20 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:57

Fraude em carnes cria risco de perda de mercado para o país, diz ministro

Blairo Maggi, ministro da Agricultura. (Foto: EBC)
Blairo Maggi, ministro da Agricultura. (Foto: EBC)

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), disse à reportagem que a descoberta de irregularidades em produtos animais prejudica a imagem do país no mercado estrangeiro e cria o risco de perda de mercado no exterior.

Para reduzir os danos, ele informou que deve conversar no final de semana com o adido comercial da comunidade europeia e entrará em contato com as embaixadas para apresentar dados e informações.

Segundo ele, a retirada de produtos do mercado irá depender de quando foram diagnosticadas as fraudes, uma vez que os produtos com irregularidades já podem ter sido consumidos no mercado interno.

Pergunta – As revelações prejudicam a imagem do país no mercado internacional?

Blairo Maggi – Certamente e nós trabalhamos muito nos últimos anos. O setores envolvidos conquistaram espaços importantes no mercado internacional. E uma atitude dessa de pouca gente envolvida é muito ruim, não tenho dúvida de que é muito ruim. Esse é um assunto que não é só de polícia. É muito grave para o país, com riscos de imagem e de perder mercado.

Pergunta – Como evitar que o impacto seja maior do que o atual?

Maggi – É a atitude que estamos tomando. A orientação de governo é ser o mais transparente possível. Afastar imediatamente os envolvidos e tentar entender se é um assunto restrito. Eu quero crer que, pelo tempo que a Polícia Federal investiga, de fato seja um assunto restrito. Determinei que o Ministério da Agricultura faça uma sindicância geral nos processos. A minha preocupação agora é estancar isso, saber se está restrito a esse grupo de servidores e tentar recuperar a imagem do país.

Pergunta – Que orientação o presidente Michel Temer deu para o senhor?

Maggi – Eu telefonei ao presidente logo cedo, dando explicações do que estava acontecendo. Ele pediu para eu assumir pessoalmente o assunto, que o deixasse informado. A preocupação dele e a minha é com a imagem do Brasil no mercado internacional e de sermos transparentes com os consumidores internos. Para mostrarmos onde temos problemas e passar a tranquilidade de que isso deve ser um caso isolado, que envolve um determinado grupo de servidores públicos que teria sido responsável pelas fraudes.

Pergunta – Quando o senhor entrará em contato com entidades internacionais?

Maggi – Imediatamente. Na próxima segunda-feira cedo, terei conversas com embaixadas. Pela manhã, fui contatado se poderíamos realizar uma reunião de emergência com o adido comercial da comunidade europeia e eu me coloquei à disposição para fazê-la no momento em que ele achar melhor, no sábado ou no domingo. Eu ainda espero a resposta dele. É o tipo de ação que não podemos vacilar. Temos de ser muito fortes e muito firmes.

Pergunta – O ministério pedirá para retirar os produtos suspeitos do mercado?

Maggi – Sim, vamos. O que acontece, no entanto, é que preciso primeiro entender quando eles constaram as adulterações. Se foi na quinta-feira (16), é claro que as mercadorias ainda estão nos frigoríficos. E, se estão nos frigoríficos, elas já foram suspensas. Eles não podem mais expedir essas mercadorias. Agora, se ocorreram há 30 dias, as mercadorias já foram consumidas. Elas não teriam mais como ser recuperadas. Mas se isso aconteceu há dez dias, certamente vamos encontrá-las, porque saem dos frigoríficos com lotes determinados e com notas fiscais eletrônicas.

Pergunta – Houve falhas dos mecanismos de controle da pasta de não terem diagnosticado as fraudes?

Maggi – Não, não creio. O sistema é robusto e isso só será descoberto no momento em que houver denúncias. O que foi certamente o que aconteceu em determinado momento e a Polícia Federal, que tem como atribuição investigar, o fez. Ano passado, quando assumi a pasta, recebemos uma reclamação por parte dos fiscais de que, em determinados momentos, eles eram substituídos porque estavam atuando em uma determinada empresa. Nós fizemos uma portaria interna e tiramos a competência do superintendente em fazer a remoção. Na suspeita que nós tínhamos, atuamos. (Folhapress)

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