses. Já a taxa média para pessoas jurídicas foi de 29,8%, queda de 0,8% no mês e aumento de 0,5 ponto percentual em 12 meses.

Novos empréstimos

As novas concessões de crédito a consumidores continuam em queda, mostram os dados do BC. Os novos empréstimos com recursos livres totalizaram R$ 139,7 bilhões, redução de 6,2% em relação a agosto e de 2,7% em 12 meses.

“A greve dos bancos prejudicou as concessões, sem dúvida”, afirmou Maciel. “Mas não haveria mudança na tendência do mercado de crédito, que é de baixa”.

No caso das empresas, os novos empréstimos com recursos livres em setembro somaram R$ 107,4 bilhões, alta de 5,2% em comparação com agosto e queda de 10% em 12 meses.

Com esse aumento para pessoas jurídicas, os novos empréstimos em geral subiram em setembro, segundo divulgou o BC. A média diária de empréstimos totalizou R$ 13,1 bilhões no mês passado, um aumento de 7,2% na comparação com agosto e um recuo de 8,1% nos últimos 12 meses.

Estoque

O estoque de crédito (total de dinheiro emprestado na economia) recuou 0,2% em setembro em comparação com agosto, totalizando R$ 3,1 trilhões no mês passado. Na comparação com os últimos 12 meses, houve uma redução de 1,7%.

A redução aconteceu por causa da retração na carteira de crédito de empresas, que recuou 0,4% em relação a agosto, fechando setembro em R$ 1,5 trilhão. No caso da carteira de consumidores houve estabilidade, com um saldo de R$ 1,5 trilhão no mês passado.

Leia mais:


Leia mais sobre: Economia