22 de novembro de 2024
FRAUDE RADIOATIVA

Fraudes do Césio-137: PGE-GO autoriza acordos para devolução de recursos desviados por PMs

Órgão, entretanto, garante que medida não isenta de apuração administrativa e criminal dos responsáveis; 134 pessoas foram investigadas
Polícia civil investigou relação de advogados na fraude que beneficiou militares - Foto: divulgação PC-GO
Polícia civil investigou relação de advogados na fraude que beneficiou militares - Foto: divulgação PC-GO

A Procuradoria-Geral do Estado de Goiás (PGE-GO) publicou esta semana uma resolução que permite a celebração de acordos individuais e parcelamento por parte de policiais militares e bombeiros investigados na Operação Fraude Radioativa, desencadeada pela Polícia Civil de Goiás (PC-GO). Com isso, os envolvidos escapam de processos judiciais para fazer a devolução do que foi desviado. A estimativa da PGE é de desfalque de R$ 20 milhões, no mínimo, com as fraudes.

Pelos acordos, os acusados pela fraude ficam autorizados a fazer a devolução de valores relacionados a isenções indevidas de Imposto de Renda (IR) quando se fizeram passar por vítimas do acidente com o Césio 137, ocorrido em Goiânia em 1987, utilizando laudos médicos falsos obtidos por advogados envolvidos no esquema. Confira a íntegra da resolução ao final.

“A medida visa recuperar recursos públicos desviados, mas não impede a apuração administrativa ou criminal das condutas ilícitas”, divulgou a PGE.

O procurador-geral do Estado, Rafael Arruda, explica que o objetivo da resolução é possibilitar a reparação extrajudicial do dano causado ao erário por aqueles que obtiveram vantagens indevidas. Contudo, ressalta que “a reparação não afasta a adoção das medidas de persecução penal pela PC-GO e pelo Ministério Público, que continuarão a investigar os envolvidos”.

Se adesão não ocorrer em três meses, haverá processo judicial para a devolução, diz PGE

Arruda assegura que os indivíduos que não aderirem ao programa de devolução dentro do prazo de três meses, estabelecido pela resolução, serão processados judicialmente. “A resolução funciona como um edital, estabelecendo regras claras e isonômicas para a devolução voluntária dos valores devidos ao Estado”, explica. Sem isso, o Estado ingressará com ações judiciais para ressarcimento ao erário.

Os interessados em formalizar os acordos poderão parcelar o pagamento dos valores devidos em até 60 vezes mensais. O prazo para adesão ao programa de regularização é de três meses, contados a partir da publicação da resolução.

Para formalizar o acordo, os contribuintes deverão encaminhar um requerimento à Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem Estadual (CCMA) da PGE-GO, responsável pelas negociações, por meio do e-mail resoluçõ[email protected], conforme o modelo disponível no site da PGE-GO.

Operação Fraude Radioativa

A Operação Fraude Radioativa, deflagrada pela PC-GO em 30 de setembro, tem como foco combater fraudes envolvendo isenções de Imposto de Renda solicitadas com base em laudos médicos falsificados, principalmente relacionados ao acidente radioativo com o Césio-137. A operação resultou em três mandados de prisão contra advogados envolvidos, além de 11 mandados de busca e apreensão.

A PGE-GO desempenhou um papel crucial ao identificar irregularidades em processos judiciais que motivaram as investigações da Polícia Civil. Até o momento, o prejuízo estimado com as fraudes ultrapassa R$ 20 milhões, embora se acredite que o valor total possa ser ainda maior.

Suspensão de ações

Em outubro, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), desembargador Carlos Alberto França, acatou um pedido da PGE-GO e determinou a suspensão de 644 ações que buscavam isenção de Imposto de Renda com base em doenças graves, especialmente aquelas relacionadas à contaminação por Césio-137.

A medida foi tomada após a constatação de que os laudos médicos apresentados pelos advogados envolvidos eram falsificados, conforme apurado pela Operação Fraude Radioativa.


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