WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O FMI (Fundo Monetário Internacional) vê sinais de “forte recuperação” dos níveis de confiança na economia brasileira, mas alerta que a retomada do crescimento prevista para o próximo ano estará sob ameaça caso as reformas estruturais necessárias não avancem.
No lançamento do relatório Panorama Econômico Global nesta terça (4), o Fundo ressaltou os indícios de que a recessão no Brasil está perto do fim. Também deixou claro que os riscos mantem o cenário indefinido. O relatório prevê que o Brasil terá contração de 3,3% neste ano e voltará ao terreno positivo em 2017, com crescimento de 0,5%.
“Pode-se olhar a metade cheia ou vazia do copo. Por um lado, é positivo que a confiança finalmente esteja retornando e que haja sinais de que a recessão está no fim. A recuperação nos preços de ativos tem sido bastante favorável”, disse Oya Celasun, chefe do divisão de estudos econômicos mundias do FMI.
“Ao mesmo tempo, a perspectiva a médio prazo ainda é de crescimento relativamente lento, o que nos lembra da necessidade de continuar avançando a agenda de adaptação a essa nova realidade de preços mais baixos das commodities, com a adoção de políticas na direção certa e na agenda de reformas estruturais.”
As principais recomendações do FMI no relatório se alinham com as políticas propostas pelo governo de Michel Temer, como reformas estruturais e a redução dos entraves ao investimento e infraestrutura.
“Há muito espaço para a recuperação do crescimento. Claramente, se a agenda de reformas progredir de forma suave, até mais rapidamente do que supomos, isso pode produzir crescimento. Ao mesmo tempo, se essas reformas travarem ou se diluírem, então poderá haver um enfraquecimento da confiança e dos preços de ativos que poderá causar danos nos balanços tanto do setor privado como do público e atingir o crescimento. Isso prolongaria o ambiente de crescimento muito baixo, se não de recessão, no Brasil”, disse Celasun.
Segundo ela, os primeiros passos do governo Temer indicam que a política econômica está na direção certa, com reflexos na recuperação da confiança nos últimos meses. “Esse é um sinal bem-vindo, mas há algumas ajustes pela frente. O que sustenta essa melhora é que há progresso nas reformas propostas pelo governo, de que avancem no Congresso num período de tempo razoável. A perspectiva é de uma melhora bastante gradual no ritmo de crescimento, para cerca de 2% ou 2,5% a médio prazo, depois da forte recessão”, disse Celasun.
Se a recuperação avançar, o fundo prevê que em 2021 a expansão do PIB do Brasil chegue a 2%.
Leia mais sobre: Economia