O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, preso em Brasília, acertou os termos do acordo de delação premiada que vinha negociando há cerca de três meses com a Procuradoria-Geral da República.
Segundo pessoas envolvidas nas tratativas do acordo, as negociações foram finalizadas nesta segunda (21) e a previsão para a assinatura é nesta terça (22).
Depois, o acordo será enviado pelos procuradores ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ser homologado (validado). O teor da delação é mantido em sigilo.
Segundo a reportagem apurou, o foco principal é o grupo político conhecido como “PMDB da Câmara”, do qual faz parte o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso no Paraná. Funaro deverá entregar provas de pagamentos de propina.
Preso na penitenciária da Papuda, o operador foi transferido nesta segunda para a carceragem da Polícia Federal, onde investigados que negociam delação costumam ser levados para prestar depoimento.
Na semana passada, após assistir a uma audiência na Justiça Federal em Brasília, Funaro foi questionado e disse a jornalistas que “ainda tem” o que entregar aos investigadores sobre o presidente Michel Temer, um de seus possíveis alvos na delação.
Funaro é figura central na delação da JBS que atingiu o governo Temer. O presidente foi gravado no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março por Joesley Batista, um dos donos do frigorífico.
No diálogo, segundo a investigação da PGR, Joesley diz a Temer que está pagando propina para manter em silêncio Funaro e Cunha. Temer, então, dá aval aos pagamentos, conforme a investigação.
A expectativa é que essa parte da delação da JBS gere uma segunda denúncia da PGR contra Temer. A primeira, sob acusação de corrupção passiva, foi suspensa pela Câmara dos Deputados no início deste mês.
Funaro é apontado como o operador financeiro do “PMDB da Câmara”, que, segundo diferentes investigações, atuou na Petrobras e na Caixa Econômica Federal, banco que administra o FI-FGTS.
O corretor responde a uma ação na Justiça Federal em Brasília sob acusação de envolvimento em desvios nesse caso.
Além dessa ação, Funaro é alvo da PGR em um inquérito que apura suposta formação de organização criminosa por membros do PMDB da Câmara, o chamado “quadrilhão”. (Folhapress)
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