Funcionou. Quem imaginava que o encontro de Gal Costa, Gilberto Gil e Nando Reis pudesse se render à fórmula fácil de mostrar os três se alternando no palco com seus hits, que não são poucos, teve uma boa surpresa.
Em um show de uma 1h50min na noite de sexta (4), no paulistano Citibank Hall, o trio se apresentou com espírito de banda. Eles ficaram o tempo todo em cena, exceto pela saída momentânea de Nando durante uma música, “Meu Amigo, Meu Herói”. Esta Gal cantou apenas com o acompanhamento de Gil no violão.
Uma das surpresas mais agradáveis foi justamente Gil tocando guitarra a maior parte do tempo. Fez poses de “guitar hero” e parecia bem alegre durante todo o show.
Quando alguém da plateia gritou “Quebra tudo!”, Gil disse que iria então quebrar sua guitarra. “Alguém tem que fazer o roqueiro aqui”, falou, sorrindo provocador para Nando. E Gal emendou: “Mas nós somos roqueiros. Tropicalistas roqueiros”. “Você mais do que eu”, disse Gil. “Que nada! Eu aprendi com você”, respondeu a cantora.
O clima de camaradagem era explícito e segurou bem o início do show. Na estreia nacional do projeto Trinca de Ases, Gal parecia nervosa. Não exibia o sorriso aberto que o público conhece bem.
Depois de uns 15 minutos, “Baby” surgiu como divisor de águas. Com uma de suas gravações mais conhecidas, Gal se soltou, e a vibração no palco disparou.
Antes, na abertura, com “Trinca de Ases”, que Gil compôs para descrever esse encontro musical, o trio já fez uma espécie de declaração de intenções, para afirmar a identidade própria da reunião, com os vocais divididos.
As escolhas de repertório não foram óbvias. Como o belo momento de Gal em “Dois Rios”, canção de Nando com Samuel Rosa e Lô Borges, muito mais conhecida na versão gravada pelo Skank.
Gil surpreendeu também com “Luar (A Gente Precisa Ver o Luar)”, uma música que há tempos ele deixou de contemplar em seus shows.
Talvez para valorizar ainda mais o talento do trio, o show teve cenografia despojada e contou com apenas mais dois instrumentistas: os jovens Magno Brito (baixo) e Kainan do Jêjê (percussão).
Nando Reis provou que é um dos poucos nomes de gerações musicais posteriores a Gil e Gal com um cancioneiro forte o bastante para se nivelar aos outros dois.
Suas músicas “O Segundo Sol” e “Água Viva” tiveram a mesma recepção calorosa de clássicos da MPB como “Esotérico” e “Barato Total”.
Também foi forte a resposta a outra inédita, “Tocarte”, parceria de Gil e Nando com introdução que lembra bastante “Freedom”, de George Michael (1963-2016).
Mas nada foi mais emocionante do que a inclusão de última hora de “Pérola Negra”, obra de Luiz Melodia, morto na madrugada da sexta. Gal gravou a música em 1971, no disco ao vivo “Fa-Tal: Gal a Todo Vapor” e chegou a ficar com a voz embargada. Uma justa celebração numa grande noite para a MPB.
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