Como de costume também na quarta-feira dia 21 de Dezembro, o Papa Francisco presidiu a habitual audiência geral na Aula Paulo VI, no Vaticano. Cerca de quatro mil pessoas, entre fiéis e peregrinos, provenientes de diversas partes da Itália e do mundo assistiram com júbilo a catequese do Papa, hoje centrada no tema da esperança, um tema, disse o Papa, muito adaptado ao tempo do Advento que estamos a viver neste momento. Hoje, acrescentou Francisco, “quero reflectir, especialmente, sobre o momento no qual, por assim dizer, a esperança entrou no mundo mediante a encarnação do Filho de Deus”.
“Eis que a Virgem concebeu e dará luz um filho, e o chama Emanuel”(Is 7,14) Brotará uma vara do tronco de Jessé, e um rebento brotará das suas raízes (Is, 11,1). Nesses versículos do profeta Isaías, disse o Papa Francisco, transparece o verdadeiro sentido do Natal: Deus cumpre a promessa tornando-se homem; não abandona o seu povo, aproxima-se dele até ao ponto de despojar-se da sua divindade. Deste modo demonstra a sua fidelidade e inaugura um Reino novo que doa uma nova esperança à humanidade. E qual é esta esperança? É, disse o pontífice, a vida eterna.
Com o Natal de Jesus, entrou portanto no mundo, a esperança, a vida eterna. Entretanto, observou Francisco, muitas vezes, quando se fala de esperança, pensa-se logo em algo que não está ao nosso alcance: o que esperamos está para além das nossas forças e do nosso olhar.
“Mas o Natal de Cristo, inaugurando a redenção, fala-nos duma esperança diversa, uma esperança fiável, visível e compreensível, porque fundada em Deus. O Senhor entra no mundo e dá-nos a força de caminhar com Ele para a vida plena, de viver de maneira nova o presente com as suas fadigas. A esperança nunca está parada, a esperança está sempre em caminho e nos faz caminhar”.
Assim, para o cristão, esperar significa a certeza de estar a caminhar com Cristo para o Pai que nos espera. Esta esperança, que o Menino de Belém nos traz, oferece uma meta, um destino feliz ao tempo presente, a salvação à humanidade, a bem-aventurança a quem se entrega a Deus misericordioso. Tal como afirma portanto o Apóstolo S. Paulo, sublinhou o Santo Padre, “na esperança é que fomos todos salvos.
“Isto é, caminhando neste mundo, com esperança, somos salvos. E aqui, cada um de nós pode perguntar-se: eu caminho com esperança ou a minha vida interior está parada, fechada? O meu coração é uma gaveta fechada ou é uma gaveta aberta à esperança que me faz caminhar, não sozinho, mas com Jesus”?
Ora, na sua simplicidade, esta esperança, sublinhou ainda Francisco, é palpável na tradição do Presépio, que como sabemos tem a sua origem em S. Francisco. Cada personagem do presépio está submergida desta atmosfera de esperança. Contemplemos, por exemplo, a figura de Maria que abriu a Deus a porta deste nosso mundo, com o seu «Sim»: o seu coração de jovem crente estava cheio de esperança. Deus escolheu-A e Ela acreditou na sua palavra. Aquela que foi, durante nove meses, a Arca da nova e eterna Aliança, contempla o Menino na gruta, e n’Ele vê o amor de Deus, que vem salvar o povo de Israel e a humanidade inteira.
Ora, no presépio, estão ainda presentes, para além de Maria e José, também os pastores que representam, disse o Santo Padre, os humildes e os pobres que esperam o Messias, “conforto de Israel e redenção de Jerusalém”. Naquela criança eles reconhecem a realização das promessas e esperam que a salvação de Deus chegue finalmente para todos.
“Quem confia nas próprias seguranças, sobretudo materiais, não espera pela salvação de Deus. Coloquemos isso bem claro na mente: as nossas seguranças não nos salvarão; a única segurança que nos salva é aquela da esperança em Deus. Salva-nos porque é forte e nos faz caminhar na vida com alegria, com a vontade de praticar o bem, com a vontade de ser feliz pela eternidade”.
Os pequenos pastores, acrescentou Francisco, confiam, de facto, em Deus, esperam N’Ele e se alegram quando reconhecem no menino Jesus, o sinal indicado pelos anjos que em sinfonia cantaram: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do Seu agrado”. A esperança cristã se exprime por conseguinte, no agradecimento a Deus que inaugurou o seu Reino de amor, de justiça e de paz.
Assim, contemplando o presépio, preparamo-nos para o Natal do Senhor. E será verdadeiramente uma festa, se acolhermos Jesus, semente de esperança que o Pai depõe nos sulcos da nossa história pessoal e comunitária. Cada «sim» a Jesus que vem, é um rebento de esperança. Desejo um Natal cheio de esperança para todos, concluiu dizendo o Santo Padre.
Após ter dirigido um veemente apelo à reconciliação e à paz na República Democrática do Congo, o Papa Francisco dirigiu uma especial saudação aos peregrinos de língua oficial portuguesa presentes na Sala Paulo VI nestes termos:
“Queridos peregrinos de língua portuguesa, desejo um Natal verdadeiramente cristão a todos vós e às vossas famílias, de tal modo que os votos de «Boas Festas», que ides trocar uns com os outros, sejam expressão da alegria que sentis por saber que Deus está no meio de nós. Ele quer percorrer juntamente connosco o caminho da vida! Para todos, os meus votos de Santo Natal e feliz Ano Novo, repleto das bênçãos do Deus Menino”.
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