O furacão Irma, um dos mais fortes já registrados no oceano Atlântico, chegou nesta quarta-feira (6) ao mar do Caribe, com ventos de até 295 km/h, deixando ao menos nove mortos em ilhas ao leste da região.
Após passar pelo norte de Porto Rico, Estado livre associado dos EUA, o furacão também avança sobre República Dominicana na manhã desta quinta-feira (7). O Haiti, Cuba e o Estado americano da Flórida também devem ser atingidos.
O fenômeno devastou nesta quarta (6) as ilhas de Barbuda, St. Barts e St. Martin. Pelo menos seis pessoas morreram na parte francesa de St. Martin, informou Eric Maire, prefeito do território ultramarino vizinho de Guadalupe.
Maire afirma que 95% das construções em St. Martin foram destruídas. A situação é similar em Barbuda, ilha com 1.800 habitantes, em que uma criança de dois anos morreu e quase todos os imóveis não ficaram de pé.
O embaixador holandês na ONU, Karel van Oosterom, disse que as ilhas de Saba, Sint Eustatius e a parte de St. Martin pertencente ao país sofreram danos significativos.
Segundo o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, o aeroporto e o porto de St. Martin foram destruídos e o país está, neste momento, inacessível.
O outro morto foi um surfista que tentava praticar o esporte no mar revolto em Barbados. Já em Porto Rico 900 mil pessoas ficaram sem energia e cerca de 50 mil sem abastecimento de água. A tempestade de categoria 5 -a maior na escala- passou pelas ilhas Virgens e pode atingir Cuba no sábado (9).
A previsão é de que o furacão perca força, mas ainda chegue com ventos de até 230 km/h à região de Miami no domingo (10). O condado de Monroe, que inclui Key West, já ordenou que as pessoas deixem suas casas, e o de Broward, que inclui Fort Lauderdale, determinou a saída de pessoas das áreas mais próximas à costa.
A guia de turismo brasileira Eliane Bacelo, 55, que vive em Broward, cogitou deixar o Estado de carro, mas não conseguiria viajar com toda a família -sete adultos, uma criança, dois cachorros e nove gatos- até sexta (8).
Ela decidiu se abrigar na casa das filhas, um pouco mais longe da costa, e onde placas de alumínio já estavam sendo postas nas janelas desde o início da semana.
“Esse é um furacão que a gente está se preparando muito antes. Não é normal as pessoas saírem para comprar água para estocar e encher os tanques dos carros com tantos dias de antecedência”, diz Bacelo, há 20 anos nos EUA.
Para a brasileira -que, em 2005, chegou a ficar 12 dias sem energia após a passagem do furacão Wilma-, o fato de o desastre causado pelo Harvey no Texas e na Louisiana ser tão recente contribuiu para que os moradores da Flórida se agilizassem.
Bacelo está entre os cerca de 260 mil brasileiros na Flórida, Estado com maior concentração do grupo nos EUA, segundo estimativa do Itamaraty. Miami, que está na rota do furacão, reúne grande parte desses moradores e é um dos principais destinos de turistas brasileiros no país.
Claudia Santos, 56, que tem um pequeno negócio em Coral Springs, a 70 km de Miami, já começou a colocar tapumes nas janelas e sacos de areia em frente às portas e fez estoque de comida e água.
Ela não pretende deixar sua casa, como fez em 2016, antes da chegada do furacão Matthew, que acabou desviando. Na época, contudo, o que pesou foi o fato de a filha estar no fim da gestação.
“Faltava 15 dias para ela ter o bebê. Agora estamos aguardando para ver o que as autoridades vão falar”, diz.
Com a lua de mel planejada há cinco meses, o advogado brasileiro Alexandre Berthe, 41, e sua mulher, Erika, 39, não desistiram da viagem. Pousaram em Miami na segunda (4), onde ficariam até embarcarem em um cruzeiro pelo Caribe no dia 16.
“Ontem fomos à praia, mas uma amiga que mora nos EUA disse que a situação era séria, e que era para encher o tanque, comprar água e sair”, conta Berthe.
O casal foi para a casa de amigos em Orlando na madrugada de quarta (6). Rodaram quatro horas em Miami até acharem um posto com gasolina disponível e não havia água nos mercados.
Voos
A American Airlines informou que cancelou os seis voos noturnos desta quinta-feira (7) com destino a Miami. Os voos sairiam de Guarulhos, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Manaus.
A companhia disse que os voos procedentes de Miami para o Brasil estão mantidos até o momento, assim como aqueles partindo para Nova York, Los Angeles e Dallas.
A Gol cancelou dois voos de Guarulhos para Punta Cana (República Dominicana). Até 20h30 desta quarta (6), a Latam não havia cancelado ou reprogramado voos, mas os passageiros afetados em rotas de e para Punta Cana, Havana, Miami e Orlando entre 5 e 11 de setembro “podem alterar a data/voo sem cobrança de multa ou diferenças tarifárias entre hoje (dia 6) e até 15 dias após a data original da viagem.”
Na Azul, passageiros que forem voar para Fort Lauderdale e Orlando de 8 a 10 de setembro também poderão alterar suas reservas sem custo. A Avianca deu a mesma oportunidade para passageiros viajando de e para Miami entre 6 e 10 de setembro. (Folhapress)
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