19 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:36

Foi uma tragédia, um horror, repetia sobrevivente de chacina em enterro

Velório das vítimas da chacina que ocorreu em Campinas, São Paulo. (Foto: Denny Cesare/Codigo19/Folhapress)
Velório das vítimas da chacina que ocorreu em Campinas, São Paulo. (Foto: Denny Cesare/Codigo19/Folhapress)

Um dos sobreviventes da chacina ocorrida na noite de Réveillon, em Campinas (a 93 km de São Paulo), acompanhou de cadeira de rodas e amparado por amigos, nesta segunda-feira (2), o enterro dos 12 corpos das vítimas.

Luiz João Batista, 58, perdeu uma filha, três irmãs, duas sobrinhas e a mãe na tragédia. Ele foi atingido por dois tiros: um de raspão no peito e outro na coxa. Ele foi levado para o Hospital das Clínicas da Unicamp e liberado na noite deste domingo (1º).

Sem querer dar detalhes, Batista resumiu o caso. “Foi uma tragédia, uma tragédia. Foi um horror”, repetia. “Consegui escapar pela cozinha enquanto ele [Sidnei Ramis de Araújo] atirava nas pessoas, em todo o mundo”, afirmou.

A vítima contou que conseguiu correr pela cozinha e pulou o muro da frente da casa, que dá para a rua. Na parede há manchas de sangue dele. Pouco tempo depois, começaram a chegar a polícia e o resgate de ambulâncias.

Batista não quis falar sobre a festa de Ano-Novo. Aos amigos e familiares, ele agradecia a presença de todos, e tentava acalmar as pessoas com palavras de fé e esperança. “Deus vai confortar todo mundo aqui”, disse.

A mãe dele, Luzia Maia Ferreira, 85, foi atingida no rosto. Ela chegou a ser socorrida no hospital da Unicamp, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Ela teria tentado conversar com o atirador, mas ele disparou contra ela.

A irmãs dele, Antonia Dalva Ferreira de Freitas, 62, Abadia das Graças Ferreira, 56, e Ana Luiza Ferreira, 52; e a sua filha, Carolina de Oliveira Batista, 26, morreram no local. Fotos dos corpos na casa mostram um cenário de massacre.

Apesar da tragédia, Batista contou nunca ter relatos de agressividade do atirador. Sidnei Ramis de Araújo, 46, disputava na Justiça a guarda do filho de oito anos com a ex-mulher, Isamara Filier, 41. Matou os dois e depois se suicidou.

Velório

No velório das 12 vítimas da chacina, no Cemitério da Saudade, em Campinas, o clima era de consternação. Poucas pessoas se disponibilizaram a falar com a imprensa, que várias vezes foi retirada por familiares.

Entre os que falaram, estava Sidney Donato, 50, irmão de um dos sobreviventes, Sandro Regis Donato, 44, que está internado no hospital municipal Mário Gatti, após levar um tiro no abdome. Seu quadro clínico é estável, assim como de Admilson Veríssimo de Moura, 45, internado no hospital Celso Pierro.

“Ontem [segunda, 1] conversei com ele [Sandro]. Ele está bem, mas não falamos sobre essa tragédia. Ele não pode se emocionar”, disse. “Sou de Mira Estrela, interior de São Paulo, e vim assim que soube da tragédia”, disse.

Os primeiros corpos enterrados foram do casal Abadia e Paulo de Almeida, 61. Um dos filhos do casal estava no velório. Extremamente emocionado, não conseguiu falar. Disse apenas que deveria se despedir dos pais.

Os enterros começaram às 9h30 e terminaram por volta das 11h30, com o sepultamento dos corpos da ex-mulher do atirador, do filho dele, João Victor Filier de Araújo, 8, e de um tio, Rafael Filier, 33.

A Prefeitura de Campinas decretou luto oficial por três dias na cidade, a partir desta segunda. Em nota, o prefeito Jonas Donizette (PSB) falou do pesar e se solidarizou com os familiares e amigos das vítimas da chacina.

Folhapress

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